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Enfisema Pulmonar e Bronquite: saiba tudo sobre essas doenças

Enfisema Pulmonar e Bronquite: saiba tudo sobre essas doenças

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Confira um artigo completo que falamos sobre o Enfisema Pulmonar e Bronquite para esclarecer todas as suas dúvidas. Ao final, confira alguns materiais educativos para complementar ainda mais os seus estudos.

Boa leitura!

Doenças Pulmonares

As doenças pulmonares são classificadas em doenças restritivas ou obstrutivas. As doenças obstrutivas são caracterizadas pelo aumento da resistência ao fluxo aéreo devido a obstrução parcial ou completa em qualquer nível do sistema respiratório, e nesse grupo está o enfisema, a bronquite, a asma e a bronquiectasia.

As doenças pulmonares restritivas, por outro lado, são caracterizadas pela redução da expansão do parênquima pulmonar e diminuição da capacidade pulmonar total, como ocorre nos distúrbios da parede torácica e nas doenças intersticiais e infiltrativas crônicas.

Enfisema Pulmonar e Bronquite

O Enfisema Pulmonar e Bronquite são doenças pulmonares obstrutivas diferentes.

A bronquite consiste em um processo no qual o diâmetro do brônquio é diminuído e a quantidade de glândulas mucosas aumenta, produzindo assim mais muco, em resposta às agressões ao epitélio respiratório causadas pelo tabagismo e inalações de outros tipos de fumaças tóxicas.

O enfisema, por sua vez, é uma doença que acomete os alvéolos, também gerada por tabagismo e inalações de fumaças tóxicas, na qual ocorre a destruição das paredes alveolares, local onde efetivamente ocorrem as trocas gasosas do organismo, diminuindo a área de troca gasosa como consequência. Ou seja, a bronquite é uma doença da via aérea, nas áreas de ventilação pulmonar, enquanto o enfisema é relativo ao alvéolo, que é a unidade funcional do sistema respiratório.

Comumente essas duas doenças são englobadas no termo Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), porém vale ressaltar que a DPOC é caracterizada pela obstrução progressiva do fluxo aéreo, normalmente irreversível, que ocorre em pessoas de meia-idade ou idosos com históricos de tabagismo, e que não pode ser atribuída a outra doença específica, como bronquiectasia ou asma.

Imgem ilustrativa e explicativa sobre Enfisema Pulmonar e Bronquite.

Imagem: Bronquite e enfisema. Fonte: https://bit.ly/2Xh5AD8

Enfisema Pulmonar

A definição do enfisema é fisiopatológica, caracterizada pelo aumento dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais, com destruição das paredes alveolares, mas sem fibrose evidente, quando a elastina é perdida dos septos alveolares devido ao processo inflamatório crônico, tornando-os bojudos, ou seja, dilatados, impossibilitando a troca gasosa adequada.

Os bronquíolos terminais são as vias aéreas não alveolares mais distais dentro da árvore brônquica e fornecem ventilação para o ácino, que é uma unidade do pulmão. Distais aos bronquíolos terminais há duas ou três gerações de bronquíolos respiratórios, que contém alguns alvéolos, e então, a zona alveolar, onde a maioria das trocas gasosas ocorre. Os espaços aéreos podem crescer por toda zona alveolada por conta da destruição ou ao rearranjo de suas paredes.

Fisiopatologia

O enfisema é gerado pelo processo inflamatório estimulado com a presença de partículas nocivas nos alvéolos, como as que compõe o cigarro, que leva a destruição das paredes alveolares, e com isso é perdida a área de troca gasosa, pois o alvéolo perde sua propriedade de recuo elástico e com isso o ar inalado é expelido com dificuldade. Isso provoca a formação de grandes cavidades compostas por depósitos de carbono, e assim o indivíduo apresenta pulmões sem capacidade de troca gasosa adequada.

Imagem ilustrativa sobre Instalação do enfisema pelo tabagismo.

Imagem: Instalação do enfisema pelo tabagismo. Fonte: https://bit.ly/36LYtpa

O material particulado e gases tóxicos da fumaça do cigarro induzem uma resposta inflamatória composta principalmente de neutrófilos e macrófagos. Esta resposta inflamatória precoce pode ser mediada pelo sistema de defesa inata como uma resposta à lesão celular. Na doença mais avançada, a inflamação crônica persiste mesmo após cessado o tabagismo. Nessa fase, componentes humorais e celulares do sistema adaptativo são mais predominantes, provavelmente devido as infecções ou resposta a antígenos específicos a partir de outras fontes. A infiltração das vias aéreas com linfócitos CD4, CD8 e linfócitos B é uma característica marcante da DPOC mais avançada.

Basicamente, o enfisema se estabelece quando há um desequilíbrio entre a relação de elastase/antielastase no pulmão, por excesso de elastase ou deficiência de antielastase. A elastase é uma enzima de neutrófilos que degrada a elastina, proteína importante para a rede de fibras pulmonares, que conferem integridade estrutural e elasticidade aos pulmões. O tabagismo crônico aumenta a quantidade de proteinases derivadas das células inflamatórias no parênquima pulmonar. Além da elastase, os neutrófilos também secretam outras proteinases, como a proteinase 3 e a catepsina G, e as metaloproteinases de matriz. Essas enzimas também degradam a elastina e outros componentes da matriz, inclusive colágeno, proteoglicanas e fibronectina. A MM-12, uma metaloproteinase derivada de macrófagos, é essencial para o desenvolvimento do enfisema induzido pela fumaça do cigarro.

SAIBA MAIS: A hipótese do desequilíbrio de protease-antiprotease é baseada na observação de fatores genéticos associados com o surgimento da DPOC, como a deficiência de α1-tripsina, que é uma enzima inibidora da serina protease, parecendo assim proteger o tecido pulmonar contra a digestão pela elastase dos neutrófilos e por serina proteinases relacionadas que vêm sendo associadas com a patogênese do enfisema em seres humanos.

Em fumantes, há acúmulo de neutrófilos e macrófagos nos alvéolos, e o mecanismo inflamatório não está totalmente claro, porém parece envolver os efeitos quimioatraentes da nicotina, assim como os efeitos de espécies reativas de oxigênio contidas no fumo. Essas substâncias ativam o fator de transcrição NF-KB, que ativa genes que codificam TNF e quimiocinas, atraindo neutrófilos.

Esse neutrófilos liberam seus grânulos, ricos em proteases, causando a lesão tissular. Em macrófagos, o tabagismo aumenta a atividade da elastase, e além dela, as metaloproteinases da matriz extracelular derivada dos macrófagos e neutrófilos também geram a destruição do tecido. Além disso, o tabagismo mantém o desequilíbrio de oxidantes-antioxidantes, importante na patogenia do enfisema.

Morfologia

O enfisema é dividido em três grupos principais: enfisema centroacinar, enfisema panacinar e enfisema acinar distal (parasseptal), e há ainda o enfisema irregular.

O enfisema centroacinar se localiza nos bronquíolos respiratórios logo distais aos bronquíolos terminais e o restante do ácino é preservado. Esse tipo de enfisema é grave, quase sempre associado ao tabagismo, mas outras exposições ambientais também podem desenvolver essa doença. Neste grupo, as lesões normalmente são mais proeminentes no lobo superior, e regiões focais de inflamação, fibrose e pigmento carbonáceo (antracnose) aparecem com frequência na parede dos alvéolos e bronquíolos adjacentes.

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