A depressão maior, também chamada de unipolar, é o distúrbio do humor mais encontrado em toda população. É mais comum em mulheres, com caráter familiar e apresentando episódio único ou de maneira recorrente.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) denominou a depressão maior como “o mal do século” e calcula que 450 milhões das pessoas que procuram o serviço de saúde possuem problemas mentais e psicossociais não corretamente diagnosticados e tratados.
Nesse momento, o papel do médico psiquiatra e do psicólogo (ambos em ação conjunta!) nessa patologia é fazer com que o paciente entenda que o problema possui solução. Apesar do paciente acreditar que não existe solução, por conta da própria fisiopatologia da doença (e.g. baixa produção de hormônios) que retira a vitalidade do mesmo. Depressão possui resolução e tratamentos embasados pela literatura médica.
Clínica
No exame mental, o paciente apresenta sintomas compatíveis com o estado de humor rebaixado. Primeiramente, na dimensão do pensamento, a desesperança, o pessimismo, ruminações de mágoas antigas, pensamentos de inutilidade e morte, autoculpabilização extrema, autoestima diminuída e sentimento de incapacidade. Na cognição teremos dificuldade de concentração, memória e na tomada de decisões. A psicomotricidade também pode estar afetada, com latência no tempo de resposta, diminuição do fluxo da fala. Em casos graves, pode haver sintomas psicóticos como delírios de ruína, miséria, culpa e alucinações auditivas de conteúdo depreciativo ou de comando suicida.
Vale lembrar que o paciente pode ter tanto insônia quanto hipersonia, assim como pode ter perda ou aumento de peso. Aquelas que cursam com aumento de peso e hipersonia são chamadas de atípicas e possuem relação com transtorno bipolar.
Veja aqui isso na prática com um caso clínico.

Diagnóstico DSM-5
Sua identificação nem sempre é feita e possui vital importância para o médico, visto que é um problema comum, sério, incapacitante e tratável. Segundo o DSM 5, o diagnóstico de depressão maior é clínico e feito a partir de episódios de sintomas persistentes de pelo menos 2 semanas de duração, alterações no afeto, cognição e funções neurovegetativas. Existem pelo menos 5 sintomas presentes a maior parte do dia, quase todos os dias.
Pelo menos 1 desses sintomas é:
- Humor deprimido (em crianças e adolescentes pode ser humor irritável);
- Diminuição do prazer ou interesse na maioria das atividades.
Pelo menos 4 ou 3 dos demais sintomas:
- Perda ou ganho de peso significativo de peso não intencional;
- Insônia ou sonolência excessiva (a sonolência é importante para diagnósticos de depressão atípica);
- Agitação (depressões ansiosas) ou retardo psicomotor (retardo é mais frequente);
- Fadiga, cansaço ou perda de energia;
- Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva inapropriada;
- Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão;
- Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida, com ou sem plano.
- Quando existe ideação suicida, estamos diante de um quadro depressivo grave.
Lembrando que também possuímos a classificação de acordo com o CID-10, que será o código que irá ser colocado em prontuário.
Tratamento
Mesmo em casos onde a depressão maior é mais profunda, é possível uma recuperação total do paciente (resposta superior a 80%). O tratamento se da principalmente em dois âmbitos: comportamentais e farmacológicos.
No comportamental, após identificar as causas que levaram ao distúrbio, o médico pode orientar seu paciente para a melhor forma de tratar o problema. A Terapia Cognitivo-Comportamental ajuda o paciente a melhorar seus pensamentos negativos. Mostrará saídas positivas e realistas para que haja uma mudança de comportamento e, consequentemente, a melhora do quadro. Também é útil outros tipos de psicoterapia como terapia Interpessoal, terapia em grupo e terapia familiar.
Antes de tomar a decisão sobre qualquer tipo de tratamento, o médico fará exames clínicos, com perguntas sobre a saúde do paciente e os sintomas que são mais aparentes. Então, em alguns casos pode também existir a necessidade de exames laboratoriais. Eles excluem possibilidades de outros transtornos e ajudam a identificar problemas físicos já desencadeados devido a depressão.
Quanto o uso medicamentoso, todos os antidepressivos possuem boa eficácia, mas é importante considerar:
- Mecanismo de ação
- Perfil de efeitos colaterais
- Comorbidades
A orientação pode ser para dosagens controladas de medicamentos antidepressivos, terapias de fala ou uma combinação dos dois tipos.
As principais classes medicamentosas utilizadas são :
- Antidepressivos tricíclicos (Amitriptilina: Tryptanol – 25mg – 75 mg);
- ISRS – Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (Fluoxetina: Prozac – 20 mg);
- IMAO – Inibidores da monoamina oxidase (Tranilcipromina: Parnate – 10mg);
- Inibidores de recaptação de serotonina e norepinefrina (Venlafaxina – efeito dual a partir de 150mg).
Esses medicamentos podem trazer efeitos como o ganho de peso, sonolência, náuseas e vômitos, diarréia e impotência sexual. Entre complicações mais graves, podemos destacar as convulsões, problemas cardíacos e delírios. No caso de apresentar um dos três, é recomendado retornar ao médico o mais urgente possível.