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Logo abaixo, confira um caso clínico de Distúrbio Depressivo de Conduta e saiba o que fazer com pacientes que chegam ao hospital com os sintomas da doença – exames, diagnóstico e tratamento.
Identificação do paciente
M. G. F., sexo feminino, 35 anos.
Queixa principal
“Deu umas coisas” (sic). A paciente disse que não poderia explicar melhor o que aconteceu e chamou o marido que a acompanha durante o período de internação. O acompanhante diz que se trata de uma crise depressiva.
História da doença Atual (HDA)
Acompanhante relata que a paciente foi encaminhada à UPA há 9 dias e transferida para a ala psiquiátrica do HMPGL há 8 dias por não reconhecer as pessoas, gritar, sair para a rua e agarrar pessoas que se aproximassem.
Antecedentes pessoais, familiares e sociais
Acompanhante relata crises de choro por 15 anos com possível piora após realização de cirurgia de retirada de cálculos na vesícula biliar há 11 meses por não querer realizar o procedimento.
Teve um histórico de outra internação 7 meses atrás que melhorou com o tratamento medicamentoso. Como tiveram dificuldade de encontrar esses medicamentos nas farmácias, interromperam o tratamento após o término dos comprimidos. Nega diabetes ou hipertensão arterial.
Acompanhante relata que sintomas semelhantes ocorreram com uma tia.
Nega alcoolismo, nega tabagismo ou uso de drogas ilícitas. Sedentária. Boa qualidade do sono, prejudicada nas crises.
Exame psicopatológico
Atitude geral: Apática, com sinais de desregulação de sono;
Atitude expressa em palavras: Fala pouco e apenas quando solicitada, sem afasias ou disartrias;
Pensamento: Lentificado, porém com conteúdos coerentes;
Consciência: Preservada;
Orientação: Capaz de responder bem questões simples;
Memória: A paciente negou casos semelhantes na família ou internação anterior;
Sensopercepção: Paciente não relata alterações;
Inteligência: Dentro da normalidade;
Afetividade e humor: Afetividade diminuída e humor depressivo;
Vontade e psicomotricidade: Capacidade de expressar seus desejos preservada e atividade psicomotora diminuida;
Noção do estado mórbido: Presente;
Planos para o futuro: Voltar para casa e cuidar dos filhos.
Hipótese diagnóstica
Distúrbio depressivo de conduta (CID-10: F92.0)
Discussão do caso de Distúrbio Depressivo de Conduta
Considerando o quadro clínico em questão, pode-se afirmar que a paciente possui como diagnóstico sindrômico de depressiva com alguns quadros de agudização ao longo de 15 anos ocorrendo, no último ano, exacerbações importantes com condutas comportamentais inadequadas.
Estudos sobre a depressão e a melancolia datam do século IV a. C. com os humores hipocráticos dada a seu forte impacto na sociedade. Sabe-se hoje que a depressão é responsável por pelo menos 4,3% das debilitações ao longo do mundo sendo a segunda doença mental mais comum atingindo 20% de toda população dos países desenvolvidos em algum momento de suas vidas (SILVA et al., 2015).
Pode ser caracterizada clinicamente como uma tríade de sintomas de humor depressivo, anedonia e baixa energia ou fadiga (WONG; LICINO, 2001). Além do tratamento farmacológico com antidepressivos, pode-se utilizar terapias eletroconvulsivas, psicanalíticas e cognitivas comportamentais ou interpessoais no tratamento da depressão (HUNDT et al., 2013; BLOCK; NEMEROFF, 2014).
Referências:
HUNT, Stephen P.; MANTYH, Patrick W.. The molecular dynamics of pain control. Nature Reviews Neuroscience, Nova York, v. 2, n. 2, p.83-91, fev. 2001. Nature Publishing Group. Disponível em: https://www.nature.com/articles/35053509 . Acessado em: 05 de dez. de 2016.
SILVA, Darlan dos Santos Damásio et al . Depressão e risco de suicídio entre profissionais de Enfermagem: revisão integrativa. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 49,n. 6,p. 1023-1031, Dez. 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342015000601023&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 05 de dez. de 2016.
WONG, Ma-li; LICINIO, Julio. Research and treatment approaches to depression. Nature Reviews Neuroscience, Nova York, v. 2, n. 5, p.343-351, maio 2001. Nature Publishing Group. Disponível em: http://www.nature.com/nrn/journal/v2/n5/abs/nrn0501_343a.html