Índice
- 1 Intolerância à lactose é igual à alergia alimentar?
- 2 Quais alimentos evitar na intolerância à lactose?
- 3 O que indicar como alimentação ao seu paciente com intolerância à lactose?
- 4 Como reduzir a quantidade de lacticínios devido a intolerância à lactose?
- 5 Como indicar o suplemento enzimático na intolerância à lactose?
- 6 É necessário o paciente usar suplementos de cálcio ou vitamina D na intolerância à lactose?
- 7 Como tornar a absorção de cálcio mais eficaz?
- 8 Perguntas frequentes
- 9 Referências
Aprenda a realizar as indicações alimentares adequadas ao seu paciente com intolerância à lactose! Bons estudos!
A intolerância à lactose é a impossibilidade de degradar a lactose, dissacarídeo presente no leite. Isso decorre pela ausência total ou parcial da enzima responsável por quebrar esse açúcar: a lactase.
Por ser uma condição relativamente comum, é fundamental que o médico generalista saiba orientar a alimentação o paciente intolerante à lactose.
Intolerância à lactose é igual à alergia alimentar?
É muito comum que a intolerância à lactose e a alergia ao leite sejam descritos como sinônimos. No entanto, é importante que o paciente entenda bem a diferença entre esses dois eventos.
A intolerância à lactose, como comentado, é a deficiência da enzima responsável por degradar a lactose. Essa deficiência pode ser por questão congênita, por doenças intestinais ou ainda devido ao processo de envelhecimento.
Por esse motivo, sintomas como náuseas, diarreia e dores e distensão abdominais costumam ser relatados por pacientes com intolerância à lactose.

Por outro lado, a alergia alimentar se configura de fato como uma reação imunológica. Aqui o paciente tem uma reação à proteína presente no leite – em geral, de vaca – e não ao açúcar lactose.
Com base nisso, a reação à alergia pode ser sistêmica, acometendo desde a pele ao sistema respiratório.
Quais alimentos evitar na intolerância à lactose?
Como a intolerância à lactose envolve um comprometimento de um açúcar presente no leite, os alimentos a serem evitados são:
- Leite de vaca;
- Queijos;
- Manteigas;
- Requeijão;
- Alimentos que tem leite como ingrediente:
- Alimentos com creme de leite;
- Bolos;
- Pudins;
- Pães;
- Biscoitos.
Embora as reações sejam semelhantes em intolerantes, é importante lembrar que a intensidade dos sintomas varia muito de uma pessoa para outra. Assim, nem sempre esses alimentos devem ser excluídos da dieta do paciente, mas apenas evitados ou reduzidos.
Para compreender isso melhor, oriente o paciente a observar os sintomas e ponderar o quanto o leite e derivados impactam na apresentação.
Outra questão importante é considerar que alguns dos alimentos citados acima possuem outros nutrientes importantes para o indivíduo. Associado a isso, sempre pense nas condições do paciente de obter outras fontes dos nutrientes, especialmente se tratando de moradores da zona rural.
Portanto, a fim de evitar qualquer perda nutricional, é fundamental saber indicar os alimentos a serem investidos na dieta.
O que indicar como alimentação ao seu paciente com intolerância à lactose?
Diante das mais recentes apresentações de intolerância à lactose e os estudos acerca dela, a indústria alimentícia tem buscado inovar.
Para isso, facilmente se encontram alimentos contendo a enzima lactase nos supermercados. Dessa maneira, é possível que o paciente degrade a lactose. Por outro lado, geralmente esses produtos são mais caros do que os originais e de difícil – ou impossível – acessibilidade para o seu paciente.
Pensando nisso, conhecer alternativas aos alimentos contendo leite é fundamental. Isso porque o leite e seus derivados são grandes fontes de proteínas, vitaminas e a principal fonte de cálcio na alimentação.
Alternativas ao leite da vaca podem ser o leite de aveia, feito em casa com água e a farinha ou flocos da aveia. Durante as refeições, em especial café da manhã, uma alternativa aos pães e bolos é a tapioca ou o cuscuz, que são livres de lactose.
Quanto às manteigas, podem ter traços de lactose, mas toleráveis. Alternativas à elas são as manteigas de castanhas ou amendoim e outros cereais.
Como reduzir a quantidade de lacticínios devido a intolerância à lactose?
Para algumas pessoas, a redução dos laticínios é um grande desafio. Isso porque eles geralmente fazem parte da dieta de grande parte dos brasileiros, desde a infância.
Assim, recomende ao seu paciente com intolerância à lactose uma redução gradual dos lácteos e derivados alimentos. Ainda, consultar o rótulo dos produtos e se certificar da presença e quantidade de lactose ou conteúdo lácteo é essencial para minimizar as manifestações da intolerância.
Nos rótulos, é possível que não haja explicitamente a palavra “lactose”, mas sinônimo. Eles podem ser representados por:
- Leite;
- Subprodutos do leite;
- Sólidos de leite seco;
- Leite em pó seco;
Outro ponto importante e que muitos pacientes não sabem é que o Whey é feito de leite. Por isso, é importante que ele seja isolado.

Ler os rótulos é importante especialmente porque os laticínios podem ser acrescentados à produtos que não parecem contê-los. Como exemplos, temos as sopas instantâneas ou os molhos para salada.
De todo modo, além de orientar adequadamente o seu paciente em consultório, é importante que uma dieta seja montada e esquematizada. Assim, encaminhe-o para uma nutricionista ou um nutrólogo.
Como indicar o suplemento enzimático na intolerância à lactose?
Considerando a cultura brasileira de ingestão de leite e derivados, é improvável que a abstenção do seu paciente seja total.
Pensando nisso, é importante que ele tenha conhecimento de medidas que possam minimizar os seus sintomas quando houver ocasiões de ingestão de laticínios.
Essa medida inclui um suplemento enzimático capaz de realizar a degradação do açúcar lactose que ele não é capaz endogenamente: a lactase.
Através do seu uso prévio à ingestão do laticínio, os seus sintomas podem ser atenuados ou até não relatados.
Nas orientações, deixar claro para o paciente que a ação desse suplemento varia muito a depender do organismo pode deixá-lo mais cauteloso no uso.
É necessário o paciente usar suplementos de cálcio ou vitamina D na intolerância à lactose?
Como comentado, os laticínios e seus derivados são grandes fontes de cálcio e outros nutrientes, como a vitamina D.
Ao entender que o seu paciente tem uma grave intolerância, a recomendação é, de fato, suspender todos os alimentos que contenham a lactose ou que não contenham a lactase.
Sendo esse o caso, ele poderá ficar deficitário nos nutrientes citados e, nesse caso, a recomendação é a ingesta de suplementos de cálcio e vitamina D.
No entanto, para que a suplementação seja iniciada, é preciso realizar exames de sangue para a dosagem desses nutrientes.
Como tornar a absorção de cálcio mais eficaz?
A absorção de cálcio é extremamente importante para o bem-estar e qualidade de vida do ser humano.
No entanto, muitas vezes o grande problema não está na quantidade de cálcio absorvida, mas em outros mecanismos que podem comprometê-la.
Somando esse fator à diminuição de ingesta de fontes de cálcio, pode haver um prejuízo significativo para o bem estar do seu paciente. Assim, saber orientá-lo quanto a medidas que favorecem essa absorção deve fazer parte das suas orientações.
A primeira recomendação para uma melhor absorção de cálcio é a realização de atividades físicas regulares. Através da musculação e prática de outros esportes, o cálcio pode ser melhor aproveitado pelo organismo humano.
Além disso, existem alimentos que, combinados às fontes de cálcio, prejudicam sua absorção. Como exemplo deles, temos:
- Chás:
- Preto;
- Verde;
- Mate;
- Cafeína.
Por fim, alimentos com a presença de alguns ácidos podem também prejudicar essa absorção. Os representantes principais desse grupo são o ácido fítico e o oxálico, presentes em alimentos como:
- Arroz integral;
- Espinafre;
- Feijão;
- Grão de bico, entre outros.
Por esse motivo, é importante deixar as sementes como feijão e grão de bico de molho por cerca de 12 horas. Ao final desse tempo, é perceptível a formação de uma espuma sob a água, resultado da saída desses ácidos dos alimentos.

Posts relacionados
- Doença celíaca: sintomas, diagnóstico, tratamento e mais;
- Alimentação na adolescência;
- Casos Clínicos: Alergia Alimentar;
- Nutrição parenteral: entenda sua composição;
- Princípios gerais da nutrição enteral.
Perguntas frequentes
- O que é jejum intermitente?
Jejum intermitente é uma estratégia alimentar que alterna períodos de jejum e períodos de alimentação balanceada. - O que as evidências falam?
Estudos demonstram que, sendo feito da maneira adequada para cada pessoa, podem haver benefícios para o organismo e para o metabolismo. Contudo, ainda não há consenso na literatura de maneira geral. - A suplementação com vitamina D e cálcio é sempre necessária?
Não, isso depende da deficiência do seu paciente. Se ele teve de fazer uma abstenção total de laticínios, o ideal é acompanhá-lo com exames de sangue periódicos e ponderar a necessidade.
Referências
- Panda S. Circadian physiology of metabolism. Science. 2016;354:1008–15. doi: 10.1126/science.aah4967.
- Wilkinson MJ, Manoogian EN, Zadourian A, Lo H, Fakhouri S, Shoghi A, et al. Ten-hour time-restricted eating reduces weight, blood pressure, and atherogenic lipids in patients with metabolic syndrome. Cell Metab. 2020;31:92–104. doi: 10.1016/j.cmet.2019.11.004.
- Ho KY, Veldhuis JD, Johnson ML, Furlanetto R, Evans WS, Alberti KG, et al. Fasting enhances growth hormone secretion and amplifies the complex rhythms of growth hormone secretion in man. J Clin Invest. 1988;81:968–75. doi: 10.1172/JCI113450.
- de Cabo R, Mattson MP. Effects of intermittent fasting on health, aging, and disease. N Engl J Med. 2019;381:2541–51. doi: 10.1056/NEJMra1905136. [
- Mattson MP, Longo VD, Harvie M. Impact of intermittent fasting on health and disease processes. Ageing Res Rev. 2017;39:46–58. doi: 10.1016/j.arr.2016.10.005.
- Di Francesco A, Di Germanio C, Bernier M, de Cabo R. A time to fast. Science. 2018;362:770–5. doi: 10.1126/science.aau2095.
- Wahl D, Coogan SC, Solon-Biet SM, de Cabo R, Haran JB, Raubenheimer D, et al. Cognitive and behavioral evaluation of nutritional interventions in rodent models of brain aging and dementia. Clin Interv Aging. 2017;12:1419–28. doi: 10.2147/CIA.S145247.
- Marinac CR, Sears DD, Natarajan L, Gallo LC, Breen CI, Patterson RE. Frequency and circadian timing of eating may influence biomarkers of inflammation and insulin resistance associated with breast cancer risk. PLoS One. 2015;10:e0136240. doi: 10.1371/journal.pone.0136240.