Índice
O infarto agudo do miocárdio é uma das principais causas de morte por doença cardiovascular e assim é de suma importância conhecer casos clínicos e se preparar da melhor forma possível.
Apresentação do caso clínico
Trata-se de um paciente de 68 anos, masculino, pardo, casado, natural e residente do interior da Paraíba, operário aposentado, analfabeto, católico, filiado ao SUS. Este relata que a um longo tempo tem sentido uma dor torácica leve insidiosa, em pontada, sem relação com outras sintomatologias e sem fatores desencadeantes, agravantes ou atenuantes, sendo que, continuou a exercer suas atividades cotidianas normalmente.
Além disso, também vale-se ressaltar que ele é um paciente com histórico familiar para IAM, obeso, sedentário e diabético de longa data (DM tipo II), mas que não fez um acompanhamento médico ou mudança alimentar, nesse período de tempo supracitado.
Até que há 6 dias, o paciente foi surpreendido por uma dor súbita, aguda, de alta intensidade e constritiva, que se iniciou na região mandibular e irradiou para região torácica.
Nesta ocasião, o paciente estava ansioso e chorava copiosamente, assim, procurou o serviço de saúde de sua cidade (São Bento), onde foi medicado e encaminhado para um tratamento mais especializado em Patos, no qual, ficou internado por 2 dias e realizou exame de sangue, foi estabilizado e medicado, realizou também um ECG, no qual este foi diagnosticado com IAM com supra ST nas derivações V1, V2 e V3, ou seja, comprometimento da parede anterior do miocárdio.
Após esse tempo, foi transferido novamente, dessa vez para o hospital de referência em cardiologia, onde se encontra atualmente, e onde realizou um procedimento de cateterismo.
Abaixo podemos identificar as alterações no ECG do paciente:

No momento, o paciente encontra-se assintomático, sem dor, a espera de uma cirurgia de revascularização, pois esta, a priori, não foi realizada devido suas taxas de glicemia muito altas, 400 mg/dL.
Outrossim, como já referido, o paciente é diabético descompensado e fazia uso de medicamento regular para tratar tal enfermidade ou em geral, e que apenas após seu período de internação, iniciou terapia medicamentosa para controlar sua glicemia e viabilizar o procedimento.
Questões para orientar a discussão sobre o caso clinico de IAMCSST
1 – Qual o conceito de Infarto do Miocárdio e o que é necessário para diagnosticá-lo?
2 – Diferencie um infarto com supra de ST de um sem supra de ST quanto as alterações eletrocardiográficas e Marcadores de Necrose Miocárdica.
3 – Qual provável artéria acometida no caso supracitado, lembrando que houve alterações de supra ST nas derivações V1, V2 e V3?
4 – Quais fatores de risco para IAM o paciente do caso possui?
5 – Como você poderia descrever o ECG apresentado?
Respostas
1 – O Infarto do Miocárdio é definido pela oclusão completa ou oclusão parcial das artérias coronárias que leva à hipoperfusão miocárdica/total isquemia e necrose celular. Para o diagnóstico é necessário uma boa anamnese e exame físico, acompanhados do Eletrocardiograma e Marcadores de Necrose Miocárdica.
2 – O infarto sem supra de ST é caracterizado por uma dor torácica retroesternal, desencadeada por esforço e aliviada após uso de nitrato sublingual ou repouso, acompanhada de uma depressão do segmento ST no ECG, podendo ou não haver alteração nos Marcadores de Necrose Miocárdica. Se houver alteração de MNM, o diagnóstico mais provável é que seja um Infarto Agudo no Miocárdio sem supra de ST; se estes marcadores estiverem com valores normais, o mais provável é que se trate de uma Angina Instável. Já o infarto com supra de ST justifica-se pela elevação dos Marcadores de Necrose Miocárdica junto com um supradesnivelamento do segmento ST no ECG.
3 – Como as derivações V1, V2 e V3 são representadas por eletrodos que demonstram a parede anterior do coração, temos que provavelmente a artéria acometida foi a artéria descendente anterior que faz a irrigação desse território.
4 – O paciente em questão tem diversos fatores de risco como histórico familiar de IAM, diabetes descompensada e obesidade.
5 – Nota-se um ritmo sinusal e regular, com frequência cardíaca entre 75-100 bpm, amplitudes de segmento PR e complexo QRS normal, evidenciando ausência de bloqueio de ramo / divisional. Além disso, percebe-se um supradesnivelamento do segmento ST em derivações anteriores (V1, V2 e V3), com possível infarto de Artéria Descendente Anterior e ausência de área inativa (onda Q patológica).
Posts relacionados
- Marco da cardiologia: saiba mais sobre o novo tratado de ECG
- Morte x cérebro: o que se passa na nossa mente no fim da vida?
- O que preciso saber sobre a aula prática de anatomia do cérebro?
Confira o vídeo:
Quer saber mais sobre o teste diagnóstico mais realizado na prática clínica? Conheça nosso Manual de ECG!
Área: Cardiologia/ Cirurgia Vascular
Autora: Maria Emília Matos Pequeno Dias
Revisor (a): Eduardo Henrique Sarmento Bastos
Orientador (a): Erotildes Alexandre Costa
Liga: LAAOCCI – Liga Acadêmica de Anatomia orientada para a clínica cirúrgica