Índice
- 1 Atendimento inicial ao trauma: qual sua importância para o prognóstico?
- 2 Transporte no atendimento inicial ao trauma: entenda a diferença entre as unidades
- 3 ABCDE do trauma: como otimizar seu atendimento ao paciente
- 4 Preparação para o atendimento inicial ao trauma
- 5 Atendimento inicial ao trauma e gestão primários
- 6 Prioridade no atendimento inicial ao trauma
- 7 Epidemiologia do Trauma
- 8 Atendimento voltado ao trauma: qual sua importância?
- 9 Causas de trauma: quais são as mais comuns?
- 10 Perguntas frequentes
- 11 Referências
Entenda tudo sobre o atendimento inicial ao trauma, como manejar o seu paciente politraumatizado e como conduzir a equipe. Bons estudos!
O atendimento inicial ao trauma é uma das habilidades desenvolvidas durante o médico preparado para o ambiente de trauma. Ele é o primeiro manejo do paciente politraumatizado e, devido a isso, o momento crítico e determinante para o prognóstico. Sendo assim, é fundamental que o médico esteja familiarizado com essa abordagem.
Atendimento inicial ao trauma: qual sua importância para o prognóstico?
O atendimento ao paciente politraumatizado é uma das abordagens mais decisivas no manejo inicial. Isso significa que, quando bem feito, ele é capaz de oferecer melhores chances para a recuperação do paciente.
A exemplo disso, pensando em um evento de parada cardiorrespiratória em ambiente extra hospitalar, os primeiros 10 minutos do evento são decisivos. Com a falta de circulação espontânea, sem compressões adequadas o comprometimento cerebral passa a ser irreversível ao alcançarmos esse tempo.
Pensando nessa importância, a relevância que serviços móveis de urgência e emergência têm é gigantesca. Os pacientes que se acidentam em ambiente extra hospitalar dependem de uma imediata abordagem, sendo essa conferida pelos serviços móveis.
Transporte no atendimento inicial ao trauma: entenda a diferença entre as unidades
O transporte nas ambulâncias de atendimento pré-hospitalar deve ocorrer da maneira mais rápida possível. Apesar disso, é dentro dessas unidades que o acompanhamento e intervenções ao paciente acontece.
A Unidade de Suporte Básico é uma ambulância que possui equipamentos capazes de oferecer um socorro de suporte básico de vida. Elas são tripuladas por um condutor socorrista, um técnico de enfermagem e um enfermeiro. Por serem unidades básicas, atendem a casos de menor complexidade.
As Unidades de Suporte Avançado (USA) são conhecidas como UTI móvel. Nessas viaturas existem equipamentos para procedimentos mais complexos. Ainda, são tripuladas por médico, enfermeiro e condutor socorrista.
ABCDE do trauma: como otimizar seu atendimento ao paciente
O ABCDE do trauma é uma sistematização criada e adotada para proporcionar um atendimento mais rápido e eficaz. Com ela, é possível identificar mais rapidamente alterações fisiológicas, a fim de tratar ou reportar à unidade.
- A – Airway;
- B – Breathing;
- C – Circulation;
- D – Disability;
- E – Exposure.
Como comentamos, o atendimento inicial é um momento crítico da abordagem do paciente. Assim, deve ser manejada com eficiência.
Preparação para o atendimento inicial ao trauma
Na preparação pré-chegada, sempre que possível, os serviços médicos de emergência (SME) devem notificar o hospital receptor que um paciente traumatizado está a caminho.
Isso fornece ao hospital receptor informações e tempo que podem ser cruciais para o tratamento do paciente gravemente ferido. Idealmente, as informações fornecidas pelo SME incluem:
- Idade e sexo do paciente;
- Mecanismo de lesão;
- Sinais vitais (alguns médicos pedem a pressão arterial mais baixa e o pulso mais alto);
- Lesões aparentes.
A notificação antecipada permite que a equipe do departamento de emergência (DE) faça o seguinte:
- Notificar pessoal adicional (por exemplo, equipe de emergência, cirurgia de trauma, obstetrícia, ortopedia, radiologia, serviços de intérpretes);
- Garantir a disponibilidade de recursos (por exemplo, USG, TC, espaço da sala de operações);
- Prepare-se para procedimentos previstos (por exemplo, intubação traqueal, tubo torácico);
- Prepare-se para transfusão de sangue.
Além disso, as informações fornecidas pelo SME antes da chegada podem ajudar os médicos hospitalares a se concentrarem nas lesões mais prováveis. Como exemplo, uma descrição de uma queda em pé, com grande altura, levanta suspeitas de fraturas do calcâneo, extremidade inferior e coluna lombar.
Da mesma forma, o relato de um prolongado afastamento do veículo a motor devido ao colapso do compartimento do lado do motorista levanta outras suspeitas. A exemplo, pode suscitar preocupação por lesões como fraturas nas costelas, contusão pulmonar e lacerações no baço e nos rins.
Precauções universais contra doenças transmitidas por sangue e líquidos devem fazer parte da preparação da equipe de trauma. Isso inclui luvas, aventais, máscaras e proteção para os olhos de todos os membros da equipe envolvidos na ressuscitação. Protetores de chumbo para a equipe devem estar disponíveis se raios-X portáteis forem realizados durante os esforços de ressuscitação.
Atendimento inicial ao trauma e gestão primários
É necessária uma abordagem clara, simples e organizada ao gerenciar um paciente gravemente ferido. A pesquisa primária promulgada no Advanced Trauma Life Support™ (ATLS™) fornece essa abordagem.
O atendimento inicial ao trauma é organizado de acordo com os ferimentos que representam as ameaças mais imediatas à vida. Em ambientes com recursos limitados, o atendimento inicial ao trauma simplifica as prioridades. Assim,todos os problemas identificados devem ser gerenciados imediatamente antes de passar para a próxima etapa da pesquisa.
No entanto, nos principais centros de trauma, muitos médicos capazes podem estar presentes, permitindo que a equipe resolva vários problemas simultaneamente.
A pesquisa principal consiste nas seguintes etapas já citadas, porém melhor detalhadas abaixo:
- A irway (via aérea e proteção): manter a estabilização da coluna cervical, quando apropriado;
- B reathing (respiração e ventilação): manter oxigenação adequada;
- C irculation (circulação): controlar hemorragia e manter adequada a perfusão do órgão final;
- D isability (neurológico): realizar a avaliação neurológica de base;
- E xposure (exposição com controle ambiental): paciente se despir e procurar em todos os lugares possíveis lesões, evitando hipotermia.
A seguir vamos analisar os principais pontos de cada etapa.
Prioridade no atendimento inicial ao trauma
Pacientes gravemente feridos podem desenvolver obstrução das vias aéreas ou ventilação inadequada, levando a hipóxia e morte em poucos minutos.
Estudos observacionais sugerem que a obstrução das vias aéreas é uma das principais causas de morte evitável entre pacientes traumatizados. Portanto, a avaliação e o manejo das vias aéreas continuam sendo os primeiros passos críticos no tratamento de qualquer paciente gravemente ferido.
Vários estudos sugerem que as listas de verificação melhoram a eficiência e reduzem as complicações associadas ao tratamento das vias aéreas em pacientes traumatizados.
Em um estudo prospectivo de 141 pacientes intubados vítimas de trauma foi realizado. Foi feita a implementação de listas de verificação de pré-chegada e pré-indução. Como resultados, reduziram-se as taxas de complicações relacionadas à intubação em 7,7% (IC 95% 0,5-14,8).
Manter a maca do paciente em um leve ângulo com a cabeça levemente elevada (posição de Trendelenburg reversa) ou elevar a cabeça a cerca de 30 graus. Essas medidas podem ser feitas se não forem necessárias precauções na coluna cervical. Assim, pode ajudar a diminuir o risco de aspiração e melhorar a capacidade pulmonar, reduzindo pressão abdominal e torácica.
Caso o paciente apresente algum nível de obstrução da via aérea, com uma respiração ruidosa, podemos fazer uma de duas manobras manuais. Assim, pode ser feita a elevação do mento ou a tração da mandíbula.

As lesões traumáticas podem variar de pequenas feridas isoladas a lesões complexas envolvendo vários sistemas orgânicos. Todos os pacientes traumatizados requerem um bom atendimento inicial ao trauma para maximizar os resultados e reduzir o risco de lesões não descobertas.
Epidemiologia do Trauma
O trauma é uma das principais causas de mortalidade globalmente.
Em todo o mundo, as lesões no trânsito são a principal causa de morte entre 18 e 29 anos. Além disso, nos Estados Unidos o trauma é a principal causa de morte em adultos jovens e representa 10% de todas as mortes entre homens e mulheres.
Mais de 45 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de deficiência moderada a grave a cada ano devido ao trauma. Somente nos Estados Unidos, mais de 50 milhões de pacientes recebem algum tipo de assistência médica relacionada ao trauma anualmente, e o trauma é responsável por aproximadamente 30% de todas as admissões em unidades de terapia intensiva.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os acidentes de trânsito foram responsáveis por 1,25 milhão de mortes em 2014. Ainda, estima-se que o trauma deva subir para a terceira principal causa de incapacidade no mundo até 2030.
Fora das áreas de conflito armado, as lesões penetrantes são responsáveis por menos de 15% das mortes traumáticas em todo o mundo, mas essas taxas variam de acordo com o país.
Como exemplos, enquanto o homicídio é responsável por até 45% das mortes em Los Angeles, os ferimentos penetrantes representam apenas 13% das mortes na Noruega. Aproximadamente metade das mortes traumáticas resultam de lesões no sistema nervoso central (SNC), enquanto um terço é resultado de exsanguinação.
Atendimento voltado ao trauma: qual sua importância?
Pacientes com lesões traumáticas graves têm uma probabilidade significativamente menor de mortalidade ou morbidade (10,4 versus 13,8%; risco relativo [RR] 0,75, IC 95% 0,60-0,95) quando tratados em um centro de trauma designado.
A idade avançada, a obesidade e as principais comorbidades estão associadas a piores resultados após o trauma. Em pacientes traumatizados com hemorragia significativa, uma pontuação mais baixa na Escala de Coma de Glasgow (GCS) e idade mais avançada são associadas independentemente ao aumento da mortalidade.
Em um grande estudo retrospectivo do Banco Nacional de Dados de Trauma dos Estados Unidos, o uso da varfarina foi associado a um risco aumentado de aproximadamente 70% de mortalidade após trauma, após o ajuste para outros fatores de risco importantes (odds ratio [OR] 1,72; IC95% 1,63-1,81).
Causas de trauma: quais são as mais comuns?
De maneira geral, as causas mais comuns de mortalidade por trauma são hemorragia, síndrome de disfunção de múltiplos órgãos e parada cardiopulmonar.
Por outro lado, as causas evitáveis de morbidade mais comuns são extubação não intencional, falhas técnicas cirúrgicas, falhas cirúrgicas, lesões perdidas e complicações relacionadas a cateteres intravasculares.
Relativamente poucos pacientes morrem após as primeiras 24 horas após a lesão. Em vez disso, a maioria das mortes ocorre no local ou nas primeiras quatro horas após o paciente chegar a um centro de trauma.
O conceito de “HORA DE OURO“, que enfatizava o aumento do risco de morte e a necessidade de intervenção rápida durante a primeira hora de atendimento após um trauma grave, foi descrito em estudos iniciais de trauma e foi divulgado em livros didáticos e cursos de instrução.
Sem dúvida, há casos em que a intervenção rápida melhora o resultado de pacientes feridos (por exemplo, vias aéreas obstruídas, pneumotórax hipertensivo, hemorragia grave), especialmente em lesões no campo de batalha.

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Perguntas frequentes
- Qual é a grande prioridade do atendimento inicial ao trauma?
Manter a oxigenação do paciente, uma vez que a hipóxia é a causa que mais potencialmente evolui para óbito no trauma. - O que significa a “Hora de Ouro”?
Essa é uma expressão que faz analogia à importância dos primeiros minutos após um evento de trauma. Sendo assim, reforça o quanto o atendimento pré-hospitalar é sensível para esses pacientes. - Qual a diferença entre uma USB e uma USA?
A diferença entre elas é o tipo de atendimento realizado. A USB atende episódios de menor complexidade. Por outro lado, a USA atende de maiores, conhecida como UTI móvel.
Referências
- ATLS, 2019.
- PHTLS, 2020.