Neurologia

Encefalites: definição, epidemiologia, etiologia e mais!

Encefalites: definição, epidemiologia, etiologia e mais!

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Inicialmente, é importante destacar que existem alguns conceitos muitas vezes confundidos dentro da neurologia, como os conceitos de: meningites, encefalites e meningoencefalites.

Meningites, encefalites e meningoencefalites

Meningite é a inflamação ou edema das meninges ao redor do cérebro e da medula espinhal; encefalite ocorre quando há inflamação do cérebro propriamente dito; e meningoencefalite é a inflamação das meninges e do cérebro, ou seja, a junção dos dois anteriores.

Do ponto de vista clínico, os sinais e sintomas podem nos ajudar a diferenciar a meningite da encefalite, de modo que os achados mais comuns na meningite são cefaleia, febre, letargia e meningismo (sinais de irritação meníngea – rigidez de nuca e os sinais clínicos de Kernig e Brudzinski); enquanto que nas encefalites, os achados mais frequentes são alterações de funções (estado mental ou cognitivo-comportamental) ou sinais neurológicos focais.

Meningite
Encefalite
Acometimento das meninges
Acometimento do cérebro
Sinais de irritação meníngea
Alterações de função
Cefaleia
Sinais neurológicos focais

SE LIGA! Encefalite é a presença de um processo inflamatório no parênquima encefálico, associado com a evidência clínica de disfunção encefálica.

Epidemiologia e etiologia das Encefalites

As encefalites podem ser desencadeadas por diversos tipos de etiologias, fazendo com que a epidemiologia do acometimento seja dependente do tipo etiológico. Desse modo, são possíveis etiologias: infecciosa, pós-infecciosa, autoimune e paraneoplásica.

SE LIGA! Segundo o DataSUS, no ano de 2019, ocorreram 2.431 internações por causa de encefalites virais. A região nordeste merece destaque, pois, constitui cerca de 44% de todos os casos. Ainda, foi observada uma incidência maior na população pediátrica, em especial, as crianças entre 1 – 4 anos de idade.

Dentre as encefalites de causa infecciosa, na maioria das vezes estão relacionadas com infecções virais, sendo o Herpes simples 1 (HSV-1) o agente mais comum, seguido de outros, como HIV, enterovírus, EBV, HSV-6 e arbovírus, lembrando que existem outros patógenos que podem estar associados (bactérias e protozoários).

Quanto as encefalites pós-infecciosas, ou seja, que ocorrem após infecção ou vacinação, tem-se como exemplo a encefalomielite disseminada aguda (ADEM), que surge após um quadro infeccioso, que pode ser viral (herpes) ou bacteriano (Mycoplasma pneumoniae), de qualquer sítio, em dias ou semanas.

Por fim, no que diz respeito as encefalites autoimunes e paraneoplásicas, observa-se que estão associadas com uma resposta do sistema imune do próprio paciente contra receptores proteicos no encéfalo, ocasionando a inflamação. Os cânceres mais associados são os de pulmão, de testículos e de timo e os principais anticorpos na autoimune são Hu, Ma2, CRMP5, NMDA e Caspr2.

SE LIGA! Os principais vírus causadores de encefalite nos pacientes imunocompetentes pertencem ao grupo do herpes vírus, dos arbovírus e dos enterovírus. Já nos pacientes imunocomprometidos, ocorre aumento considerável na frequência de infecções causadas pelo vírus da varicela-zóster e pelo citomegalovírus.

Patogenia das Encefalites

Os mecanismos patogênicos das encefalites dependem da etiologia: infecciosa, pós-infecciosa ou mediada por anticorpos (imune e paraneoplásico). Dessa forma, a patogenia pode ser dividida em dois modos: direto e indireto.

Dentro do mecanismo direto, existem 3 possíveis vias, a hematogênica, quando há infecção do endotélio dos pequenos vasos, de modo que os leucócitos infectados chegam ao sistema nervoso central através dos plexos coroides (herpes e arbovírus); difusão, quando ocorre infecção através da difusão centrípeta a partir de nervos periféricos (raiva); e olfativa, muito relacionada com as infecções por herpes, poliomielite e arbovírus.

Quanto ao mecanismo indireto, a patologia ocorre através de mecanismos imunológicos, por um mecanismo predominantemente mediado por células T ativadas que reconhecem antígenos da mielina e causam a lesão.

Quadro Clínico da doença

O quadro clínico se caracteriza por uma instalação aguda ou subaguda, cursando com alterações no estado mental, crises convulsivas ou alterações cognitivo-comportamentais, além de alguns sinais neurológicos focais (hemiparesia, distúrbio da linguagem).

Lembre-se que o paciente pode apresentar alguns achados meníngeos quando há uma meningoencefalite e ainda percebe-se que alguns pacientes evoluem com sinais e sintomas constitucionais, como febre, vômitos, cefaleia e acometimento de outros órgãos específicos (exantema, sinais de infecção respiratória).

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