Geriatria

Capacidade funcional do idoso: o que é, importância e como avaliar

Capacidade funcional do idoso: o que é, importância e como avaliar

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Imagem de perfil de Natália Garção

Confira a coluna da Dra. Natália Garção, médica geriátrica e coordenadora da Sanar Pós Graduação, sobre a capacidade funcional do idoso.

Se você ainda acha que idade é documento quando atende seus pacientes idosos, pare agora e leia esse texto!

Idosos são considerados pessoas a partir de 60 anos no Brasil.  Apesar dessa classificação baseada na idade cronológica ser amplamente utilizada e necessária, pois precisamos de um “marco” para determinar as fases da vida, sabemos que esse é um grupo que está longe de ser homogêneo.

Do crossfit aos leitos de instituições de longa permanência, do totalmente independente ao totalmente dependente, são muitas as formas de se envelhecer. 

Envelhecimento e a idade cronológica

O fato é que o envelhecimento é a soma de muitos fatores e que o tempo de estrada percorrido por si só é pouco relevante. Por isso, precisamos entender que a idade cronológica é apenas um dado numérico e que não reflete a vitalidade ou a saúde dos nossos pacientes idosos. Sendo assim, fica fácil concluir que nenhuma decisão em medicina deve ser baseada exclusivamente nessa informação. 

Como avaliar a saúde do idoso?

Certo, então já entendemos que precisamos de algo a mais para avaliar os pacientes idosos além de saber suas idades cronológicas. Mas o que seria esse algo a mais? O que precisamos avaliar para ter um panorama mais fidedigno da saúde das pessoas? Talvez conhecer suas comorbidades, antecedentes, medicamentos em uso ajude, mas será isso o suficiente? 

Vamos lá! Quando falamos em saúde, falamos de algo muito mais amplo do que a presença ou ausência de doenças. Quando vamos avaliar a saúde do idoso precisamos investigar vários domínios, como: 

  • social, 
  • humor, 
  • funcionalidade, 
  • cognição e
  •  nutrição. 

Isso porque entendemos que a forma como vamos envelhecer vai ser justamente o resultado de todos esses diferentes aspectos da nossa saúde.

Ao final, o que importa não é apenas a existências de doenças, mas sim a nossa capacidade em nos mantermos ativos, realizando nossas atividades do dia-a-dia de forma autônoma, ou seja, de acordo com a nossa vontade, e independente, isso significa com os nossos próprios meios. 

 Como avaliar a capacidade funcional de um idoso?

Autonomia e independência são os determinantes do que chamamos de capacidade funcional e é justamente ela que é um dos pontos mais importantes da avaliação do idoso.

A capacidade funcional é hoje o que temos de mais preciso para entender a vitalidade dos nossos pacientes e, portanto, um dos principais pilares que nos auxiliam na tomada de decisões em saúde. 

Legal, então muito mais relevante do que falar que nosso paciente tem 80 anos, é entender se ele é um octogenário totalmente autônomo e independente. Mas como chegamos nessa conclusão? 

Para avaliarmos a capacidade funcional temos vários testes e escalas dentro do que chamamos de Avaliação Geriátrica Ampla (AGA). A AGA é a ferramenta essencial de qualquer profissional da saúde que atende idosos. 

 Avaliação Geriátrica Ampla (AGA)

Basicamente, o que vamos explorar é a capacidade do idoso em realizar suas tarefas do dia-a-dia, desde as mais básicas, como, se alimentar, se mobilizar, se higienizar, até tarefas mais complexas, como cozinhar, fazer compras, pagar suas contas, mas que no final são todas tarefas essenciais para sua sobrevivência. 

Indicação de escalas para avaliar a capacidade funcional de um idoso

Existem várias escalas diferentes que podemos utilizar, mas vai a dica aqui das mais famosas e usadas na prática em geriatria.

Avaliarmos as atividades básicas de vida (ABVDs) podemos usar a escala de Katz. Já as atividades instrumentais de vida diária ( um jeito mais chique de falar atividades mais complexas que habitualmente precisamos usar um instrumento, exemplo, utilizar o telefone) usamos a escala de Lawton. 

Então agora você já sabe, a próxima vez que atender um paciente idoso tenha em mãos essas escalas. E conheça a sua funcionalidade para compreender de forma mais ampla sua saúde e te auxiliar na tomada de decisões. Isso será muito mais relevante do que conhecer apenas a sua idade.

Como que a funcionalidade vai te ajudar a tomar decisões? Aí esse tema fica para próxima, mas fica aqui com a gente, a gente vai te ensinar. Continue acompanhando minha coluna. 

Referências

FREITAS, E. V. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

CAMARA, F. M. et al. Capacidade funcional do idoso: formas de avaliação e tendências. ACTA FISIATR. v. 15, n. 4, p. 249 – 256, 2008.

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