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Tudo que você precisa saber sobre onicomicose para mandar bem na prática médica de dermatologia com a Dra. Gabriela Noronha!
Ah! A onicomicose. Diagnóstico sempre frequente no consultório do dermatologista. Tão frequente que muitas vezes desejamos iniciar prontamente o tratamento.. Afinal, diagnóstico simples. Certo? Nem sempre!
Quais são as causas da onicomicose?
A onicomicose pode ser causada por agentes distintos. São eles:
- Fungos Dermatófitos
- Fungos filamentosos não dermatófitos
- Leveduras
- Psoríase ungueal
- Traumas
- Onicólise
- Tumores
- Exostose subungueal
Saiba mais sobre cada um deles…
Fungos Dermatófitos
São fungos capazes de invadir tecidos queratinizados como cabelo, unhas e pele. São os principais causadores de onicomicose e podem ser divididos em três gêneros: microsporum, trichophyton e epidermophyton.
Fungos filamentosos não dermatófitos
São pouco frequentes e levantam a suspeita de imunossupressão. Fusarium sp., Aspergillus sp. e Scytalidium dimidiatum são exemplos de espécies identificadas como agentes de onicomicose desse grupo.
Leveduras
Seus principais representantes são a Candida albicans e a Candida sp. São pouco frequentes e geralmente associados à candidíase mucocutânea ou paroniquea.
Aqui temos o primeiro ponto de atenção: agentes diferentes podem significar tratamentos diferentes!
Outro ponto importante são os múltiplos diagnósticos que se assemelham ao quadro. Muitas vezes acreditamos que o paciente possui onicomicose, entretanto o que estamos observando é outra afecção dermatológica. Vamos falar um pouco sobre estes principais diagnósticos diferenciais:
Psoríase ungueal
Se apresenta das mais diferentes formas, como: onicólise, traquioníquea, hiperceratose subungueal, manchas de óleo, distrofia da lâmina, pitting ungueal, dentre outros.
Estes pacientes costumam ter placas de psoríase associadas em alguma região do corpo e/ou dor articular, o que auxilia no diagnóstico.
Nem sempre teremos apenas uma afecção dermatológica – não é incomum um quadro de onicomicose associada à psoríase ungueal! A abordagem consiste no tratamento da doença de base.

Fonte: E, Canal Garcia. Nail Psoriasis. Actas Dermo-Sifiliográficas, Volume 113, Issue 5, May 2022, Pages T481-T490
Traumas
Podem levar a uma série de alterações nas unhas que mimetizem uma onicomicose, desde distrofia da lâmina ungueal até alterações da coloração e onicólise.
Onicólise
É o descolamento da lâmina ungueal que leva a uma coloração esbranquiçada no local de desprendimento (vide figura 1.B). Pode ser causada por diversos fatores, como alterações na função da tireoide, deficiência de ferro, manipulação ao limpar as unhas com adornos, dentre outras causas, como as já citadas, onicomicose, trauma e psoríase.
Tumores
Quando localizados no leito ou matriz podem levar a alterações da cor, formato e até distrofia da lâmina ungueal, o que mimetiza uma onicomicose.
Existem relatos de casos na literatura de melanomas acrais que foram tratados como onicomicose por longos períodos. O diagnóstico é realizado por biópsia e o tratamento é cirúrgico.
Exostose subungueal
Tumor ósseo benigno. Um pedacinho de osso cresce com o passar do tempo e vai empurrando o leito da unha até aparecer embaixo da lâmina como uma massa dura. (fig 2.)
A radiografia é indicada para fazer o diagnóstico e o tratamento deve ser cirúrgico.

estético e funcional satisfatório cinco anos após a exérese. Surg Cosmet Dermatol 2016;8(4 Supl. 1):S59-62.
O que se pode concluir com esta pequena revisão de diagnósticos diferenciais?
Nem tudo que parece onicomicose é de fato infecção fúngica, portanto é sempre importante realizar uma boa anamnese, exame físico e solicitar os exames antes de iniciar o tratamento!
Exames que pode ser solicitados
Antes, o material de escolha para realizar a investigação era o raspado subungueal, porém esta técnica apresenta alto índice de falsos negativos devido, principalmente, a erros de técnica e a material insuficiente no momento da coleta.
O clipping ungueal é uma excelente alternativa de exame que possibilita maior sensibilidade.

Como deve ser realizado o clipping ungueal?
Este exame deve ser realizado da seguinte forma:
- No consultório, cortar a parte distal da lâmina ungueal afetada com os detritos subungueais em anexo (fig.3)
- Colocar em um pote vazio (com ou sem formol à 10%)
- Enviar para exame anatomopatológico e cultura

Fonte: Fillus Neto, J; Tchornobay, AM. Como o clipping pode auxiliar o dermatologista. An. Bras. Dermatol. 84 (2) • Abr 2009.
Vocês já sabem, mas não custa lembrar:
No exame micológico direto e anatomopatológico avaliamos a presença ou ausência de fungos. Já no exame de Cultura ou PCR conseguimos saber qual é o agente especificamente e dar um nome e sobrenome a ele.
Agora podemos seguir conduzindo os nossos pacientes com onicomicose da melhor forma possível!
Até a próxima!
Sugestão de leitura complementar sobre atualidades médicas
- Coluna anterior da Dra. Gabriela Noronha: Minoxidil oral e finasterida tópica: o que há de novo no tratamento da alopecia androgenética?
- Texto do Dr. Alexandre: Diagnóstico de nódulo de tireoide: quando suspeitar de câncer?
- Texto da Dra. Patrícia Cavalcante: Qual a relação entre a cronodisrupção e a obesidade?
Veja também:
Quer saber mais sobre outros procedimentos? Confira nosso Yellowbook de fluxos e condutas!
Referências sobre onicomicose
- Fillus Neto, J; Tchornobay, AM. Como o clipping pode auxiliar o dermatologista. An. Bras. Dermatol. 84 (2). Abr, 2009.
- Ely JW, Rosenfeld S, Seabury Stone M. Diagnosis and management of tinea infections. Am Fam Physician. 2014 Nov 15;90(10):702-10.
- Dermatologia de Sampaio e Rivitti/Rivitti EA. 4 ed. São Paulo: Artes Médicas,2018
- Belda Júnior W, Di Chiacchio N, Criado PR. Tratado de Dermatologia. 3ª. edição. São Paulo: Ed. Atheneu; 2018.
- E, Canal Garcia. Nail Psoriasis. Actas Dermo-Sifiliográficas, Volume 113, Issue 5, May 2022, Pages T481-T490