Índice
- 1 Calázio vs Hordéolo: o que são?
- 2 O que causa a formação bolhosa no calázio e hordéolo?
- 3 Diferenças de apresentação entre o calázio e o hordéolo
- 4 Como pode ocorrer a evolução do calázio e hordéolo?
- 5 Diagnóstico do calázio e hordéolo
- 6 Tratamento do hordéolo: o que saber?
- 7 Tratamento do calázio: como conduzir?
- 8 Quais recomendações fazer ao seu paciente com calázio ou hordéolo?
- 9 A alimentação interfere na formação de calázio e hordéolo?
- 10 Desmistificando alguns pontos
- 11 Sugestão de leitura complementar
- 12 Referências
Entenda o que é o calázio e o hordéolo, quais suas apresentações no paciente e a melhor condução desses distúrbios. Bons estudos!
O calázio e o hordéolo, conhecido como terçol, são duas condições oftalmológicas comuns nas unidades básicas de saúde. Por esse motivo, é fundamental que o médico saiba conduzir o manejo desse paciente, além de orientá-lo.
Calázio vs Hordéolo: o que são?
Embora o calázio e hordéolo sejam condições distintas, ambas se tratam de inflamações em glândulas oculares.
O hordéolo, conhecido como terçol ou viúva, é o resultado da inflamação das glândulas Zeis e Mol. Essas duas glândulas se encontram mais próximas à borda externa das pálpebras.
Por outro lado, o calázio é decorrente da inflamação das glândulas Meibômio. Elas se encontram mais próximas da borda interna da pálpebra.

O que causa a formação bolhosa no calázio e hordéolo?
Como comentamos, tanto elas são inflamações, porém de diferentes glândulas.
Embora não se trate de uma infecção propriamente dita, geralmente o ambas são oriundas de uma infecção. Essa infecção, comumente, é causada por bactérias do grupo estafilococos. Essa é uma realidade muito comum, principalmente para crianças com as mãos sujas que são levadas aos olhos.
Devido o processo inflamatório, com todos os sinais flog[isticos como rubor, edema e eritema, por exemplo, tem-se a instalação do quadro. A partir da repercussão inflamatória, os ductos que realizam a drenagem de secreção ocular são obstruídos.
Como consequência desse processo, tem-se a formação de um granuloma, com tecido inflamado. Com a evolução do quadro, inicia-se a formação de um granuloma, que cresce a medida que a secreção não drenada se acumula.
Diferenças de apresentação entre o calázio e o hordéolo
Embora o calázio e o hordéolo sejam muito parecidos, existem diferenças sutis na apresentação dos quadros.
O hordéolo (terçol) se localiza na margem da pálpebra. É formada uma pústula amarelada, na base de um dos cílios. Em volta dela, desenvolve-se um edema difuso, mais endurecido e hiperemiado. A dor é sentida pelo paciente, mas alivia após 2 a 4 dias, quando o material é expulso por rompimento. A partir disso, a lesão desaparece.
Ainda sobre o hordéolo, é comum que o paciente sinta dor, calor e rubor – sinais flogísticos da inflamação. Somado à eles, um prurido, bem como lacrimejamento e fotofobia são também relatados pelos pacientes.
O calázio costuma surgir após 1 ou 2 dias desde a infecção. Com isso, a pálpebra apresenta um inchaço, com um nódulo indolor e pequeno. Aqui, a dor prevalece no começo do quadro, mas com a formação do granuloma a dor é cessada.
Um outro sintoma comum no calázio é a possibilidade de visão turva. Isso acontece nos casos em que o granuloma cresce muito, pressionando o globo ocular.

Como pode ocorrer a evolução do calázio e hordéolo?
A evolução da maioria dos casos de calázio e hardéolo culmina na resolução após 2 a 3 dias desde a instalação. Ou seja, a partir disso a regressão costuma ser espontânea.
Em alguns casos, embora a dor cesse com o passar dos dias, o granuloma persiste e segue crescendo. Esse crescimento se justifica pela secreção represada, ao longo dos dias anteriores. Relatos apontam que esse tipo de evolução aumenta a chance de recidivas do hordéolo.
Como comentaremos mais adiante, o calázio pode não regredir espontaneamente e resultar em cronificação.
Diagnóstico do calázio e hordéolo
O diagnóstico de ambos é essencialmente clínico.
Já que o quadro inicial do hordéolo e calázio são muito brandos, é possível que sejam indistinguíveis clinicamente aos olhos do médico.
Antes ainda de confirmar o diagnóstico do hordéolo e calázio, é importante afastar outros diagnósticos diferenciais. Por isso, o especialista deve também considerar descartar a dacriocistite e canaliculite.

Tratamento do hordéolo: o que saber?
O hordéolo (terçol) costuma ser resolvido por meio da drenagem espontânea do conteúdo na glândula inflamada. Ela pode ocorrer por dentro, por via conjuntiva, ou pela pele.
Uma abordagem que favorece a drenagem do conteúdo é o uso de compressas mornas. Com a temperatura, o conteúdo é amolecido, e o orifício é aberto, permitindo a sua saída da glândula. As compressas podem ser aplicadas de 3 a 4 vezes por dia, por cerca de 10 a 15 minutos.
Em casos persistente, pode ser recomendado um antibiótico tópico ocular ou tópico. Sendo terçóis múltiplos ou em pacientes idosos e muito debilitados, o antibiótico oral pode ser mais eficaz.
Os antibióticos sistêmicos recomendados para o hordéolo são a dicloxacilina ou eritromicina, 250 mg por via oral 4 vezes ao dia.
Embora as compressas mornas sejam muito eficazes, alguns hordéolos externos não respondem à elas. Nesses casos, de preferência com acompanhamento do especialista, uma lâmina de ponta fina pode ser inserida cuidadosamente na formação.
Tratamento do calázio: como conduzir?
O tratamento do calázio também é essencialmente clínico. Assim como no hordéolo, as compressas mornas também possuem finalidade terapêutica, sendo aplicadas de forma semelhante.
Pode ser necessária a curetagem ou terapia com corticoide, principalmente intracalázio. Essa é uma abordagem recomendada para calázios grandes, persistente por semanas. Para isso, são feitos 0,05 a 0,2 mL de triancinolona 25 mg/mL.
Assim, nos casos em que a recidiva é importante, recomenda-se uma avaliação refracional dos olhos. Outra abordagem que também pode ser decidida em conjunto com o paciente é a raspagem da glândula que costuma inflamar.
No entanto, sendo uma doença crônica, em casos onde a resolução não ocorre, a intervenção cirúrgica pode ser uma realidade.
Pensando nessa possibilidade, um exame histológico é realizado. O exame tem como objetivo de afastar ou confirmar um tumor, como o carcinoma de células sebáceas.
Quais recomendações fazer ao seu paciente com calázio ou hordéolo?
Algumas recomendações são de suma importância para se evitar casos de hordéolo e calázio. Algumas delas são:
- Manter as mãos limpas;
- Compressas mornas, como comentamos acima;
- Diminuir o excesso de oleosidade na pele, evitando o bloqueio de saída das secreções palpebrais;
Ainda, o exame refrativo é muito importante para esclarecer o motivo de recidivas. Isso porque, em alguns casos, o calázio e hordéolo podem ser intensificados por esses outros problemas.
De todas as recomendações citadas, certamente a manutenção de mãos limpas tem uma importância especial. Evitando a transmissão de vírus e bactérias, a chance de infecções é diminuta.
A alimentação interfere na formação de calázio e hordéolo?
Como explicamos no início do artigo, a formação do hordéolo e calázio é favorecido pela oleosidade da pele.
Por isso, os alimentos consumidos apresentam contribuição para a formação de hordéolo e calázio. Por isso, evitar frituras, chocolate e alimentos ricos em ômega 3 parece contribuir para menos episódios.
Desmistificando alguns pontos
Na atenção básica, é comum que algumas ideias alimentadas popularmente passe de geração para geração sobre o calázio e o hordéolo. Embora algumas delas sejam verdadeiras, é importante que o médico esclareça algumas informações sobre a doença.
A água boricada é uma solução tópica muito utilizada em infecções e irritações cutâneas. Por isso, algumas pessoas acreditam que o seu uso tem benefício no tratamento do calázio ou hordéolo. Apesar disso, não se tem evidências de benefícios para essas condições podendo, inclusive, irritar a pele. Logo, o mais interessante é simplesmente a água morna.
Assim como a crença na água boricada (3% de ácido bórico), alguns pacientes fazem uso do chá morno. Seguindo o mesmo raciocínio, também não apresenta benefícios sobre a água morna.

Sugestão de leitura complementar
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Referências
- Biblioteca Virtual em Saúde. Ministério da Saúde.
- Calázio e características demográficas dos portadores em uma amostra populacional. Marjorie Fornazier do Nascimento.
- Figura 1. Site do Salgado Borges.