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Não é uma tarefa fácil definir as melhores residências em Geriatria do Brasil. Diante da oferta de editais ao longo do ano, a melhor referência que temos é a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, que possui conhecimento na área e sempre divulga os certames que considera mais importantes.
A Geriatria é uma área que está em ascensão, dado o perfil idoso da população brasileira, mas ainda sofre carência de profissionais qualificados.
De acordo com a Demografia Médica no Brasil 2018, são somente 1817 médicos especializados em todo país, que dá uma proporção de 0,87 por 100 mil habitantes. Isso equivale a 0,5% sobre o total de especialidades disponíveis.
Ainda de acordo com o estudo, foram autorizadas 332 vagas para residências em Geriatria, das quais 132 não foram ocupadas, restando 200 residentes em treinamento. O maior número de especialistas se concentra na região Sudeste (60%), enquanto o Norte, com 2%, é a região com maior carência.
A remuneração média do geriatra é de R$ 8.271,27 para uma jornada de trabalho de 23 horas semanais. A rotina de trabalho é predominante na área clínica, pois é função do especialista tratar e preservar a totalidade da capacidade funcional e a autonomia dos idosos.
Entre as doenças com as quais o geriatra tem de lidar, destacam-se:
- Incontinência
- Perturbações do sono
- Perturbações ligadas à sexualidade
- Perturbações de memória,
- Demência
- Problemas auditivos
- Problemas visuais
- Problemas de comunicação
- Problemas da fala
A área de atuação é bastante ampla e abrange ambientes acadêmicos, ambulatórios, cuidados paliativos, pronto atendimento, serviços de reabilitação, instituição de longa permanência, programas de promoção em saúde, gerenciamento de pacientes crônicos, entre outros.
Metodologia
Determinar a melhor residência na Geriatria é um trabalho árduo e minucioso. Neste momento apenas apontaremos as melhores com base na expertise dos especialistas e critérios objetivos. Entre os programas divulgados pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, destacam-se:
Universidade de São Paulo – USP
O programa oferece 16 vagas, 6 delas com bolsas provenientes do Ministério da Saúde, e tem como principal laboratório de ensino o HC (Hospital das Clínicas).
O serviço de Geriatria possui 11 clínicas especializadas e realiza cerca de 10 mil atendimentos anuais, sendo uma referência na especialidade.
Os pilares do programa são ensino, pesquisa e extensão e são desenvolvidos através de atendimentos em ambulatórios, enfermarias, Hospital Dia, Assistência Domiciliar, entre outros setores.
Além disso, conta com o Programa GEROSAUDE, que oferece capacitação sobre métodos e disciplinas de envelhecimento saudável
Hospital Santo Antônio – OSID /Salvador
Desde 2013, a instituição é credenciada como Hospital Ensino pelos Ministérios da Saúde e Educação. Seu programa em Geriatria oferece 02 vagas e conta com corpo clínico de preceptores, mestres e doutores experientes na área clínica, oferecendo melhor suporte aos residentes.
A instituição foi criada em 1959 e, atualmente, é uma das maiores unidades de Saúde do Norte e Nordeste, com 373 leitos e atendimentos em 17 especialidades distribuídas entre enfermarias de Clínica Médica, Clínica Médica de Longa Permanência e Clínica Cirúrgica.
Hospital Universitário de Brasília – UNB
O programa oferece 03 vagas para Geriatria. Referência no atendimento a idosos, principalmente no tratamento contra o Mal de Alzheimer, o Centro de Geriatria é reconhecido por oferecer atendimento humanizado ao idoso e à família e registra cerca de 500 atendimentos por mês.
Desde 2013, a unidade administrada pela EBSERH vem modernizando sua estrutura e já inaugurou Unidade de Farmácia Clínica, Laboratório de Hemodinâmica e Unidade de Pronto-Socorro.
Hospital das Clínicas – UFMG
O programa de Geriatria oferece 04 vagas. Com serviços totalmente voltados para o SUS, a instituição tem amplo investimento em ensino, pesquisa e assistência, com o objetivo de contribuir para o crescimento da área de saúde.
Com mais de 64 mil m² de área construída, é uma unidade de referência em alta complexidade e tem como destaque seu Ambulatório de Geriatria, o primeiro Centro de Referência em Atenção ao Idoso do Estado de Minas Gerais.
Hospital Universitário Walter Cantídio – UFC
Possui programa em Geriatria com 02 vagas anuais. O Hospital é referência em atendimentos de média e alta complexidade pelo SUS, sendo considerado “padrão ouro” em residência médica, e tem como destaque o Centro de Apoio ao Idoso.
Além de oferecer serviços de Geriatria, o Centro possui atendimentos em Neuropsicologia, Assistência Social, Nutrição, Enfermagem e Clínica Geral, o que garante a interdisciplinaridade de seu programa.
Por ano, o Centro registra mais de 5 mil atendimentos, sendo a maioria deles relacionados ao Alzheimer, cujo tratamento é uma das especialidades do Serviço de Geriatria do Hospital.
O programa de Residência Médica
Com pré-requisito em Clínica Médica, o programa de Geriatria tem duração de 02 anos. De acordo com a Resolução CNRM Nº 05/2002, a residência médica deve ter, no mínimo, os seguintes requisitos:
- unidade de internação: hospital e instituição de longa permanência (asilo): mínimo de 40% da carga horária anual;
- ambulatório e assistência domiciliar: mínimo de 30% da carga horária anual;
- urgência e emergência: unidade de terapia intensiva e unidade de pronto atendimento: no mínimo de 10% da carga horária anual;
- estágios obrigatórios: Medicina Física e Reabilitação, Psiquiatria e Neurologia;
- estágios opcionais: Cardiologia, Reumatologia, Endocrinologia ou outros a critério da Instituição;
- recomenda-se que o médico residente desenvolva atividade em equipe multidisciplinar correlata com assistência ao idoso.
Além disso, a SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia), em suas diretrizes, determina que 80% da carga horária dos programas devem ser preenchidos com treinamento em serviço sob supervisão, enquanto 20% são destinados a atividades didático-teóricas. Veja:
Programação didático-teórica
576 horas (máximo de 20% da carga horária)
Temas:
- Introdução e histórico da Geriatria no Brasil e no mundo.
- Epidemiologia do envelhecimento (transição demográfica e epidemiológica) e indicadores de saúde.
- Ética médica e bioética.
- Introdução à Metodologia Científica e Bioestatística.
- Política Nacional do Idoso/Aspectos legais.
- Políticas de saúde para idosos e inserção do idoso no Sistema Único de Saúde.
- O idoso na sociedade/Estatuto do idoso.
- Biologia do envelhecimento/Teorias do envelhecimento.
- Aspectos biológicos e fisiológicos do envelhecimento.
- Prevenção e promoção da saúde do idoso.
- Indicação e prescrição de atividade física para
- idoso.
- Geriatria básica: conceitos básicos, atividades básicas de vida diária (ABVDs), atividades instrumentais de vida diária (AIVDs) e os “Gigantes da Geriatria”.
- Exames complementares e instrumentos de avaliação.
- Avaliação Geriátrica Ampla (Avaliação Geriátrica Global).
- Distúrbios hidroeletrolíticos.
- Déficit cognitivo e demências.
- Delirium.
- Depressão e ansiedade.
- Instabilidade postural e quedas.
- Imobilidade e úlceras por pressão.
- Incontinência urinária e fecal.
- Iatrogenia e farmacologia em Geriatria.
- Síndrome da fragilidade.
- Hipertensão arterial sistêmica, insuficiência cardíaca, doença arterial coronária, arritmias, doença arterial periférica, doenças da carótida, valvulopatias, endocardite, cardiomiopatias, hipotensão arterial, síncope.
- Aterosclerose, fatores de risco cardiovasculares.
- Doenças cerebrovasculares: acidente vascular cerebral isquêmico e hemorrágico.
- Síndromes parkinsonianas, tremor essencial, doença de Parkinson.
- Pneumonias, doença pulmonar obstrutiva crônica, embolia pulmonar, tuberculose.
- Saúde bucal do idoso.
- Doenças do esôfago, gastrites, úlceras pépticas e gástricas, doenças do fígado, doenças dos intestinos, doenças da vesícula, vias biliares e pâncreas, hemorragia digestiva.
- Hiperplasia prostática, prostatite, disfunção erétil, insuficiência renal.
- Osteoporose, osteomalácia, osteoartrite, artrite reumatoide, doença de Paget, fibromialgia, polimialgia reumática, gota e outras doenças do tecido conectivo.
- Diabetes mellitus, doenças da tireóide e das paratireóides, síndrome metabólica, obesidade, climatério.
- Neoplasias no idoso.
- Doenças dermatológicas no idoso.
- Anemia/Mieloma múltiplo/Síndromes mielodisplásicas.
- Dor no idoso.
- Sexualidade do idoso.
- Nutrição em geriatria.
- Infecções e imunizações do idoso.
- Cirurgia e anestesia do idoso.
- Trauma no idoso.
- Doenças dos órgãos dos sentidos e vertigem no idoso.
- Sono do idoso.
- Reabilitação do paciente geriátrico.
- Cuidados paliativos.
- Aspectos éticos e bioéticos no atendimento ao idoso e na terminalidade da vida.
- Equipe multidisciplinar, modalidades de atendimento e suporte social.
- Rastreamento de neoplasias e doenças crônicas no idoso.
- Adaptação ambiental e indicação de instrumentos auxiliares da marcha.
Treinamento prático em serviço
(mínimo de 80% da carga horária):
Residente do 1° ano (R1) – Programa:
- Estágio em Urgência/Emergência e UTI, atendimento de adultos e idosos – 288 horas (10% da carga horária anual): proporção na Emergência, a depender do serviço; em UTI, máximo 3 (três) pacientes por residente.
- Estágio em enfermaria de idosos – 576 horas (20% da carga horária anual): proporção de no mínimo 5 (cinco) e no máximo 8 (oito) pacientes por residente.
- Estágio em instituição de longa permanência para idosos (ILPI) asilo – 576 horas (20% da carga horária anual): proporção de no mínimo 8 (oito) pacientes e no máximo 10 (dez) pacientes por residente.
- Estágio em Ambulatório de Geriatria e assistência domiciliar geriátrica – 864 horas (30% da carga horária anual): no ambulatório, mínimo de 30 minutos por paciente; no turno de 4 horas, máximo 6 (seis) pacientes por residente; no atendimento domiciliar, máximo de 2 (duas) visitas por turno.
OBS: Em todos os locais de estágio são obrigatórias atividades em equipe multidisciplinar.
OBS: É imprescindível que o atendimento domiciliar seja feito sob supervisão.
Residente do 2° ano (R2) – Programa:
- Estágio em enfermaria de idosos – 576 horas (20% da carga horária anual: proporção de no mínimo 6 (seis) e no máximo 8 (oito) pacientes por residente.
- Estágio em Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) – 576 horas (20% da carga horária anual): proporção de no mínimo 8 (oito) e no máximo 10 (dez) pacientes por residente.
- Estágio em Ambulatório de Geriatria e assistência domiciliar geriátrica – 864 horas (30% da carga horária anual): no ambulatório, mínimo 30 minutos por paciente; no turno de 4 horas; máximo 8 (oito) pacientes por residente; no atendimento domiciliar, máximo de 2 (duas) visitas por turno.
- Estágio em especialidade 1 – 144 horas (5% da carga horária anual).
- Estágio em especialidade 2 – 144 horas (5% da carga horária anual).
OBS: Em todos os locais de estágio são obrigatórias atividades em equipe multidisciplinar.
OBS: É imprescindível que o atendimento domiciliar seja feito sob supervisão.
OBS: Nos estágios das especialidades deve haver ênfase no atendimento geriátrico.
Plantões:
- A carga horária máxima de plantões é de 24 horas semanais em cada ano da residência.
- Objetivos dos plantões: treinamento em serviço, atuação em situações críticas em todos os locais de estágio, atendimento de urgência/emergência.
- Nos plantões, é imprescindível acesso à supervisão – o R2 supervisiona o R1 e o R2 é supervisionado por um preceptor, geralmente médico-assistente do serviço.
Conceito da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
Fundada em 16 de maio de 1961, a SBGG possui seções na maioria dos estados do Brasil e tem a missão de congregar profissionais que se interessam por Geriatria e Gerontologia, estimulando e apoiando o desenvolvimento e divulgação do conhecimento científico,e capacitando, permanentemente, seus associados..
De acordo com a SBGG, “Geriatria é a especialidade médica responsável pelos aspectos clínicos do envelhecimento e pelos amplos cuidados de saúde necessários às pessoas idosas nos diversos ambientes dos sistemas de saúde”.
Trata-se, portanto, da área da medicina que cuida da saúde e das doenças da velhice, “oferecendo abordagem multidimensional, atuando em equipe interdisciplinar e com o objetivo principal de garantir e otimizar a capacidade funcional e melhorar a qualidade de vida dos idosos”.
A SGBB define que os programas de residência médica devem capacitar médicos a realizar prevenção, diagnóstico e tratamento especializado nas questões de saúde do indivíduo, além de desenvolver habilidades e atitudes para atuar na promoção, prevenção, manutenção e reabilitação da saúde do idoso.
Conclusão sobre as melhores residências em Geriatria
Diante da tendência de crescimento da especialidade, já que a população brasileira está envelhecendo, é importante saber onde fazer residência médica em Geriatria, pois quanto mais completo o programa, melhor a capacitação do profissional. Assim estará preparado para atuar com segurança nos casos mais desafiadores da saúde do idoso.
Para definir as melhores residências em geriatria, há que se recorrer à Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, pois a instituição divulga constantemente os programas que considera mais qualificados para oferecer um treinamento de excelência. Entre os principais elencados, podemos destacar:
- Hospital das Clínicas da USP
- Hospital Santo Antônio – OSID
- Hospital Universitário de Brasília – UNB
- Hospital das Clínicas – UFMG
- Hospital Universitário Walter Cantídio – UFC
Confira o vídeo:
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Referências:
- Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
- Hospital das Clínicas da UPS
- Hospital Santo Antônio – OSID
- Hospital Universitário de Brasília – UNB
- Hospital das Clínicas – UFMG
- Hospital Universitário Walter Cantídio – UFC