Nutrologia

Como solicitar e interpretar exames em nutrigenômica e microbiota?

Como solicitar e interpretar exames em nutrigenômica e microbiota?

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Exame em nutrigenômica e microbiota: tudo o que você precisa saber para sua prática clínica!

A nutrigenômica é um campo de estudo que investiga a relação entre a genética de um indivíduo e sua resposta aos nutrientes presentes na dieta. Já os exames em microbiota geralmente envolvem a coleta de amostras de fezes para análise laboratorial.

É importante ressaltar que tanto os exames em nutrigenômica quanto os relacionados a microbiota passam por constante evolução e são áreas de pesquisa que estão se desenvolvendo.

O que é nutrigenômica?

Essa área de pesquisa busca compreender como os genes influenciam a forma como o corpo processa, metaboliza e utiliza os nutrientes. 

Além disso, essa área busca analisar como as variações genéticas podem influenciar a suscetibilidade a certas doenças relacionadas à alimentação. 

Quando pedir exames em nutrigenômica para o paciente?

Pedir um exame de nutrigenômica pode ser uma ferramenta valiosa para compreender as necessidades nutricionais individuais e personalizar a abordagem alimentar. Existem várias razões pelas quais é necessário considerar a realização de um exame de nutrigenômica: 

  • Personalização da dieta
  • Identificação de intolerâncias alimentares
  • Prevenção de doenças
  • Resposta a dietas específicas

Personalização da dieta

A genética de cada indivíduo desempenha um papel fundamental em como seu corpo responde aos nutrientes. Ao conhecer as variações genéticas específicas relacionadas ao metabolismo dos nutrientes, é possível personalizar a dieta de acordo com as necessidades individuais.

Isso pode ajudar a otimizar a absorção de nutrientes e melhorar a saúde e o bem-estar geral. 

Identificação de intolerâncias alimentares nos exames em nutrigenômica

Algumas variações genéticas podem estar associadas a intolerâncias alimentares, como a intolerância à lactose ou ao glúten

Realizar um exame de nutrigenômica pode ajudar a identificar essas predisposições genéticas, permitindo que o indivíduo faça escolhas alimentares mais adequadas e evite alimentos que possam causar desconforto ou problemas de saúde. 

Prevenção de doenças

Certas variações genéticas estão relacionadas a um maior risco de desenvolvimento de doenças crônicas, como:

  • Obesidade
  • Diabetes tipo 2 
  • Doenças cardiovasculares. 

Ao realizar um exame de nutrigenômica, é possível identificar essas predisposições genéticas e adotar estratégias preventivas personalizadas, como modificações na dieta e estilo de vida, para reduzir o risco dessas doenças. 

Resposta a dietas específicas nos exames em nutrigenômica

A nutrigenômica pode fornecer informações valiosas sobre como o corpo de um indivíduo responde a diferentes tipos de dieta, como dietas com:

  • Baixo teor de carboidratos
  • Baixo teor de gordura 
  • Restrição calórica. 

Com base nas variações genéticas identificadas, é possível adaptar a dieta de acordo com as necessidades específicas de cada pessoa, maximizando os benefícios à saúde e ao peso corporal. 

Como interpretar os exames em nutrigenômica?

A interpretação de um exame de nutrigenômica é uma tarefa complexa que requer conhecimentos especializados e uma compreensão aprofundada da relação entre genética e nutrição. 

Para analisar de forma correta, é necessário familiarizar-se com as variantes genéticas. Ao analisar o relatório do exame de nutrigenômica, é essencial compreender as variantes genéticas identificadas. Cada variante pode ser classificada como:

  • Normal
  • Heterozigoto 
  • Homozigoto, 

E elas podem indicar se há uma variação genética presente em nenhuma, uma ou ambas as cópias do gene. Essa classificação é fundamental para entender o impacto dessas variações no metabolismo dos nutrientes. 

Impacto metabólico das variantes nos exames em nutrigenômica

As variantes genéticas identificadas podem influenciar o metabolismo de diferentes nutrientes. É importante examinar como essas variantes podem afetar a capacidade do organismo de processar e utilizar carboidratos, gorduras, proteínas e vitaminas.

Essas informações podem ajudar a adaptar a abordagem nutricional do paciente, fornecendo recomendações mais personalizadas. 

Como o exame de nutrigenômica também pode fornecer informações sobre as predisposições genéticas do paciente a intolerâncias alimentares, você pode orientar o paciente a evitar alimentos problemáticos e ajudá-lo a selecionar opções mais adequadas em sua dieta. 

Além disso, com base nas variantes genéticas identificadas, é possível personalizar a abordagem nutricional para atender às necessidades específicas do paciente. Por exemplo, recomendações podem ser feitas em relação à proporção de macronutrientes, como carboidratos, proteínas e gorduras, na dieta do paciente. 

A interpretação adequada de um exame de nutrigenômica requer conhecimento especializado. É altamente recomendável colaborar com nutricionistas especializados em genética, que possuem experiência e conhecimentos específicos nessa área.

Como é feito o exame de microbiota intestinal?

É um procedimento que permite a avaliação detalhada dos microrganismos que habitam o intestino humano. Essa análise é realizada por meio de técnicas avançadas de sequenciamento genético. Sendo responsáveis por fornecer informações valiosas sobre a composição e diversidade da microbiota intestinal.

A coleta da amostra é geralmente feita através de uma amostra de fezes. Os laboratórios fornecem kits específicos para a coleta, que incluem recipientes estéreis e instruções detalhadas. O paciente coleta uma pequena quantidade de fezes e a coloca no recipiente fornecido, garantindo que a amostra esteja adequadamente selada para preservar sua integridade.

Após a coleta, a amostra de fezes passa por um processo de preparação. Isso envolve a extração do material genético dos microrganismos presentes na amostra. A extração é realizada por meio de técnicas laboratoriais específicas que isolam o DNA ou o RNA dos microrganismos da amostra. Assim, permitem que sejam analisados em seguida.

Com base nas análises bioinformáticas, é gerado um relatório de resultados que descreve a composição e a diversidade da microbiota intestinal do paciente. O relatório pode incluir informações sobre:

  • Espécies bacterianas predominantes
  • Abundância relativa dos diferentes grupos taxonômicos
  • Presença de microrganismos específicos 
  • Possíveis correlações com condições de saúde.

Quando pedir exame de microbiota para o paciente?

O pedido de um exame de microbiota para um paciente pode ser considerado em várias situações clínicas, especialmente quando há suspeita ou necessidade de avaliar a saúde intestinal. 

Os principais cenários em que pode ser apropriado solicitar um exame de microbiota:

  • Distúrbios gastrointestinais
  • Síndrome do intestino irritável (SII)
  • Doenças inflamatórias intestinais (DII)
  • Intolerâncias alimentares
  • Avaliação pré e pós-antibióticos: os antibióticos podem ter um impacto significativo na microbiota intestinal, levando a desequilíbrios ou disbiose
  • Condições relacionadas à saúde mental: estudos emergentes têm demonstrado a ligação entre a saúde intestinal e a saúde mental. Em casos de transtornos como a depressão, ansiedade ou transtorno do espectro autista, um exame de microbiota pode oferecer informações sobre possíveis alterações na composição microbiana e seu papel potencial nessas condições.

Como interpretar um exame de microbiota intestinal?

A interpretação de um exame de microbiota intestinal deve levar em consideração o quadro clínico do paciente e a análise dos dados do exame. Aqui estão algumas considerações importantes ao interpretar um exame de microbiota intestinal:

  1. Composição microbiana: os resultados podem incluir a identificação de espécies bacterianas, grupos taxonômicos ou até mesmo níveis de abundância relativa. A interpretação deve levar em conta as espécies predominantes.
  2. Diversidade microbiana: a diversidade da microbiota intestinal também é um aspecto importante a ser considerado. Uma microbiota diversa é geralmente associada a uma melhor saúde intestinal. A baixa diversidade pode indicar um desequilíbrio ou uma redução da variedade de microrganismos presentes.
  3. Desequilíbrios ou disbiose: o exame de microbiota pode revelar desequilíbrios na composição microbiana, conhecidos como disbiose. Isso pode ser caracterizado por uma diminuição ou aumento anormal de certos grupos de microrganismos. 
  4. Marcadores associados a condições de saúde: alguns estudos têm identificado padrões de microbiota associados a certas condições de saúde, como doenças inflamatórias intestinais, obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e distúrbios neuropsiquiátricos. A presença ou ausência de marcadores específicos pode fornecer informações adicionais sobre o estado da saúde intestinal e possíveis associações com condições clínicas.

A interpretação dos resultados do exame de microbiota deve ser sempre feita em conjunto com o contexto clínico do paciente, incluindo seus sintomas, histórico médico, medicamentos em uso e outros fatores relevantes

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Referência bibliográfica

  • Sichieri, R., & Escrivão, M. A. M. (Eds.). (2020). Tratado de Nutrologia. 2ª edição. São Paulo: Editora Roca.
  • TAMBURINI, S. et al. The microbiome in early life: Implications for health outcomes. Nature Medicine, v. 22, n. 7, p. 713–722, 2016.

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