Índice
- 1 Fisiopatologia da vulvovaginites
- 2 Vaginose Bacteriana
- 3 Diagnóstico da Vulvovaginites
- 4 Tratamento da Vulvovaginites
- 5 Tricomoníase
- 6 Diagnóstico da Tricomaníase
- 7 Tratamento da Tricomaníase
- 8 Recomendações durante o tratamento da tricomaníase
- 9 Candidíase Vulvovaginal
- 10 Fatores de risco da candidíase
- 11 Diagnóstico da candidíase
- 12 Tratamento da candidíase
- 13 Vulvovaginites e suas características
- 14 Confira o vídeo:

Vulvovaginites e vaginoses são as causas mais comuns de corrimento vaginal patológico e acometem o epitélio estratificado da vulva e/ou vagina. Os agentes etiológicos mais frequentes são fungos, bactérias anaeróbicas em número aumentado, tricomonas (protozoário) e até mesmo um aumento exacerbado dos lactobacilos. As principais queixas são:
- Fluxo vaginal aumentado (leucorreia);
- Prurido;
- Cheiro desagradável;
- Desconforto intenso.
O diagnóstico pode ser feito através da anamnese, exame pélvico e exame macroscópico do fluxo vaginal e o tratamento varia de acordo com o possível agente etiológico, como detalharemos mais adiante.
Fisiopatologia da vulvovaginites
A secreção vaginal fisiológica é variável de mulher para mulher e pode sofrer interferência de fatores hormonais, orgânicos ou psíquicos. Essa secreção tem as seguintes características, fundamentais para diferenciar entre a secreção fisiológica ou patológica:
- Secreção sebácea, esfoliação vaginal e cervical, secreção das glândulas de Bartholin e Skene;
- Aspecto pode variar conforme a fase do ciclo menstrual;
- pH normal abaixo de 4,5;
- Microscopia normal: menos de 1 leucócito por campo e algumas clue cells;
- Fluxo é branco e fluido.
Na microbiota vaginal normal há predominância de lactobacilos com algumas bactérias, já nas vulvovaginites o número de lactobacilos é pequeno ou inexistente e o número de leucócitos e bactérias aumenta.
Cerca de 10% das pacientes podem apresentar mucorreia, que é quando a secreção vaginal está acima do normal. O exame especular pode mostrar ausência de inflamação e áreas de epitélio endocervical secretando muco claro e límpido.
Para esses casos, a conduta é orientar a paciente que as secreções são normais e fazem parte da fisiologia e podem sofrer variações de acordo com alterações hormonais e da idade.
Vaginose Bacteriana
A vaginose bacteriana é uma síndrome clínica caracterizada por ausência de lactobacilos, crescimento excessivo de anaeróbios facultativos e proliferação de microbiota mista composta por:
- Peptostreptococcus;
- Prevotella sp;
- Bacterioides;
- Mobiluncus;
- Gardnerella vaginallis;
- Mycoplasma hominis (alguns casos).
É responsável por 40% dos casos de vulvovaginites em mulheres em idade reprodutiva e cerca de 70% são assintomáticas. A presença de vaginose bacteriana é fator de risco para salpingites, peritonites, infecções após procedimentos cirúrgicos ginecológicos e endometrites pós-parto ou cesariana. Está associada a multiplicidade de parceiros e pode facilitar a aquisição de DST, embora não seja uma DST.
Diagnóstico da Vulvovaginites
A vulvovaginites pode ser diagnosticada com pelo menos 3 critérios de Amsel:
- pH vaginal > 4,5;
- Leucorreia: cremosa, homogênea, cinzenta e aderida às paredes vaginais e colo;
- Teste das aminas/Whiff-test: adicionar 1 a 2 gotas de hidróxido de potássio (KOH) a 10% na secreção vaginal e depositar em uma lâmina. Surgimento de odor desagradável (peixe em putrefação) é característico à TESTE POSITIVO;
- Exame a fresco (microscopia): presença de clue cells (células epiteliais vaginais cobertas de gardnerella vaginalis).
OBS: o diagnóstico também pode ser feito através do método de gram da secreção vaginal e do citopatológico (clue cells)
Tratamento da Vulvovaginites
O tratamento deve ser feito para as sintomáticas e as assintomáticas só devem ser tratadas as que forem realizar procedimentos ginecológicos.
- Metronidazol (cp 250 mg ou 400 mg) 400-500 mg 12/12 h 7 dias;
- Metronidazol gel 0,75% 1 aplicador (5 g) à noite 5-7 dias;
- Clindamicina creme 2% 1 aplicador (5 g) à noite 5-7 dias.
OBS: regimes de dose única não são recomendados já que tem eficácia reduzida a não ser que haja risco de descontinuação do tratamento, nesses casos, optar por metronidazol ou secnidazol 2 g, VO.
Tricomoníase
A tricomoníase é uma DST causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis com período de incubação entre 4 e 28 dias. Possui alto poder infectante e pode ser identificada em 30 a 40% dos parceiros masculinos de pacientes infectadas, embora a infecção nos homens seja autolimitada e transitória.
Diagnóstico da Tricomaníase
Sintomatologia:
- Secreção vaginal abundante e bolhosa, de coloração amarelo-esverdeada;
- Prurido vulvar intenso;
- Hiperemia e edema de vulva e vagina;
- Exame clínico: colo em aspecto de morango.
Raramente a cultura de tricomonas é indicada. O teste mais utilizado é o exame a fresco, com gota do conteúdo vaginal e soro fisiológico, observando o parasita no microscópio.
Tratamento da Tricomaníase
- Metronidazol 2 g, VO, em dose única (1ª escolha)
- Tinidazol 2g, VO, em dose única
- OBS: Tratamento tópico pode ter falha de até 50%, não sendo recomendado.
Recomendações durante o tratamento da tricomaníase
- Abstinência sexual;
- Bebidas alcoólicas deve ser evitada durante 24 horas nos regimes em dose única com metronidazol;
- O(s) parceiro(s) deve(m) ser tratado(s), recebendo o mesmo esquema terapêutico, já que a tricomoníase é uma DST.
Candidíase Vulvovaginal
A candidíase vulvovaginal raramente ocorre antes da menarca e tem seu pico próximo aos 20 anos de idade. As manifestações variam desde uma colonização assintomática até sintomas muito severos.
Cerca de 75% das mulheres irão apresentar pelo menos um episódio de candidíase vulvovaginal. Embora seja frequentemente diagnosticada em pacientes imunossuprimidas e portadoras de DST, a candidíase vulvovaginal não deve ser considerada uma DST.
O principal agente etiológico é a Candida albicans, que corresponde a cerca de 90% dos casos e pode ser encontrada na microbiota normal sem causar sintomas. Alguns fatores de risco podem levar ao desequilíbrio desencadeando o quadro.
Fatores de risco da candidíase
- Gestação;
- Diabetes;
- Contato oral-genital;
- Uso de estrogênios em altas doses;
- Anticoncepcionais orais;
- Antibióticos;
- Espermicidas;
- DIU.
Diagnóstico da candidíase
Sintomatologia:
- Prurido intenso;
- Edema de vulva e/ou vagina;
- Secreção esbranquiçada e grumosa;
- Disúria terminal;
Para o diagnóstico deve-se levar em consideração sintomatologia, exame físico e fatores de risco da paciente. A confirmação pode ser feita através do exame microscópico a fresco ou a coloração de Gram demonstrando a presença de hifas e pseudo-hifas.
Tratamento da candidíase
- Fluconazol 150 mg, VO dose única ou
- Itraconazol 200 mg, VO 12/12h, 1 dia, ou
- Cetoconazol 200mg, VO 12/12h, 5 dias.
OBS: o tratamento do parceiro deve ser feito somente nos sintomáticos (balanite: áreas eritematosas na glande associadas a prurido).
Vulvovaginites e suas características
Confira o vídeo:
REFERÊNCIAS
- PASSOS, E. P. et al. Rotinas em ginecologia. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
- SCHORGE & Col – Ginecologia de Williams. Ed.AMGH LTDA, 1ª edição, 2011.
- Comissões Nacionais Especializadas de Ginecologia e Obstetrícia. Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia –Manual de Orientação: Trato Genital Inferior, Rio de Janeiro, 2010
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