Psiquiatria

Diagnóstico de Depressão segundo o DSM-5: como identificar?

Diagnóstico de Depressão segundo o DSM-5: como identificar?

Compartilhar
Imagem de perfil de Sanar Pós Graduação

Entenda como é feito o diagnóstico de Depressão segundo o DSM-5! Boa leitura!

O que é a Depressão?

A depressão é considerado um transtorno de humor grave, sendo uma psicopatologia que merece um cuidado especial.

Como uma doença complexa, é ainda multifatorial. Isso significa que perpassa pelas dimensões psicológicas, biológicas, genéticas e ambientais.

Com isso, na tentativa de compreender melhor a doença, teorias postuladas creditam o quadro à diversos fatores. Atualmente, a teoria mais aceita relaciona o quadro depressivo à alteração de neurotransmissores de serotonina (5HT), dopamina (DA) e noradrenalina (NA).

Pensando na prevalência da depressão, entende-se que acomete quase 2 mulheres para 1 homem, segundo o Ministério da Saúde. Além disso, costuma apresentar-se entre os 20 e 40 anos, em geral.

Depressão e Transtorno Depressivo Maior Recorrente

No episódio de Depressão Maior os sintomas emblemáticos depressivos estão presentes por, ao menos, duas semanas.

No entanto, eles não devem ultrapassar o período de dois anos, sem que tenha havido um intervalo sem sintomas nesse período. Esses sintomas incluem:

  • Humor deprimido;
  • Anedonia;
  • Fatigabilidade;
  • Diminuição da concentração e autoestima;
  • Ideias de culpa e de inutilidade;
  • Distúrbios do sono e apetite.

Segundo o DSM-5, os critérios diagnósticos devem, além de permanecer por duas semanas, serem suficientes para prejudicar o funcionamento psicossocial ou causar um sofrimento significativo ao indivíduo. Para preencher o diagnóstico de depressão, ao menos 5 critérios deve ser condizentes com o quadro.

Critérios DSM-5 para Transtorno Depressivo Maior Recorrente

Diante de todos os critérios, o DSM-5 prevê que o humor diminuído, deprimido é um critério obrigatório para o diagnóstico desse quadro de depressão.

Com isso, tem-se que:

  • Obrigatório: humor deprimido ou a perda do interesse ou prazer em grande parte do dia, quase todos os dias durante o período das duas semanas. Somado ao humor deprimido, tem de haver a presença, ainda, de pelo menos 4 dos sintomas seguintes:
    • Desânimo acentuado, ou anedonia.
    • Redução ou aumento do apetite, com ganho ou perda de peso em 1 mês;
    • Alterações do sono: hipersonia ou insônia;
    • Pessimismo associado a sentimentos de culpa e/ou inutilidade;
    • Baixa autoestima;
    • Agitação psicomotora ou retardo;
    • Ideação suicida e pensamentos constantes sobre a morte;
    • Prejuízo da concentração com dificuldades para pensar.

Transtorno Depressivo Persistente e Transtorno Distímico com Critérios DSM-5

Nesse tipo de transtorno o paciente apresenta uma forma crônica da doença. Assim sendo, o episódio depressivo dura, pelo menos, dois anos, sem intervalo. Por isso, os sintomas podem persistir por vários anos.

A Distimia se refere a um mau humor crônico associado à irritabilidade. Quanto aos sintomas depressivos, tem-se o humor deprimido, além da diminuição da autoestima, energia e alterações do sono.

É importante chamar a atenção para os sintomas presentes em crianças. Nesse grupo, o sintoma mais comum é a irritabilidade, nem sempre por dois anos, mas por pelo menos um ano ininterrupto.

Depressão Atípica ou com características atípicas e critérios DSM-5

O que faz desse transtorno depressivo ser considerado atípico é o fato de os momentos de melhora serem rápidos associado a eventos positivos. Seguindo essa linha, a piora também acontece rapidamente, associada a eventos negativos.

Nesse grupo, os episódios podem ser leves ou graves, podendo ser unipolar ou bipolar.

Segundo o DSM-5, o indivíduo deve apresentar, ao menos, dois dos seguintes sintomas:

  • Ganho de peso ou aumento do apetite, tendo uma predileção especial para alimentos adocicados;
  • Hipersonia, podendo dormir por mais de 10 horas por dia;
  • “Paralisia de chumbo”: sensação de peso nas pernas e braços, com sobrecarga sobre os ombros;
  • A rejeição interpessoal se torna mais dolorosa do que o esperado, permanecendo com o sentimento negativo até mesmo fora do episódio depressivo.

Depressão tipo melancólica ou endógena e critérios DSM-5

Nesse subtipo depressivo, o paciente apresenta sintomas endógenos.

Dentre eles, são necessários encontrar:

  1. Perda de prazer ou a capacidade de sentir prazer (anedonia) em praticamente todas as atividades diárias, até as que mais gosta;
  2. Falta ade reatividade a estímulos, inclusive prazerosos.

Não apenas isso, mas outros sintomas os acompanham para o diagnóstico DSM-5. Dos seguintes, o paciente precisa apresentar, ao menos, três deles:

  • Humor depressivo com prostração e hiporreatividade;
  • Lentificação psicomotora ou agitação psicomotora. Na lentificação, a pessoa demora de responder às perguntas feitas, por exemplo.
  • Sentimentos de culpa inadequados;
  • Perda de apetite, com resultado na diminuição do peso corporal;
  • Uma depressão especialmente pior pela manhã, mas que ao passar do dia é atenuada.

Transtorno Disfórico pré-menstrual e critérios DSM-5

Esse tipo de quadro depressivo está relacionado à síndrome pré-menstrual.

De maneira geral, o evento surge na semana anterior ao início do ciclo, sendo intenso e considerada uma forma grave de depressão.

Diante dos seguintes sintomas, ao menos um deles deve estar presente para o diagnóstico:

  • Tristeza marcante;
  • Nervosismo/ansiedade acentuada;
  • Sentimentos manifestados pela sensação de estar “quase explodindo”;
  • Humor lábil ao longo do dia;
  • Afeto também lábil;
  • Irritabilidade.

Considerando que esse tipo de transtorno se repete todos os meses, os sintomas sentidos em um mês podem diferir do mês seguinte, por exemplo. Considerando isso, outros sintomas serão somados aos descritos acima para o diagnóstico DSM-5. Ao fim da soma, para o diagnóstico devem ser, ao menos, cinco sintomas totais. São eles:

  • Interesse diminuído;
  • Dificuldade de concentração;
  • Falta de energia;
  • Fadiga fácil;
  • Alteração do apetite;
  • Hipersonia ou insônia;
  • Sensação de inchaço e aumento de sensibilidade nas mamas;
  • Sensação de sobrecarga e perda de controle.

Depressão psicótica ou com sintomas psicóticos

No caso de pacientes com a depressão psicótica, alterações cerebrais são bem mais graves nos pacientes sem sintomas psicóticos. O paciente psicótico é aquele que oferece risco para a sua própria vida e para a vida de outros.

Pensando nisso, episódios de delírio são comuns e, considerando o componente depressivo, são de conteúdo negativo. De maneira geral, podem ser sobre uma ruína ou culpa, além de alucinações com conteúdo depreciativo.

Caso o conteúdo delirante seja de conteúdo negativo no paciente depressivo, é considerado humor-congruentes. Costumam envolver doença, morte, negação dos próprios órgãos, punição ou culpa.

Por outro lado, em pacientes psicóticos em que o conteúdo delirante dor predominantemente sobre perseguição, inserção de pensamentos ou autorreferente, chamamos de humor-incongruentes.

“Estou em luto. Como saber se os sintomas são devido a ele ou já depressivos?”

É importante deixar claro que o luto não é exclusivo na perda de entes queridos ou pessoas amadas.

Ele pode estar relacionado ao rompimento de relacionamento, bem como a perda de um emprego ou status social, moradia, etc.

Como dito acima, a depressão pode ser desencadeada por diversos fatores mas se relaciona especialmente com as experiências de perda. Apesar disso, a depressão e o luto não são sinônimos. Apesar disso, distinguir um luto natural, porém intenso, de depressão não é uma tarefa simples.

Por esse motivo, estar presente e observar cuidadosamente as manifestações comportamentais, bem como o tempo decorrido desde o evento de perda e os sintomas faz diferença ao diagnosticar a doença.

dsm 5 depressão
Diferenças entre luto intenso e depressão. Fonte: Dalgalarrondo, 2018.

Posts relacionados

Referências

  1. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Dalgalarrondo, 3ª ed.
  2. Ministério da Saúde do Brasil.