Psiquiatria

Distimia: etiologia, quadro clínico, diagnóstico e tratamento

Distimia: etiologia, quadro clínico, diagnóstico e tratamento

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É fácil reconhecer um paciente com depressão, né? Nem sempre! A distimia é uma forma de depressão crônica, não-episódica, de sintomatologia menos intensa do que as chamadas depressões maiores.

Diferente das apresentações mais comuns de depressão, a distimia não possui uma mudança brusca de comportamento ou algo que geralmente relacione esse quadro a patologias mais agudas. Transtorno distímico é uma forma crônica e incapacitante de depressão, ocorrendo em uma parcela substancial da população (3 a 6%) e aumentando os riscos de transtorno depressivo maior.  A prevalência da distimia é de aproximadamente 3 a 6% da população em geral, sendo mais comum em mulheres do que em homens e subdiagnosticada.

Etiologia

A etiologia da distimia é complexa e multifatorial, estando envolvidos mecanismos etiológicos biológicos e psicológicos. Esses fatores múltiplos — hereditariedade, predisposição, temperamento, fatores de vida, estressores biológicos, gênero, etc. — convergem na produção da desregulação do sistema de recompensa. Eventos de vida estressantes na infância são muito freqüentes.

Fatores de risco

Entre os pacientes que possuem algum transtorno mental, aproximadamente 36% apresentam sintomas depressivos leves e de longa duração – indicando um quadro de distimia. Dessa forma, é comum uma pessoa que tem um transtorno mental, como pânico ou fobia, desenvolver sintomas depressivos. É o que os psiquiatras chamam de “comorbidade”, quando dois ou mais quadros psiquiátricos se associam num mesmo indivíduo.

Outros fatores como ter um parente de primeiro grau com distimia ou depressão, eventos estressantes e ser excessivamente dependente de aprovação e atenção das pessoas próximas, também são fatores de risco para distimia.

Quadro Clínico

A atual nosografia oficial classifica a distimia como um transtorno de humor, diferenciando-se do TDM por ser crônica e menos severa.

Os pacientes com distimia frequentemente são sarcásticos, niilistas, rabugentos, exigentes e queixosos. Eles podem ser tensos, rígidos e resistentes às intervenções terapêuticas, embora compareçam regularmente às consultas. Apesar de o transtorno cursar com um funcionamento social relativamente estável, essa estabilidade é relativa, visto que muitos desses pacientes investem a energia que têm no trabalho. As pessoas com distimia também apresentam altas taxas de faltas no trabalho, comparáveis às taxas de abstenção por cardiopatias – uma das causas mais comuns no mundo inteiro.

O perfil do transtorno distímico revela tendência a um predomínio dos sintomas sobre os sinais (depressões mais subjetivas que objetivas), outra diferença em relação ao Transtorno Depressivo Maior. Vale lembrar que o Transtorno Depressivo Maior é a patologia psiquiátrica que mais frequentemente aparece associada à distimia.

Sintomas distimia geralmente vêm e vão ao longo de um período de anos, e sua intensidade pode mudar ao longo do tempo. Quando a distimia começa antes dos 21 de idade, ele é chamada de distimia de início precoce. Quando começa depois disso, ele é chamada de distimia de início tardio. A despeito das diferenças entre os critérios do DSM-IV e da CID-10 para início precoce e tardio do transtorno distímico e das controvérsias quanto à relevância dessa distinção, essa classificação é aceita, e muitos trabalhos têm demonstrado diferenças significativas entre os dois grupos.

Diagnóstico

Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição ou DSM-5, o diagnóstico clínico é feito a partir do humor deprimido na maior parte do dia, na maioria dos dias, por pelo menos 2 anos (em crianças e adolescentes, humor pode ser irritável por mínimo de 1 ano). Além do humor deprimido:

  • Apetite reduzido ou em excesso,
  • Insônia ou hipersonia
  • Fadiga ou baixa de energia
  • Baixa autoestima
  • Concentração pobre
  • Sentimentos de desesperança

Tratamento

Pode ser necessário o uso de medicamentos, mas o tratamento só funciona quando está aliado a psicoterapia. É na terapia que esta pessoa aprende a mudar sua forma de pensar e de ver o mundo. Ela substitui as crenças pessimistas e negativas por uma forma mais leve de pensar a vida.

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