Índice
- 1 A nova geração de insulinas: quais são as opções?
- 2 O que a Faster Aspart traz de inovação e vantagens em relação às insulinas tradicionais?
- 3 O que a Afrezza traz de inovação e vantagens em relação às insulinas tradicionais?
- 4 Degludeca e Glargina: o que traz de inovação e vantagens em relação às insulinas tradicionais?
- 5 O combo Insulina e análogo de GLP1
- 6 Sugestão de conteúdo
- 7 Referências
Tudo que você precisa saber sobre o uso da nova geração de insulinas no tratamento do diabetes!
A descoberta da insulina, feita por Fredrick G. Banting, em 1921, é um dos feitos mais relevantes da medicina em todos os tempos. Inicialmente, a insulina era extraída de animais (porco e boi), mas no último século houve vários aperfeiçoamentos e atualmente é produzida a partir de tecnologia de DNA recombinante.
Além disso, nos últimos anos vem despontando uma nova geração de insulinas capazes de controlar a glicemia com maior segurança, eficácia e comodidade. É fundamental conhecê-las já que estamos falando do tratamento para o Diabetes Mellitus (DM), uma doença que atinge até 1 em cada 15 brasileiros.
Por maior que haja receio deste tratamento, a insulinoterapia é uma opção para qualquer fase da doença, sendo a única opção nos pacientes com insulinopenia ou naqueles internados por complicações agudas do DM ou clínicas.
A nova geração de insulinas: quais são as opções?
- Ultra Rapida: Faster Aspart (Fiasp®)
- Inalatória: Tecnosfera – Afrezza®
- Insulinas que têm duração de mais de 24 horas: Degludeca e Glargina U300
O que a Faster Aspart traz de inovação e vantagens em relação às insulinas tradicionais?
A Faster Aspart é a evolução da “antiga” insulina asparte, a partir da adição de nicotinamida (vitamina B3), absorção, início da ação e pico de ação 3 vezes mais rápida que as “ultrarrápidas comuns”.
Inicia sua ação em até 3 minutos, ao invés de 9 minutos como as outras ultrarrápidas. Por isso, ela vem sendo chamada de “Asparte de ação mais rápida”.
Essa “velocidade” torna a insulina mais eficiente, uma vez que mostra-se superior para realizar o controle da hiperglicemia pós-prandial mostrou-se superior, mesmo administrada após a refeição.
Como fazer a transição em pacientes que estão utilizando outra insulina ?
Caso você deseje mudar o tratamento do seu paciente que está recebendo insulina rápida (regular) ou ultrarrápida (lispro, asparte ou glulisina) para a Faster Aspart, pode-se manter a dose.
A principal recomendação é que se estiver utilizando insulina regular, não precisará mais aplicar 30 minutos após a refeição, devendo ser aplicada imediatamente antes das refeições ou até 20 min após seu início.
O que a Afrezza traz de inovação e vantagens em relação às insulinas tradicionais?
Recentemente, foi desenvolvida a insulina Regular em pó seco para inalação oral, batizada de Afrezza® e aprovada pela Anvisa em 2019.
O início de ação de até 5 minutos, com pico plasmático em 15 minutos e chega a durar de 2 a 3 horas.
É vendida em blisters de cores diferentes nas doses de 4 U (azul), 8 U (verde) e 12 U (amarelo), e seu uso possibilita a redução no número de picadas de agulha. O que representa um enorme ganho na qualidade de vida do paciente.
Além disso, demonstrou menor incidência de hipoglicemia, menor ganho de peso, redução de HbA1c semelhante comparada a insulina asparte, mas com maior incidência de tosse.
A Afrezza® é uma das poucas alternativas para aqueles pacientes com a rara síndrome da resistência à insulina subcutânea.
Um adendo importante: não é a primeira vez que é desenvolvido uma insulina inalatória. Entre 2006 e 2008 era comercialmente disponível a Exubera, mas causou muito sintomas pulmonares nos pacientes que a usaram, portanto é preciso ficarmos atentos aos efeitos à longo prazo.
Como fazer a transição em pacientes que estão utilizando outra insulina ?
Caso você deseje mudar o tratamento do seu paciente para esta insulina, é importante fazer o seguinte cálculo:
4U insulina inalada→ 2,5 U insulina análoga rápida, ou seja, se o paciente utiliza 5 Ui de insulina subcutânea, precisará aspirar 8 UI de insulina inalatória.
Um outro cálculo que precisará ser feito é o da conta bancária… O preço de 100 UI da insulina é mais de R$1.500, assim, para o paciente usar 8 ui antes de cada refeição terá que desembolsar mais de R$ 1.000,00.
Além do custo, os problemas pulmonares são outro limitante, sendo contraindicada em pacientes com asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e fibrose pulmonar, além de fumantes. O uso requer teste de função pulmonar inicial, com testes repetidos após seis meses de uso e anualmente a partir de então.
Degludeca e Glargina: o que traz de inovação e vantagens em relação às insulinas tradicionais?
A insulina Degludeca difere da insulina humana pela retirada da treonina da posição 30 da cadeia beta e adicionado na posição 29 um ácido glutâmico ligado a um ácido graxo.
Na formulação, o fenol estabiliza os dihexâmeros, mas no subcutâneo o fenol difunde e formam-se polihexâmeros que se ligam ao zinco, conferindo a propriedade de liberação gradual.
Tem início de ação entre 20 e 40 minutos, não tem pico e confere uma longa duração de ação (chega a mais de 42 horas) e reduz a variabilidade na concentração plasmática e permite com que não seja necessário aplicá-la sempre no mesmo horário do dia.
Já Glargina U300 é uma formulação mais concentrada de insulina Glargina contém 300 UI/mL em vez de 100 UI/mL. Essa mudança torna sua ação ainda mais plana e prolongada do que a insulina Glargina U100, durando até 36 horas.
Ambas já demonstraram melhor controle glicêmico e menor risco de hipoglicemia em relação às insulinas das gerações anteriores.
Como fazer a transição em pacientes que estão utilizando outra insulina ?
Caso você deseje mudar o tratamento para esta insulina quando o paciente está descompensado, pode trocar sem ajustes. Mas caso paciente com HbA1c na meta, ou próximo a ela, o ideal é reduzir 20 % na conversão.
Como duram mais de 24 horas, essas insulinas são aplicadas uma vez ao dia, e para atingir uma concentração sérica estável são necessários de 3 a 5 dias. Isso é importante na prática, pois não se deve ajustar as doses dessa insulina antes de 3 dias da última mudança.

O combo Insulina e análogo de GLP1
Xultophy: Insulina degludeca 100 U/mL + liraglutida 3,6 mg/mL e Soliqua: insulina glargina 100 UI/mL + lixisenatida 50-33 mcg/mL
O que traz de inovação e vantagens em relação às insulinas tradicionais?
Tanto o combo Xultophy como o Soliqua podem ser utilizados para o DM2, ele tem várias vantagens. As duas medicações estarem sendo administradas em uma mesma caneta aplicadora, o que facilita bastante a posologia.
A forma de “combo de insulina” permite reduzir os dois principais fatores de má aderência à insulinoterapia, que seriam o ganho de peso.
Os resultados nestes dois quesitos são animadores- pois podem levar a redução de quase 90% nos episódios de hipoglicemia. E enquanto os pacientes que fazem o tratamento tradicional ganharam, em média, 2,6 Kg, os que usaram a nova medicação perdem peso – quase 1 kg em média!
Como fazer a transição em pacientes que estão utilizando outra insulina ?
Caso você deseje mudar o tratamento do seu paciente para esta combinação do Xultophy é simples: a dose inicial é de 16 UI, sendo ajustado da seguinte forma:
- Acima do alvo: +2 unidades
- Dentro da meta: nenhuma alteração
- Abaixo do alvo: -2 unidades
Já para trocar o tratamento para o Soliqua a recomendação é a seguinte:
- Prescrever 15 unidades: se inadequadamente controlado com <30 unidades de insulina basal ou lixisenatida; ou
- Prescrever 30 unidades: se controlado inadequadamente com 30-60 unidades de insulina basal.
Sugestão de conteúdo
- Uso da tecnologia no tratamento do Diabetes Mellitus
- Diagnóstico de nódulo de tireoide: quando suspeitar de câncer?
Veja também:
Referências
1. Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Diretrizes Da Sociedade Brasileira De Diabetes 2019-2020. Medicamentos no tratamento do diabetes mellitus . Editora CLANNAD. SSN 1389-4501. Disponível em: < http://dx.doi.org/ >.
2. Gentile S, Guarino G, Giancaterini A, Guida P, Strollo F, AMD-OSDI Italian Injection Technique Study Group. A suitable palpation technique allows to identify skin lipohypertrophic lesions in insulin-treated people with diabetes. Springerplus. 2016; 5: 563.
3. Clores L. Giving an Insulin Injection. Nursing File. [Internet; 2016. [Acesso em out. 2019. Disponível em: http://nursingfile.com/nursing-procedures/giving-an-insulin-injection.htmL.
4. Davis EM, Sexson EL, Spangler ML, Foral PA. An evaluation of prefilled insulin pens: a focus on the Next Generation FlexPen®. Med Devices (Auckl). 2010; 3: 41-50.
5. McAdams BH, Rizvi AA. An Overview of Insulin Pumps and Glucose Sensors for the Generalist. J Clin Med. 2016; 5(1): 5.
6. Pozzilli P, Battelino T, Danne T, Hovorka R, Jarosz-Chobot P, Renard E. Continuous subcutaneous insulin infusion in diabetes: patient populations, safety, efficacy, and pharmacoeconomics. Diabetes Metab Res Rev. 2016; 32(1): 21-39.
7. Montini. Seringas para insulina: cuidados na aplicação. Almanaque de Metrologia – IPEM. [Internet; 2010. [Acesso em 10/09/2020. Disponível em: https://ipemsp.wordpress.com/2010/06/08/seringas-para-insulina-cuidados-na-aplicacao/.
8. Associação Nacional de Atenção ao Diabetes. [Internet; 2010. [Acesso em 10/09/2020. Disponível em: www.anad.org.br.
9. AboutFarma. [Internet; 2010. [Acesso em 10/09/2020. Disponível em: www.aboutfarma.com.br.
10. American Diabetes Association. ADA Standards of Medical Care in Diabetes Care. 2020; 42(supl. 1): s1-187
11. .Zanini AC, Oga S, Batistuzzo JAO. Farmacologia Aplicada. 6. ed. Rio de Janeiro: Editora Atheneu; 2018.12. The effect of intensive treatment of diabetes on the development and progression of long-term complications in insulin-dependent diabetes mellitus. The Diabetes Control and Complications Trial Research Group. N Engl J Med, v. 329, n. 14, p. 977-86, Sep 30 1993. ISSN 0028-4793 (Print)0028-4793. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1056/nejm199309303291401 >.