Dermatologia

Minoxidil oral e finasterida tópica: o que há de novo no tratamento da alopecia androgenética?

Minoxidil oral e finasterida tópica: o que há de novo no tratamento da alopecia androgenética?

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Imagem de perfil de Gabriela Noronha

A alopecia androgenética (AAG), ou calvície, é o tipo mais comum de perda progressiva de cabelo. Apresenta alta prevalência: 

  • até 30% dos homens caucasianos terão AAG aos 30 anos, 
  • até 50% aos 50 anos e 
  • 80% aos 70 anos. 

Os chineses, japoneses e afro-americanos apresentam uma menor incidência, não especificada em estudos.

O que de fato acontece em um paciente com alopecia androgenética? 

Na AAG, como o próprio nome descreve, tem-se componentes genéticos e hormonais envolvidos. 

A testosterona é convertida em dihidrotestosterona (DHT) pela ação da enzima 5-alfa-redutase. A DHT liga-se a receptores presentes nos folículos pilosos, levando às alterações causadas pela calvície nos pacientes geneticamente predispostos.

O que acontece com o folículo nestes pacientes? 

Ocorre uma redução da duração da fase anágena e aumento da fase telógena. Como a duração da fase anágena determina o comprimento do fio, o folículo piloso apresenta uma miniaturização progressiva. Isso significa dizer que o pelo terminal (longo e espesso) torna-se velos (fino e curto).

Quanto antes iniciarmos o tratamento, mais eficaz ele será. Tempo é cabelo! 

Quais os tratamentos indicados para alopecia androgenética na literatura?

Para escolhermos a abordagem ideal para o nosso paciente, devemos levar em conta a eficácia, praticidade, riscos e custos. Por isso, cada tratamento deve ser personalizado para o perfil de cada paciente. 

O mais importante é que ele possa manter o tratamento a longo prazo, visto que a AAG é uma doença crônica. 

Os principais tratamentos propostos pela literatura são o Minoxidil em uso tópico e a Finasterida em uso oral. Entretanto, existem novidades no mundo da tricologia! 

O Minoxidil já possui estudos consolidados para uso na forma oral (dose exata ainda sem consenso) e a Finasterida tópica possui estudos em fase III com dados bem otimistas.

Minoxidil: funcionamento, indicação e efeitos colaterais

O Minoxidil foi previamente utilizado como anti-hipertensivo e a hipertricose foi logo notada como efeito colateral. Como esta medicação era utilizada por via oral e em doses altas, entre 10-40mg, apresentava diversos efeitos colaterais. 

Para ter a ação de hipertricose sem os efeitos colaterais, o medicamento foi introduzido no tratamento da AAG em apresentação tópica e com baixa dosagem – 2,5-5mg, duas vezes ao dia. 

Como funciona?

O mecanismo de ação exato permanece desconhecido. O que se sabe é que ele relaxa a musculatura vascular lisa através da abertura dos canais de potássio; e que a conversão em seu derivado ativo, sulfato de Minoxidil, pela sulfotransferase é fundamental para sua ação nos fios. 

E qual é o efeito dessa ação nos fios? Ocorre um alongamento da fase anágena, o que leva a um aumento do diâmetro e comprimento do folículo piloso. 

Apesar de ser uma opção de tratamento eficaz, o Minoxidil tópico apresenta uma baixa adesão devido a necessidade de aplicá-lo duas vezes ao dia, aparência e sensação indesejável nos fios e irritação no couro cabeludo. 

Quais os efeitos colaterais do Minoxidil?

Estudos recentes demonstraram que a medicação é tolerável e com poucos efeitos colaterais quando administrada por via oral em doses mais baixas (< 5 mg). 

O efeito colateral mais comum é a hipertricose (em outros locais, além do couro cabeludo), que geralmente é leve e facilmente manejável. 

Outros efeitos colaterais, menos comuns, incluem: 

  • hipotensão postural,
  • tontura,
  • edema de membros inferiores,
  • leve sangramento e 
  • alterações no ECG.2. 

Entretanto, mais estudos precisam ser realizados para que possamos aumentar a segurança do uso desta medicação.

É muito importante ter cautela, acompanhar o paciente de perto e aumentar a dose aos poucos!

Finasterida: funcionamento, indicação para tratar alopecia androgenética e os efeitos colaterais

É o tratamento padrão ouro para calvície. O Finasterida atua bloqueando a 5-alfa-redutase, levando a uma menor conversão de testosterona em DHT. O que, consequentemente, reduz a miniaturização dos fios. 

Quais os efeitos colaterais do Finasterida?

Os principais efeitos colaterais descritos são: redução da libido e impotência sexual, o que muitas vezes inviabiliza o tratamento. 

Neste ano de 2022, foi publicado um ensaio clínico duplo cego e randomizado, que avaliou o uso tópico de Finasterida 0,25% em spray aplicado 1 vez ao dia. 

O estudo, que se encontra em fase III, sugere que a eficácia do produto é semelhante em ambas as apresentações, porém, os pacientes que fizeram o uso tópico, referiram efeitos colaterais mínimos. Contudo, ainda não é possível saber os resultados e efeitos colaterais a longo prazo.

É importante ressaltar que poder proporcionar um tratamento eficaz e com a menor quantidade de efeitos colaterais possíveis é o que sempre buscamos entregar aos nossos pacientes. Aguardamos ansiosos as atualizações científicas sobre o assunto !

Caro leitor, até a próxima coluna!

Veja também o nosso podcast sobre esse tema:

Referências

  1. Lolli F, Pallotti F, Rossi A, Fortuna MC, Caro G, Lenzi A, Sansone A, Lombardo F. Androgenetic alopecia: a review. Endocrine. 2017 Jul;57(1):9-17. 
  2. Randolph M, Tosti A. Oral minoxidil treatment for hair loss: A review of efficacy and safety. J Am Acad Dermatol. 2021 Mar;84(3):737-746. 
  3. Piraccini BM, Blume-Peytavi U, Scarci F, Jansat JM, Falqués M, Otero R, Tamarit ML, Galván J, Tebbs V, Massana E; Topical Finasteride Study Group. Efficacy and safety of topical finasteride spray solution for male androgenetic alopecia: a phase III, randomized, controlled clinical trial. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2022 Feb;36(2):286-294. 

Sugestão de leitura complementar sobre atualidades médicas