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ANAMNESE DE FORMA SIMPLES | Colunistas

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Oi, tudo bem? Todos sabemos que o primeiro ano de medicina é o mais difícil em relação à adaptação, certo? Então, vamos clarear um pouquinho suas ideias.

Fonte: Banco de imagens- Sanarflix- JPG 024

Toda anamnese deve ter uma forma padronizada de entrevistar o paciente, como também saber ouvir de forma ampla e um x tempo para ele responder.

Uma anamnese é composta por 7 itens:
1. Identificação
2. Queixa Principal (QP)
3. História da Moléstia Atual (HMA)
4. Revisão de Sistemas
5. História Patológica Pregressa
6. História Familiar
7. História Social/ Hábitos de vida

Identificação:

É o momento inicial onde faz as perguntas como nome, idade (data de nascimento), sexo, cor, naturalidade (onde nasceu), endereço, estado civil, profissão, escolaridade. Mas, devemos fazer tais perguntas com muita cautela, para que não ofendamos ninguém.

Queixa e Duração:

Quando perguntamos ao paciente “O que trouxe o senhor aqui hoje?”, “Como podemos te ajudar?” ou “Há quanto tempo o senhor está com essa dor?”  com as palavras dele.

Exemplo: estômago virado há 2 dias.

História Pregressa da Moléstia atual (HPMA):

Parte mais importante da anamnese, onde você escreve a doença do paciente, de acordo com a semiologia. Deve escrever de ordem cronológica. Quando iniciou a doença, grau de intensidade, se houve irradiação para outro local, em qual momento do dia se torna mais forte etc.

Exemplo: Paciente relata que há cerca de 5 dias, iniciou um quadro de dores na coluna torácica, irradiando para a lombar. De intensidade 8 de 10. Desencadeia quando abaixa e/ou pega peso, persistindo nos períodos vespertinos. Fez uso do anti-inflamatório Meloxican pelos últimos 3 dias de 12/12 horas. Nega dispneia, nega tosse, nega trauma físico.

Interrogatório Sobre os Diversos Aparelhos (ISDA):

Quando fazemos as interrogações sobre os diversos aparelhos do corpo humano, como a cabeça, troncos e membros superiores e inferiores.

Exemplo: Geral:Nega emagrecimento, apresenta astenia, apresenta sudorese noturna;

Pele e anexos: nega máculas, nega icterícia, nega prurido;

Cabeça: apresenta cefaleia, nega tontura, nega vertigem;

Olhos: nega escotomas, nega lacrimejamento, nega dor ocular;

Nariz: nega coriza, nega anosmia, nega epistaxe;

Orelhas: nega otalgia, nega zumbido, nega prurido;

Orofaringe: nega odontalgia, nega xerostomia, nega disfagia;

Aparelho digestório: nega vomito, nega flatulência, nega diarreia, apresenta hemorroida;

Aparelho respiratório: Nega tosse, nega dispneia, apresenta dor torácica;

Aparelho cardiovascular: nega edema, nega palpitação, nega síncope;

Aparelho urinário: Nega piuria, nega poliúria, nega disúria;

Aparelho genital masculino: Nega prurido, nega orquialgia, nega disfunção erétil;

Aparelho locomotor: nega câimbra, apresenta fraqueza muscular, apresenta mialgia;

Sistema nervoso e psiquismo: apresenta nervosismo, apresenta insônia, apresenta sonolência diurna.

Antecedentes Pessoais:

Coleta de informações detalhadas do indivíduo, desde seu nascimento até o momento atual. Pode resumir-se por tópicos, por exemplo, estado atual do paciente, bem-estar físico e mental, doenças em ordens cronológicas.

Exemplo: Mãe realizou o pré-natal corretamente, apresenta todas as imunizações em dia, apresenta HAS, apresenta doenças renais recentes, faz uso de medicamentos antidepressivos todos os dias, seguindo a prescrição médica, apresenta alergias frequentes a poeira e alguns tipos de alimentos. nega IST´S, nega cirurgias recentes.

Seus hábitos de vida são saudáveis, faz dieta através de um nutrólogo e pratica esportes regularmente, mantém sua glicemia controlada, faz uso de psicotrópicos regularmente há 20 anos. Reside em ambiente com saneamento básico, água potável. Nega etilismo.

Antecedentes Familiares:

É a parte que perguntamos ao paciente como estão os pais, avós paternos e maternos, se estão vivos, caso não estejam, faleceram do que? Etc.

Se ele tem esposa(o), filhos, se tais tem doenças crônicas, genéticas, suspeitas de Diabetes, DPOC, Cardiovasculares, Tuberculose, Doenças alérgicas, psíquicas, do sistema nervoso, hemorrágicas etc.

Como também, hábitos: se estão saudáveis? Fumam? Ingerem álcool? Se sim, quantas vezes por semana? Usam algum remédio? Quais? Etc.

Como fazer o paciente se sentir melhor no atendimento?

Para fazermos isso, um ambiente adequado de acordo com a idade do paciente, com boa ventilação, calmo, silencioso e aconchegante.

Além disso, a relação médico-paciente é de suma importância, o paciente que se sente à vontade com o profissional, permitirá que ele faça um bom trabalho na descoberta da doença.

O bom médico não trata apenas a doença, mas também o paciente como um todo. Muitas das vezes, a pessoa não está lá pela enfermidade, mas sim para ter alguém para ouvi-lo.

Olhar o paciente com carisma, chamá-lo na porta e o conquistar aos poucos, também faz parte da profissão.

Sabemos a quão cansativa e exaustiva é a profissão médica, mas é necessário ter empatia com o outro, não será apenas em uma sala de cirurgia que salvaremos uma vida, como também, saber ouvir o outro e entender quem está do outro lado da mesa. Seremos como artistas abrindo espaços na vida de cada enfermo e tirando-os da descrença em sua cura.

“A Medicina não é apenas uma ciência, mas também a arte de deixar a nossa individualidade interagir com a individualidade do paciente.” Tais palavras de Albert Schweitzer – teólogo, músico, filósofo, e médico alemão.

Autora: Fernanda Silveira Vieira

Instagram:@fer.silveira.vieira https://instagram.com/fer.silveira.vieira?r=nameta

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O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


Referências:

Sociedade Brasileira de Clínica Médica, disponível em http://www.sbcm.org.br/v2/index.php

Propedêutica Médica – Da Criança ao Idoso – 2ª Edição, disponível em Minha Biblioteca