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Vacina contra o sarampo: como funciona, público-alvo e a importância

Vacina contra o sarampo: como funciona, público-alvo e a importância

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Tudo o que você precisa saber sobre a vacina contra o sarampo e sobre a doença você encontra neste post.

Você está por dentro das atualizações da campanha de vacinação contra o Sarampo? No começo de abril, o Ministério da Saúde iniciou a primeira etapa da Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza e Sarampo. Nessa primeira fase, o foco da campanha eram os idosos com mais de 60 anos e os profissionais de saúde.

No dia 2 de maio, foi aberta a 2ª etapa do ciclo vacinal, incluindo os seguintes grupos:

  • Gestantes e puérperas;
  • Povos indígenas;
  • Crianças com idade entre 6 meses e inferior a 5 anos de idade;
  • Pessoas com comorbidades;
  • Professores
  • Trabalhadores portuários.

A ambição do Ministério da Saúde é atingir 90% de imunização.

Como surgiu a vacina contra o sarampo?

O portal da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) reuniu informações sobre o contexto histórico e objetivo das vacinas tríplice viral e da tetravalente viral. Confira:

  • Tríplice viral

A produção desta vacina, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, é fruto de um acordo de transferência tecnológica entre Biomanguinhos e a empresa GlaxoSmithKline, que aconteceu em outubro de 2003. O imunizante ficou um bom tempo sendo o único presente no calendário básico de vacinação do Ministério da Saúde.

  • Tetravalente viral

Em 2013, a vacina tetravalente viral começou a fazer parte do calendário básico de imunização. Além de imunizar contra sarampo, caxumba e rubéola, ela também imuniza contra a catapora (varicela).

Como funciona a vacina contra o sarampo?

A vacina contém vírus vivos “enfraquecidos” do sarampo, da rubéola e da caxumba. Além disso, ela contém aminoácidos, albumina humana, sulfato de neomicina, sorbitol e gelatina.

Em sua fabricação, o imunizante também contém traços de proteína do ovo de galinha e pode ter traços de lactoalbumina (proteína do leite de vaca).

Quais são as indicações para vacinação?

Atualmente, a indicação da vacina contra o sarampo é a seguinte:

Crianças

  • 1° dose: crianças que completarem 12 meses (1 ano)
  • 2° dose: aos 15 meses de idade, última dose por toda a vida.

Em situação epidemiológica de risco para o sarampo ou a rubéola, a vacinação de crianças entre 6 a 11 meses de idade pode ser temporariamente indicada. Nesse caso deve-se administrar a dose zero da vacina tríplice viral e, seguida, deve ser mantido o esquema vacinal recomendado no Calendário Nacional de Vacinação.Quem não tomou nenhuma dose ou perdeu o cartão de vacinação

Pessoas que não tomaram nenhuma dose ou perderam o cartão de vacinação

  • De 1 a 29 anos: são necessárias 2 (duas) doses;
  • De 30 a 59 anos: apenas 1 (uma) dose.

Pessoas que só tomaram uma dose da vacina

Entre 1 e 29 anos de idade, a pessoa deve completar o esquema vacinal tomando a 2ª dose da vacina.

Trabalhadores da saúde

Independentemente da idade, essas pessoas devem receber duas doses da vacina, conforme situação vacinal encontrada. É preciso observar o intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.

Vamos conhecer mais sobre o Sarampo?

O que é o Sarampo?

O sarampo é uma doença infectocontagiosa que apresenta gravidade variável, podendo atingir diferentes grupos demográficos.

Causada pelo vírus Morbillivirus da família Paramyxoviridae (que também inclui a cinomose), o sarampo possui ampla distribuição global.

Ela faz parte da Lista Nacional das Doenças e Agravos de Notificação Compulsória e pode ser fatal, principalmente quando atinge crianças na fase inicial da vida.

Contextualização do Sarampo no Brasil

Desde 1968, o sarampo é considerado uma doença de notificação compulsória no país. Em outras palavras, sua suspeita ou infecção deve ser comunicada às autoridades de saúde, obrigatoriamente.

A doença já se comportou de forma endêmica no país, já tendo sido uma das principais causas de mortalidade em crianças de até 1 ano.

Em 1992, foi estabelecido o Plano Nacional de Eliminação do Sarampo, visando a eliminação da doença em território nacional.

Prova da eficácia do Plano é a redução de 94,5% nos 5 anos que sucederam sua implementação. Em 2000, a endemia do sarampo foi interrompida, existindo casos de surtos isolados, ligados à fatores externos ao Brasil.

Últimos dados sobre a doença no Brasil

Em 2016 e 2017 não foram registrados casos de infecção pela doença, o que fez com que o Brasil ganhasse a certificação de que estava livre do vírus.

A situação, por outro lado, mudou em 2018, com o surgimento de +10 mil casos.

De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, o Brasil registrou, 2.306 casos suspeitos de sarampo em 2021. Dentre eles, 668 foram confirmados

Os casos estão distribuídos em 6 estados brasileiros, concentrados em 3 regiões do país:

  • Norte – Pará e Amapá;
  • Nordeste – Alagoas e Ceará;
  • Sudeste – Rio de Janeiro e São Paulo.

78,9% desses casos estão nos municípios amapaenses que, juntos, reuniram 527 registros de sarampo.

Sarampo: como ocorre a transmissão e quais são os sintomas?

O sarampo é transmitido de forma direta, por meio de secreções da nasofaringe que são expelidas ao falar, tossir e espirrar. No período prodrômico, é altamente contagiosa e possui período de incubação indicado de 11 dias.

O sarampo é dividido em três fases:

  • Período prodrômico – Dura, em média, 6 dias e compreende a fase inicial da doença. Aqui, os sintomas mais comuns são febre, coriza, tosse produtiva e lesões de mucosa e boca;
  • Período de estado – Os sintomas previamente descritos apresentam gradativo crescimento, com o surgimento de manchas sobrelevadas e de cor avermelhada (exantemas);
  • Período de convalescença – Caracteriza-se pelo escurecimento e consequente descamação das manchas.

Importância da vacinação contra o sarampo

Como o tratamento do sarampo existente serve apenas como suporte, e não antiviral, a imunização via vacina é a única maneira de se proteger da doença.

Cada Secretaria Municipal de Saúde do Brasil possui o dever, segundo as diretrizes do MS, de contribuir para o alcance da cobertura vacinal do público-alvo da vacinação.

Isso se dá através da elaboração de estratégias de descentralização da vacinação, de campanhas de conscientização e alertas à população sobre a importância de tal ato.

Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado diversas barreiras na imunização da população por meio da vacina.

Opinião do especialista

Em entrevista para O Globo, Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, levantou a hipótese de que esse problema acontece por conta do sucesso histórico do Plano de Vacinação Nacional.

Segundo ele, a percepção do risco do sarampo diminui a medida que as novas gerações não vivenciaram a doença de forma latente, o que reduz o empenho em se vacinar.

Para saber mais sobre todas essas informações do sarampo, assista o seguinte vídeo:

Sugestão de leitura complementar

Fontes: Ministério da Saúde, Fiocruz, material de estudos da Equipe de Virologia ICBS/UFRGS e o artigo Informe Epidemiológico do Sus