Carreira em Medicina

Distúrbios respiratórios: acidose e alcalose respiratória

Distúrbios respiratórios: acidose e alcalose respiratória

Compartilhar
Imagem de perfil de Prática Médica

Acidose e alcalose respiratória: tudo o que você precisa saber sobre distúrbios respiratórios para sua prática clínica!

A acidose e a alcalose respiratórias são distúrbios respiratórios que afetam o equilíbrio ácido-base do corpo, resultando em uma mudança no pH do sangue.

Em um estudo realizado em uma unidade de terapia intensiva em Taiwan, a acidose respiratória foi diagnosticada em cerca de 22% dos pacientes internados. Já a alcalose respiratória foi diagnosticada em cerca de 6% dos pacientes. Outro estudo realizado em pacientes com DPOC revelou que a acidose respiratória estava presente em cerca de 23% dos pacientes e a alcalose respiratória em cerca de 4% dos pacientes.

O que acontece na acidose respiratória?

Na acidose respiratória, existe uma dificuldade de ventilação do paciente, isso leva a uma hipoventilação e, consequentemente, retenção do CO2 (pH <7,35 e pCO2 >45).

A resposta compensatória neste caso é renal (retém HCO3 ou excreta mais ácido), com posterior elevação do HCO3 na gasometria. Nos distúrbios respiratórios, avaliamos se o distúrbio é crônico ou agudo através da resposta compensatória. Nos distúrbios crônicos, observamos maior elevação de HCO3.

Dessa forma, usamos as seguintes correlações: um acréscimo de 1 mEq/L no HCO3 para cada elevação de 10mmHg do pCO2 acima de 40 mmHg, nos casos agudos e um acréscimo de 4 mEq/L no HCO3 para cada elevação de 10mmHg do pCO2 acima de 40 mmHg, nos casos crônicos.

Quais as causas de acidose respiratória?

As principais causas de acidose respiratória podem ser:

  • Hipoventilação pulmonar
    • Distúrbios do SNC (AVC/tumor/hipertensão intracraniana)
    • Intoxicação por Benzodiazepínicos ou opióides
    • Síndrome Guillain Barre
    • Crise miastenia
    • Miopatias inflamatórias
    • Deformidades da parede torácica
    • Fadiga respiratória
    • Obesidade mórbida
    • Apneia obstrutiva do sono
  • Obstruções: corpo estranho, edema de glote, laringoespasmo, lesões do SNC
  • Distúrbios obstrutivos
    • Doença pulmonar obstrutiva crônica
    • Asma
  • Síndrome de Pickwick: ocorre quando a obesidade exerce uma pressão excessiva no sistema respiratório, causando dificuldades respiratórias, baixos níveis de oxigênio e altos níveis de dióxido de carbono no sangue

Como diferenciar se agudo, crônico ou crônico agudizado?

A acidose respiratória pode ser classificada como aguda, crônica ou crônica agudizada, dependendo da duração e gravidade dos sintomas.

A acidose respiratória aguda ocorre quando há uma redução repentina no pH do sangue devido à retenção aguda de dióxido de carbono nos pulmões. Isso pode ser causado por condições como:

  • Insuficiência respiratória
  • Pneumonia
  • Aspiração de corpo estranho

A acidose respiratória aguda é uma emergência médica que requer tratamento imediato. Já a acidose respiratória crônica ocorre quando há uma acumulação crônica de dióxido de carbono nos pulmões, geralmente como resultado de uma doença pulmonar crônica, como na doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

Tratamento da acidose respiratória

O tratamento da acidose respiratória depende da causa subjacente e da gravidade dos sintomas. Em casos leves, o tratamento pode envolver a correção da causa subjacente, como a administração de oxigênio em pacientes com insuficiência respiratória aguda ou a administração de broncodilatadores em pacientes com DPOC.

Em casos mais graves, o tratamento pode envolver a ventilação mecânica, que é o uso de um aparelho respiratório para ajudar o paciente a respirar. Esse tipo de tratamento pode ser necessário em pacientes com insuficiência respiratória grave ou em pacientes com DPOC que não respondem a outros tratamentos.

Além disso, o tratamento da acidose respiratória pode envolver a administração de bicarbonato de sódio, que ajuda a corrigir o pH do sangue.

Alcalose respiratória

Na alcalose respiratória, o paciente está hiperventilando e, consequentemente, “lavando” o CO2, isto é, expulsando o CO2.

A pCO2 encontra-se < 35 e pH > 7,45.

A resposta neste caso é renal com excreção de HCO3. Da mesma forma da acidose respiratória, aqui também avaliamos se o distúrbio é agudo ou crônico.

Neste caso, as relações que usamos são: um decréscimo de 2 mEq/L no HCO3 para cada redução de 10mmHg do pCO2 abaixo de 40 mmHg, nos casos agudos e um decréscimo de 5 mEq/L no HCO3 para cada redução de 10mmHg no pCO2 abaixo de 40 mmHg, nos casos crônicos.

Quais as principais causas da alcalose respiratória?

As principais causas de alcalose respiratória são:

  • Dor
  • Febre
  • Ansiedade
  • Patologias cardiopulmonares
  • Anemia
  • Infecções

Tratamento da alcalose respiratória

Em casos leves, o tratamento pode envolver medidas para reduzir a hiperventilação e aumentar a concentração de CO2 no sangue. Isso pode ser feito através da respiração em um saco de papel ou o uso de técnicas de respiração controlada.

Nos casos mais graves ou em pacientes com doenças pulmonares subjacentes, o tratamento pode incluir o uso de medicamentos para ajudar a controlar a respiração. Podem ser usados:

  • Sedativos
  • Ansiolíticos
  • Opioides
  • Correção da doença pulmonar subjacente, como broncodilatadores para pacientes com DPOC.

Aprenda a manejar pacientes com distúrbios respiratórios na emergência

Mas se você objetiva não só potencializar seu conhecimento em emergências respiratórias, mas busca uma abordagem mais completa para qualquer plantão, conheça a Pós-graduação em Medicina de Emergência da Sanar!

Nossa pós é para aqueles que desejam ir além das emergências respiratórias, abrangendo todo conteúdo primordial para uma melhor conduta nos seus plantões!

Referências bibliográficas

  • Carlotti APCP. Abordagem clínica dos distúrbios do equilíbrio ácido-base. Medicina (Ribeirão Preto) 2012.
  • Évora PRB, Garcia LV. Equilíbrio ácido-base. Medicina (Ribeirão Preto) 2008; 41 (3): 301-11
  • Furoni, R. et al. Disturbios do equilíbrio ácido-básico. Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba, v. 12, n. 1, p. 5 – 12, 2010
  • Maricondi, Wagner. Interpretação dos gases sanguíneos arterial. Maricondi. 2017
  • SHELLY, P.; MELINDA, D.H.; FERRI, M. Arterial puncture for blood gas analysis. The New England Journal of Medicine, v. 364,n. 5, p. e7 , Fev 2011.
  • Moura CG, Oliveira C, Souza M. Yellowbook: Fluxos e condutas de medicina interna. Salvador: SANAR, 2017.

Sugestão de leitura complementar