Pediatria

Caso Clínico “Dor de garganta há 6 dias” | Ligas

Caso Clínico “Dor de garganta há 6 dias” | Ligas

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Apresentação do caso clínico

Paciente do sexo masculino, 12 anos, pardo, estudante, procedente e residente de Goiânia-GO, procurou a Unidade Básica de Saúde acompanhado da mãe queixando-se de “dor de garganta e dificuldade para engolir” há 6 dias. Paciente referiu febre (38,2ºC) há 3 dias, com melhora ao uso de paracetamol e inapetência. Nega vômito, doenças prévias e alergias. Mãe referiu que o paciente nasceu de parto normal sem intercorrências e apresentou desenvolvimento neuropsicomotor adequado. Vacinação atualizada. Mãe hígida e pai hipertenso, não possui irmãos.

  Ao exame físico, apresentou prostração, estado geral regular, lúcido e orientado em tempo e espaço, normocorado, normohidratado, acianótico, anictérico, afebril e normotenso (110×60 mmHg). A oroscopia revelou hiperemia e exsudato faríngeo, amígdalas grau 2 de Brodsky, ausência de abscesso. Aparelho respiratório com murmúrios vesiculares presentes bilateralmente e simétricos sem ruídos adventícios, eupneico (16 ipm). Aparelho cardiovascular em taquicardia (FC: 110 bpm), ritmo cardíaco regular, em dois tempos, bulhas normofonéticas, sem sopros. A otoscopia revelou conduto auditivo preservado e sem hiperemia, membrana timpânica íntegra e translúcida de superfície lisa. Extremidades bem perfundidas. Linfonodos cervicais palpáveis, menores de 1 cm, móveis, consistência fibroelástica e dolorosos à palpação, ausência de linfadenopatia generalizada.

Foi prescrito o tratamento com Amoxicilina via oral 50mg/kg/dia por 10 dias, a ser iniciado de imediato, e manutenção do paracetamol, se febre. A mãe foi orientada a levar a criança à sala da enfermagem para coleta de material para cultura de orofaringe e retornar em 72 horas para reavaliação e resultados dos exames.

Na consulta de retorno a criança relatou remissão total da febre com persistência de odinofagia em ardor, sem surgimento de novos sintomas. O exame físico não apresentou alterações. A cultura de orofaringe indicou presença de estreptococos beta-hemolítico do grupo A. A mãe foi informada quanto à possibilidade de surgimento de glomerulonefrite pós-estreptocócica e foi orientada quanto aos sinais e sintomas manifestos, bem como a necessidade de retorno imediato ao atendimento médico caso houvesse surgimento desses. Foi mantido o tratamento estabelecido previamente e dada a alta desse quadro.

Questões para orientar a discussão do caso de “dor de garganta”

1. Qual o diagnóstico do caso? Com base em quais critérios foi possível firmar esse diagnóstico?

2. Caso a criança apresentasse alergia à penicilina, quais seriam as alternativas de tratamento?

3. Quais as complicações mais comuns dessa patologia?

4. Se o tratamento fosse instituído mais precocemente poderia ter evitado a possibilidade de glomerulonefrite pós-estreptocócica?

Respostas para discussão

  1. Faringite bacteriana causada por estreptococos beta-hemolíticos do grupo A. O diagnóstico de faringite é clínico e baseado em critérios pré-estabelecidos, como a febre, presença de linfonodos cervicais dolorosos, exsudato faríngeo e a duração dos sintomas. Atualmente uma das ferramentas clínicas mais utilizadas para indicar a possibilidade do agente etiológico, e consequentemente a necessidade de tratamento com antibioticoterapia, é o Escore de Centor Modificado por McIsaac. O qual atribui pontos a cada sinal clínico que indique ser causado por Streptococcus do grupo A. Sendo recomendado o tratamento sempre que somar 3 ou mais pontos, como no caso em questão.
  • 2. Em caso de alergia à penicilina pode-se optar em administrar clindamicina (10 a 40 mg/kg/dia) ou macrolídeos, como eritromicina (30 a 50 mg/kg/dia) ou azitromicina (5 a 12 mg/Kg/dia), sendo esses menos eficazes que a penicilina e seus derivados.
  • 3. Caso o tratamento adequado e imediato não fosse ofertado, o quadro poderia ser complicado com a formação de abscessos retrofaríngeo ou peritonsilar e febre reumática (se não administrado o tratamento em até 9 dias). Outra complicação dessa patologia é a glomerulonefrite pós-estreptocócica.
  • 4. Não, diferentemente das demais complicações dessa infecção, a glomerulonefrite pós-estreptocócica não é prevenível com o uso de antibioticoterapia.

Autores, orientadores e revisores:

  • Área: Pediatria/Otorrinolaringologia
  • Autora: Thayná Larêssa Alves Borges
  • Revisora: Karollyne da Silva Morais
  • Orientadora: Kelly Cristina Alves Borges
  • Liga: Liga Médico Acadêmica de Cirurgia Plástica do Distrito Federal (LIMACIP-DF)

Sugestão de leitura complementar

Confira o vídeo: