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Algumas capitais do Brasil estão enfrentando um surto do vírus influenza A H3N2, uma situação totalmente inesperada uma vez que o mês de dezembro não traz pico de doenças como está no Brasil. Sintomas muito parecidos com os da COVID-19 que ao desespero precoce do infectado, e um sistema de saúde já previamente sobrecarregado por 2 anos de pandemia.O que aconteceu para surgir esse surto em pleno dezembro?
Surto de influenza
Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais foram alguns dos estados que entraram em estado de alerta recentemente devido a um surto de gripe. Segundo a Sociedade Brasileira de Virologia, o vírus responsável por esse surto é o vírus H3N2 Darwin, uma mutação da Influenza A H3N2. Este vírus está circulando pelo país há muito tempo, porém a vacinação atual de influenza não cobre essa cepa.
Esse aumento considerável de casos em uma época atípica do ano, fez com o governo do Rio de Janeiro, com auxílio do Ministério da Saúde, procurasse uma vacina contra essa infecção. Porém, como dito anteriormente, a vacina disponível não cobre o vírus H3N2 Darwin. Segundo a matéria publicada pela CNN Brasil, “Todos os anos, o órgão escolhe dois subtipos de Influenza A (um do tipo H1N1 e outro do tipo H3N2) e duas cepas da gripe Influenza B (linhagem Yamagata e Victoria). A cepa Darwin, identificada em amostras coletadas pelas chamadas unidades sentinelas da vigilância da gripe, pertence ao grupo dos vírus H3N2, mas, neste ano, a mutação escolhida para a vacina foi outra, a cepa chamada de Hong Kong.´´
Mesmo que a atual vacina não tenha sido planejada para cobrir a cepa responsável por esse surto, especialistas alegam que ela pode oferecer um nível de proteção, chamado de proteção cruzada . Apesar disso, a OMS já definiu que a vacinação de Influenza de 2022 irá combater também a cepa Darwin, logo o ideal seria adiantar a vacinação de 2022 a fim de controlar o atual surto, o problema é o tempo que levará para realizar a produção do imunizante. Além disso, segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações, apenas a vacina não mudará o atual cenário, pois o vírus está se espalhando muito rápido.
Diferença Influenza e Covid-19
A influenza H3N2 tem uma disseminação muito rápida, em apenas uma semana em São Paulo, 19 casos da doença foram registrados, mais do que o pico registrado entre março a junho, o que consideramos a época de maior disseminação do vírus normalmente.
Segundo o coordenador do Boletim InfoGripe da FioCruz, devido a grande circulação de passageiros entre os principais centros urbanos do País, doenças infecciosas como vírus respiratórios acabam tendo uma facilidade maior de disseminar rapidamente.
Diferente da COVID-19, a infecção causada pela H3N2 apresenta sintomas agudos nos primeiros dias de infecção. Porém o diagnóstico só é possível com um teste de antígeno.
Mas alguns sinais podem ajudar a diferenciar as duas infecções:
→ Influenza: Sintomas agudos; febre, calafrios, dor muscular, tosse, dor de garganta, mal-estar, inapetência, coriza, congestão nasal, irritação nos olhos.
Se apresentar sintomas de H3N2, segundo a Infectologista Nancy Beller, é necessário se isolar entre 5 e 6 dias. Passando este período, é preciso esperar a febre baixar totalmente por um período de 24 horas, e após isto pode-se retomar o contato social.
→ COVID-19: Evolução a partir do sétimo dia de doença; pode levar, ou não, a um quadro de insuficiência respiratória; Anosmia, ageusia, dor no corpo, dor de cabeça, fadiga muscular, febre, tosse. A variante ômicron pode causar também dor de garganta, dor no corpo, congestão nasal, problemas estomacais e diarreia.
Se apresentar sinais de COVID-19 é necessário fazer o teste e aguardar o resultado em isolamento social. Se positivo, é necessário realizar um afastamento de 14 dias do contato social.
Conclusão
Desde o desespero das pessoas acharem que estão com COVID-19, até a sobrecarga do sistema de saúde, o atual cenário se mostra muito preocupante. Visto que o surgimento da nova variante da COVID-19 estremeceu o país que já estava voltando ao normal, agora com o surto causado pela cepa Darwin o cenário da saúde volta a se preocupar novamente.
Temos que entender que devido a pandemia de COVID-19, as pessoas não ficaram muito expostas a diversos vírus por 2 anos, ou seja, não realizaram a ativação dos anticorpos que os protegem. Além disso, baixas coberturas vacinais e o uso indevido das máscaras corroboraram para o cenário ideal para a introdução do vírus no país.
Sabendo disso, mesmo com o planejamento de uma nova vacina que cubra a cepa causadora desse novo surto, é de suma importância a população utilizar de forma correta as máscaras para poder conter esse surto o mais rápido possível. Sem essa contenção os serviços de saúde ficaram sobrecarregados, e também irá atrapalhar o dia a dia da população, uma vez que os sintomas são parecidos com a COVID-19.
Referências
https://exame.com/ciencia/parece-covid-mas-nao-e-o-que-se-sabe-sobre-a-nova-cepa-de-influenza/
Autora: Camila Figueira
Instagram: @camiifigueira
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