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Fisiologia: Relação Hipotálamo-Hipófise e seus Hormônios | Colunistas

Fisiologia: Relação Hipotálamo-Hipófise e seus Hormônios | Colunistas

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O eixo hipotálamo-hipofisário é o grande responsável pela integração dos sistemas nervoso e endócrino no corpo humano.

Anatomicamente, a glândula hipófise é uma estrutura pequena, que se projeta do encéfalo para baixo, conectada a ele por uma fina haste e repousa em uma cavidade óssea protetora. Já de forma embrionária, sabe-se que ela é a junção de dois tecidos embrionários. A glândula hipófise é dividida em duas estruturas, a adeno-hipófise, localizada anteriormente, é uma glândula endócrina, de origem epitelial, derivada do tecido embrionário que forma o teto da cavidade oral. Já a neuro-hipófise, também conhecida como hipófise posterior, por estar localizada posteriormente, é uma extensão do tecido neural do encéfalo. Ela é a responsável por secretar neuro-hormônios produzidos no hipotálamo, a região do encéfalo que controla diversas funções homeostáticas.

Figura 1. Descrição anatômica do encéfalo.
Fonte: [https://www.sanarmed.com/hipofise-e-hipotalam]

A neuro-hipófise é responsável pelos neuro-hormônios

Em áreas do hipotálamo conhecidas como núcleo paraventricular e núcleo supraóptico estão agrupados os neurônios que produzem a ocitocina e vasopressina, neuro-hormônios armazenados e liberados pela neuro-hipófise. Uma vez que esses neuro-hormônios são empacotados em vesículas secretoras, eles são transportados até a neuro-hipófise, por longas projeções de neurônios, conhecidas como axônios. Quando um estímulo chega ao hipotálamo, os conteúdos das vesículas são liberados na circulação, onde viajam até seus alvos. Assim, é importante pontuar que a vasopressina, também chamada de hormônio antidiurético ou ADH, atua sobre os rins, regulando o balanço hídrico do corpo. Ademais, nas mulheres, a ocitocina controla a ejeção de leite, durante a amamentação, e as contrações do útero durante o parto.

A adeno-hipófise e seus seis hormônios

A adeno-hipófise é uma glândula endócrina muito importante que secreta seis hormônios fundamentais para a manutenção da vida, sendo eles a prolactina, a tireotrofina, a adrenocorticotrofina, o hormônio do crescimento, o hormônio folículo-estimulante e o hormônio luteinizante. Assim, ressalta-se que a secreção desses hormônios da adeno-hipófise é controlada por neuro-hormônios hipotalâmicos. Eles são, geralmente, identificados como hormônios liberadores ou inibidores.

O sistema porta e a conexão do hipotálamo à adeno-hipófise

Sabe-se que a maioria dos hormônios, quando são secretados no sangue, se diluem rapidamente. Para evitar que isso ocorra, os neuro-hormônios hipotalâmicos destinados à adeno-hipófise utilizam uma via especial do sistema circulatório, chamada de sistema porta. Esse sistema consiste em dois grupos de capilares conectados em série por um grupo de pequenas veias. Assim, os neuro-hormônios hipotalâmicos que entram no sangue no grupo primário de capilares vão diretamente, mediante as veias porta, até o grupo secundário de capilares na adeno-hipófise, onde se espalham para alcançar a célula-alvo. Essa conexão é conhecida como sistema porta-hipotalâmico-hipofisário.

Hormônios e o crescimento, o metabolismo e a reprodução

A glândula hipófise é chamada também de glândula mestra do organismo devido a importância dos hormônios da adeno-hipófise para o controle de diversas funções vitais. Sob tal ótica, destacam-se a prolactina, responsável pela lactação nas mamas femininas, e o hormônio do crescimento, que afeta o metabolismo de diversos tecidos, além de estimular a produção de hormônios no fígado. Esses dois possuem inibidores hipotalâmicos, que podem inibir sua atuação. Por fim, os hormônios restantes possuem glândulas endócrinas como alvo primário, as gonadotrofinas, que são o hormônio folículo-estimulante e o hormônio luteinizante, agem sobre os ovários e testículos, o hormônio estimulante da tireoide controla a síntese e secreção hormonal da glândula tireoide e o hormônio adrenocorticotrófico atua em certas células do córtex da glândula suprarrenal para regular o hormônio esteroide cortisol.

Medicina e endocrinologia

Estudos recentes vêm associando o autismo, distúrbio de desenvolvimento em que os pacientes são incapazes de formar relações sociais eficazes, a defeitos nas vias moduladas pela ocitocina no encéfalo. Assim, o uso de ocitocina para amenizar as dificuldades encontradas pelos portadores do espectro autista vem sendo estudado para melhorar a qualidade de vida desses pacientes. Dessa forma, evidencia-se a importância dos estudos médicos endocrinológicos para trazer sempre o melhor para os pacientes.

Autor: Ruth Filgueira Gomes

Instagram: @ruthfilgueira


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


Referências

SILVERTHORN, D. Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada, 7ª Edição, Artmed, 2017.

Falougy HE, Filova B, Ostatnikova D, Bacova Z, Bakos J. Neuronal morphology alterations in autism and possible role of oxytocin. Endocr Regul. 2019 Jan 1;53(1):46-54. doi: 10.2478/enr-2019-0006. PMID: 31517618.

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