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Com a atual evolução da pandemia, os exames para saber se uma pessoa está com COVID-19 se tornaram comuns ao dia a dia, portanto, a sua interpretação correta é de suma importância.
Para a interpretação dos testes de COVID-19 é necessário antes entender o básico de como funciona cada exame e qual o momento correto para realizá-los. Desta forma, podemos diminuir a probabilidade dos falsos-negativos, que também fazem parte da interpretação.
Quais são os principais tipos de exames de covid-19?
Existem três testes principais relacionados à doença: o RT-PCR, o teste de sorologia, e o teste rápido. O primeiro se trata de um teste molecular que detecta o vírus causador da COVID-19 (SARS-CoV-2) por meio de sua replicação.
Os dois últimos obtêm seus resultados através da identificação de anticorpos (IgA, IgM e IgG) contra o vírus. Cada um possui uma interpretação adequada.
Qual o melhor exame de covid-19: RT-PCR ou sorologia?
A infecção pelo SARS-CoV-2 é dividida em estágios, no início da infecção há o período de incubação, em que o vírus não é detectável, seguido pelo período sintomático, em que é possível detectar o vírus.
Os testes devem ser feitos no período sintomático, e cada teste em um período da evolução da doença.
- Entre o 3º e o 7º dia após o início dos sintomas: recomenda-se o RT-PCR.
- A partir do 8º dia após o início dos sintomas: recomenda-se o teste de sorologia ou teste rápido.
A escolha de qual o melhor exame para realizar depende do momento em que a infecção se encontra. Ao realizar os exames fora dessas recomendações, aumentam as chances de diagnósticos incorretos.
RT-PCR (Reverse transcription polymerase chain reaction)
O teste molecular identifica a presença atual do vírus, detectando uma pequena parte de seu genoma em swabs de mucosa nasal ou orofaríngea. Realizado na fase inicial da infecção, entre o 3º e 7º dias de sintomas, esse exame é de alta especificidade e sensibilidade, ou seja, se realizado no período correto, dificilmente apresenta falsos-negativos.
A recomendação para o teste ser realizado entre o 3º e 7º dias de sintomas ocorre, pois neste período a carga viral é maior.
Após o 7º dia de sintomas, ocorre diminuição da quantidade de partículas virais no organismo, aumentando a chance de falsos-negativos.
Resultado: Detectável
Este resultado indica a presença do vírus na amostrarecolhida. Isso significa que há infecção pelo SARS-CoV-2 no indivíduo que realizou o exame, e, provavelmente, está no período inicial da infecção, sendo capaz de transmitir a doença.
Resultado: Não detectável
Este resultado indica a ausência do vírus na amostrarecolhida. Neste caso, significa uma possível ausência de infecção. Há possibilidade de ser um falso-negativo, principalmente nos casos em que a amostra foi coletada fora do período de 3-7 dias de sintomas.
Sorologia
O teste sorológico identifica a presença de anticorpos IgA, IgM e IgG contra o SARS-CoV-2 numa amostra sanguínea. Por se basear na detecção de anticorpos, este exame é recomendado fazer após o 8º dia de sintomas, pois o organismo leva um tempo para produzi-los.
De acordo com pesquisas, a detecção dos anticorpos de fase aguda (IgA e IgM) pode ser iniciada a partir do 5º dia de sintoma. Já os anticorpos da classe IgG podem ser detectados a partir do 7º dia de sintoma em diante.
Resultado: IgM/IgA reagente ― IgG não reagente
Este resultado indica a presença de anticorpos IgM/IgA e ausência de anticorpos IgG contra o SARS-CoV-2 na amostra analisada.
A presença de IgM/IgA sugere infecção na fase ativa, e o organismo está combatendo a doença. Combinado com a ausência de IgG, que indica que seu organismo ainda não produziu anticorpos de longo prazo contra o SARS-CoV-2.
Resultado: IgM/IgA reagente ― IgG reagente
Este resultado indica a presença de anticorpos IgM/IgA e IgG contra o SARS-CoV-2 na amostra analisada.
A presença das duas classes de anticorpos significa que o indivíduo está na fase ativa da doença e produzindo anticorpos de imunidade a longo prazo.
Resultado: IgM/IgA não reagente ― IgG reagente
Este resultado indica a ausência de anticorpos IgM/IgA e presença de anticorpos IgG contra o SARS-CoV-2 na amostra analisada.
Essa combinação indica uma provável infecção passada. A ausência de IgM/IgA significa que o organismo não está com infecção na fase ativa, e a presença de IgG indica que seu organismo já produziu anticorpos de longo prazo devido a um contato prévio com o vírus.
Resultado: IgM/IgA não reagente ― IgG não reagente
Este resultado indica a ausência de anticorpos contra o SARS-CoV-2 na amostra analisada. Pode se tratar de uma ausência de infecção, ou um falso-negativo, quando o organismo ainda não produziu anticorpos para serem detectados, principalmente quando o exame não foi feito dentro do período recomendado.
Teste rápido
O teste rápido também é um exame sorológico que detecta a presença de anticorpos IgM e IgG contra o SARS-CoV-2 numa amostra sanguínea. Porém, diferente do teste anterior, este apenas detecta que há anticorpos, sem distingui-los.
Resultado: Reagente/Positivo
Indica a presença de anticorpos contra o SARS-CoV-2. Pode ser IgM e IgG juntos, ou isolados. Não é capaz de identificar a fase da doença.
Resultado: Não reagente/Negativo
Indica a ausência de anticorpos contra o SARS-CoV-2. Pode significar que nunca houve contato com o vírus, mas, assim como o teste sorológico, pode ser um falso-negativo quando a amostra foi coletada precocemente.
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.
Referências:
Serological tests for COVID-19: Interpretation and practical applications
VOCÊ SABE INTERPRETAR OS TESTES DA COVID-19?- site do Ministério da Saúde