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Neste caso clínico de Emergência e Trauma, saiba o que deve ser feito na abordagem e atendimento ao paciente politraumatizado. Bons estudos!
Neste caso clínico de Emergência e Trauma, saiba o que deve ser feito na abordagem e atendimento ao paciente politraumatizado. Bons estudos!
Caso clínico – Paciente Politraumatizado
Um homem de 37 anos de idade brigou em um bar e foi ferido por arma branca. Chegou ao hospital Geral do Estado – HGE – trazido pelo suporte básico, imobilizado em prancha longa, com colar cervical e ventilado com dispositivo de máscara com válvula e balão. (Aspecto geral: palidez e confusão mental).
Exame Físico
A (Via aérea)
Via aérea pérvia;
Condutas:
- Manutenção da imobilização em prancha longa e colar cervical;
- Fornecimento em alto fluxo de oxigênio 100% com máscara não-reinalante;
- Monitorização: FC: 145 bpm; FR: 40 ipm; S02: 94%; PA: 80×30 mmHg;
- Acesso venoso periférico;
- Exame laboratorial: Tipagem sanguínea, prova cruzada, gasometria, toxicológico e função renal;
- Reservar centro cirúrgico e bolsa de sangue;
Figura 1 Monitorização
B (Respiração)
- Inspeção: Expansibilidade diminuída em hemitórax esquerdo. Lesão de 2 cm, “respirante”;
- Palpação: Dor à palpação de hemitórax esquerdo;
- Percussão: Hipertimpânico;
- Ausculta: Murmúrios vesiculares abolidos em hemitórax esquerdo.
Condutas:
- Punção de alívio;
- Curativo de três pontos;
- Drenagem de torácica;
- Reavaliação do atendimento primário (ABCDE);
C (Circulação)
- Bulhas rítmicas e normofonéticas em 2T, ausência de bulhas extras ou sopros;
- Buscar por sinais de Choque: pele fria; pulso filiforme, rápido e simétrico, Tempo de enchimento capilar maior que 2 segundos;
- Buscar por focos de hemorragia: toráx já foi avaliado no B, não evidenciando ser a possível fonte de sangramento; abdome com equimose e lesão penetrante em hipocôndrio esquerdo, reativo e doloroso a palpação superficial, sugerindo ser a possível fonte do sangramento; pelve estável e ossos longos sem sinais de edema, também não evidenciando serem a fonte do choque hipovolêmico. Dessa forma o abdome é a principal suspeita.
Condutas para choque hemorrágico:
- Controle da fonte de hemorragia;
- Reposição volêmica com Ringer Lactato aquecido;
- Ponderar a utilização do sangue;
- Exame de imagem: USG fast;
- Centro cirúrgico à Laparatomia exploratória;
Figura 2 Instabilidade
Figura 3 USG fast com sinal de sangramento em espaço esplenorrrenal
D (Neurológico)
- Pupilas fotorreagentes e isocóricas;
- Escala de Coma de Glasgow: O3V4M6 = 13
E (Exposição)
- Rolamento em bloco com inspeção minuciosa do dorso e palpação da coluna cervical.
- Prevenção de hipotermia: manta térmica e aumentar temperatura do ar condicionado.
Atendimento secundário
Após estabilização:
- História SAMPLA: S (sintomas) A (Alergia a dipirona), M (Não faz uso de medicamento regular), P (sem comorbidades prévias), L (fez ingesta de bebida alcoólica e “espetinhos de carne” há 2 horas), Ambiente (vide “Relato do Acompanhante” infra-citado);
- Exame craniocaudal: sem mais achados;
- Exames complementares: Série trauma: Raio X de cervical, raio X de tórax, raio X de pelve e TC de crânio. Solicitar Hemograma, Gasometria Arterial, Uréia e Creatinina, TGO/TGP, ECG;
- Encaminhar o paciente para UTI no pós-operatório.
Prescrição para o paciente politraumatizado
- Dieta oral zero
- SF 0,9% 500ml, IV, rápido a critério médico
- Concentrado de hemácias 02U, IV
- Concentrado de plaquetas 07U, IV
- Plasma fresco congelado 07U, IV
- Morfina 1 ampola + SG 5%, 9ml. Fazer 2 ml, IV
- Codeína 1 ampola, IV, 8/8h
- Ranitidina 50mg, IV, 8/8h
- Glicemia capilar 4/4h
- MOV contínua
- Balanço hídrico
Discussão sobre o paciente politraumatizado
Ruptura de baço
Como o baço se encontra na parte superior esquerda do abdómen, uma facada no hipocôndrio esquerdo muito possivelmente pode rompê-lo, rasgando a membrana que o recobre e o seu tecido interno. A ruptura do baço é a complicação grave mais frequente de lesão abdominal causada por acidentes de trânsito, por perfuro cortante ou por pancadas.
Quando se rompe o baço, pode derramar-se uma grande quantidade de sangue no abdômen. A cápsula exterior do baço pode conter a hemorragia temporariamente, mas deve realizar-se uma operação imediatamente para evitar uma perda de sangue potencialmente mortal.
A ruptura do baço causou a reatividade e equimose do paciente. O sangue que se encontra no abdômen comporta-se como um elemento irritativo e causa dor; como reflexo, a musculatura abdominal contrai-se e torna-se tensa.
Isso representa uma emergência que exige transfusões de sangue imediatas para manter a circulação adequada, assim como uma intervenção cirúrgica para deter a perda de sangue; sem estes procedimentos o doente pode entrar em choque e morrer.
Referência
- ROBERTO, Saad JR.; ACCYOLI, Moreira Maia.; SALLES, Ronaldo Antonio Reis Vianna. Tratado de Cirurgia do CBC. ATHENEU EDITORA, 2009.
- ATLS – Suporte Avançado de Vida no Trauma para Médicos. 9.ed. Editora Elsevier , 2012.
- SOUZA, Petry Hamilton et al. Cirurgia do Trauma: condutas diagnósticas e terapêuticas. Editora Atheneu, 2003.
Sugestão de leitura
- A avaliação do paciente com traumatismo raquimedular (TRM) | Colunistas
- Atendimento Inicial ao Trauma: um resumo completo
- Sequência da RCP: saiba o que fazer no paciente em parada cardíaca