Carreira em Medicina

Plantões médicos: como funcionam e quanto custa?

Plantões médicos: como funcionam e quanto custa?

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Os recém-formados de medicina sempre se questionam se vale a pena viver de plantões médicos. Saiba mais sobre o tema neste artigo!

A escolha da profissão leva em consideração muitos fatores. A afinidade por determinadas áreas, conteúdos, prática, rotina, o status e o reconhecimento social são alguns deles. O retorno financeiro e as possibilidades do mercado de trabalho também influenciam bastante na escolha profissional.

Diferentemente da maioria das profissões, a área da medicina consegue ainda ter uma boa empregabilidade e um bom retorno financeiro em muito pouco tempo.

Porém, apesar de ainda ser destaque e talvez a melhor profissão quando se fala do assunto financeiro, muitas coisas estão mudando. Entre elas:

  • Valor dos plantões defazados;
  • Pagamentos atrasados;
  • Aumento da oferta de profissionais.

Atual cenário médico

Segundo dados da Demografia Médica de 2023, já temos um total de 545 mil médicos ativos no Brasil. A proporção é de 2,56 profissionais por mil habitantes.

Ainda de acordo com a pesquisa, a expectativa é que esse número continue crescendo. Isso se deve ao aumento de vagas das instituições de ensino de medicina. Como consequência, espera-se que em 2028 o país tenha uma densidade médica maior que a média de 38 países.

Esse número de oferta de profissionais faz com que o valor do salário comece a cair, principalmente daqueles que não possuem especialidades.

Leia também o artigo: Quantos médicos existem no Brasil e qual o cenário atual da profissão?

Plantões médicos

Os plantões médicos são o primeiro caminho para ingressar no mercado de trabalho para maioria dos profissionais desta área. Afinal, foram seis anos sem ganhar nenhum tipo de remuneração.

Outro ponto que chama atenção, principalmente dos recém-formados, é que historicamente os plantões são conhecidos por ofertarem valores altos e um pagamento imediato dos profissionais envolvidos. Mas, será que é exatamente assim? Vamos te explicar como os plantões e o pagamento.

Funcionamento dos plantões

Plantões médicos é uma das possibilidades de atuação dos profissionais de medicina. Para trabalhar com eles, o médico deve ser capaz de responder as demandas que aparecem no ambiente de plantão, realizando procedimentos, diagnósticos, condutas e até transferindo para unidades mais especializadas.

A duração mínima de um plantão é de 12h e a máxima, supostamente, é de 24h. O plantão pode ocorrer em ambientes hospitalares, ambulatórios, clínicas, telemedicina e eventos como shows, jogos de futebol, festas comemorativas, etc.

Dentro dos hospitais, pode ocorrer em enfermaria, UTI, urgência e emergência. Nestes lugares, é comum os plantões serem de 24h.

Forma de contratação

O vínculo empregatício pode ser por CLT ou como prestador de serviço, de forma avulsa, pessoa jurídica (PJ). Caso seja CLT, o médico tem que fazer plantões dentro de 44h semanais. No caso de PJ, esse profissional pode dar quantos plantões ele aguentar e conseguir.

Quais são os valores pagos por plantão médico?

Os valores dos plantões vão variar com base em alguns fatores, entre eles:

  • quem é o empregador,
  • o tipo de contratação (CLT ou PJ),
  • a cidade que o médico esteja,
  • se é de especialidade ou generalista.

Médico autônomo

A maioria dos plantões hoje em dia, com a “pjtização da medicina”, tem sido por pessoa jurídica, de forma autônoma.

Esse formato faz o prestador de serviço não criar um vínculo empregatício com a instituição e dá mais liberdade ao médico em escolher os seus horários e suas rotinas, não tendo um limite máximo de carga horária para cumprir. Porém, dessa forma, eles descontam em média de 15 a 18% do salário oferecido.

Nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e em Hospitais Públicos, a média do valor dos plantões para esses médicos varia a depender da cidade. Salvador, Aracajú e outras cidades do Nordeste, a média é de R$1.080 a R$1.200 por um plantão de 12h. Já São Paulo, o valor pago por esse mesmo serviço é de R$ 2.000 a R$2.500.

Nos eventos, principalmente os que acontecem em datas comemorativas, os plantões costumam a pagar um pouco mais caro e a contração é sempre por pessoa jurídica. Algumas vezes, esse tipo de plantões possuem pagamento imediato.

Médico CLT

No caso do médico que é CLT, ele ganha mais por plantão. No Nordeste, varia de R$ 1.500,00 à R$ 2.000,00, por exemplo. Isso porque, envolve mais riscos, mais responsabilidades, tem-se um vínculo. Entretanto, esse profissional tem limites de plantões por semana, como já falamos acima.

Plantões em hospitais particulares e policlínicas

Os hospitais particulares tendem a pagar melhor nos plantões, principalmente os de finais de semana. Além disso, alguns deles trabalham com bonificação por quantidade de pacientes atendidos, fazendo com que seu salário seja melhor de acordo com sua produtividade.

Em algumas policlínicas, que são ambulatórios, você recebe por produtividade nos plantões. A média varia de 30 a 50% para a instituição e de 70 a 50% para o médico. O cálculo é feito pela forma de pagamento do paciente, se plano de saúde ou particular. Esses tipos de plantões não costumam ser de 12h. São por turnos.

Ambos os lugares o médico também é contratado como profissional liberal, por pessoa jurídica.

Principais dúvidas sobre os plantões médicos

Existem vários questionamentos porque quem escolhe trabalhar de plantões na medicina. A maioria dos médicos não costumam ficar a longo prazo nesse tipo de rotina. E isso acontece por alguns motivos, entre eles:

Demora do pagamento

O primeiro dele é a demora que está ocorrendo para o repasse do pagamento para os médicos. As UPAs estão levando em média de 3 a 4 meses para fazem o pagamento. Já os estabelecimentos particulares e a maioria das policlínicas, a média é de 1 a 2 meses. Isso inviabiliza os planos, organização financeira e o pagamento dos custos fixos que o profissional tem na vida pessoal.

Valores de plantões defasados e até reduzidos

O segundo são os valores dos plantões. Em muitos lugares esses valores continuam defasados, o mesmo de 10 anos atrás. O salário mínimo mudou, as coisas encareceram, o custo de vida aumentou, mas o valor do plantão continua o mesmo.

Um dos motivos disso ocorrer é o fato de que hoje em dia, devido ao aumento da quantidade de médicos disponíveis, a procura é muito grande. Então não há necessidade de uma maior oferta por parte de quem oferece o emprego.

Saúde do médico

O terceiro motivo é o desgaste físico e emocional e a “escravização” do profissional. Trabalhar em lugares por produtividade faz com o médico se sinta pressionado em atender cada vez mais pacientes e isso reduz tanto sua qualidade de vida, como também a qualidade de atendimento.

Em relação a esse terceiro motivo, devemos pensar no tanto que esse médico trabalha para se sustentar e se manter. A sociedade impõe um padrão muito alto ao médico, que para manter o seu status social, deseja adquirir as melhores coisas, frequentar os melhores lugares, etc.

Manter tudo isso a base de plantão o faz não ter limites, emendando vários plantões seguidos. Com isso, a sua saúde fica comprometida e a qualidade do atendimento, mais uma vez, não é das melhores.

E então, vale a pena ou não viver de plantão?

O plantão pode ser encarado de diversas formas. Uma delas é como complemento de renda do médico. Algumas pessoas trabalham em locais que não pagam o suficiente para suas escolhas de vida e com isso, surge a necessidade de uma renda extra.

Outros profissionais recém-formados ainda não conseguem colocar um alto valor nas suas consultas devido ao fato de estarem iniciando no mercado e com isso, precisam também de complemento de renda. No caso dos residentes de medicina, essa também uma maneira que esses médicos encontram para somar à sua bolsa de estudo.

Além disso, os plantões são grandes oportunidades de aprendizado. Devido ao volume de pacientes, com diferentes tipos de problemas, o ganho de experiência é adquirido de forma mais rápida.

Apesar disso, viver apenas de plantão apenas é algo que, a longo prazo, não é saudável e nem muito viável. Na rotina do jovem médico, emendar a semana toda de plantões diurnos e noturnos é algo possível. Com o envelhecimento, isso vai se tornando mais difícil e cansativo.

Para quem deseja também constituir família, apenas essa escolha de trabalho inviabiliza muito o vínculo afetivo, manter relações, engravidar, etc.

Além disso, é importante ressaltar que com o aumento da oferta de mão de obra, a tendência é que esses valores se tornem cada vez mais defasados e menos atrativos.

Depoimento da Médica Tainara Matos

Confira agora o depoimento da médica Tainara Matos, da cidade de Salvador-BA sobre sua experiência atuando em plantões médicos. Desde o 5º ano da faculdade, a médica sempre soube da necessidade de se especializar, mas sabia que logo na saída da faculdade precisaria dar alguns plantões.

A expectativa que ela tinha era de conseguir juntar uma boa quantia de dinheiro com os plantões antes de ingressar na residência médica, mas a realidade foi um pouco desanimadora.

Apesar de ter encontrado muitas possibilidades de plantões e ter trabalhados neles, a demora de receber os salários tem sido grande, o que a fez escolher outro caminho. Confira o depoimento da Tainara:

“Me formei em medicina, e agora?”

“Bom, acho que todo mundo quando se forma se questiona: ‘me formei em medicina, e agora?’. A primeira porta de entrada no mercado de trabalho, sem dúvidas, são os plantões, principalmente em UPA. É possível também em alguns hospitais que você fez um contato maior com os médicos durante seu internato. Mas, falando sobre a UPA em específico, existem alguns pontos negativos: lotação de pacientes, não tem muitos recursos que são necessários para atender bem o paciente e o pagamento daquela prestação de serviço vem 3 meses depois, aproximadamente.”

“Quando o estudante de medicina se forma, ele realmente está precisando de dinheiro. São muitos gastos ao longo da graduação, principalmente no internato, no processo de formatura. Assim, a gente saí da faculdade com necessidade de trabalhar e realmente encontramos trabalho de imediato, porém para se capitalizar demora em média de 3 a 4 meses”.

Concursos na área médica

“Diante desse quadro, uma alternativa que encontramos na nossa área é participar de alguns concursos que existem como o Programa Médicos pelo Brasil e o Mais Médicos. Essa é uma garantia de recebimento de salário em dia. Além disso, o Programa Médicos pelo Brasil funciona semelhante a um regime CLT: o médico que vai ficar no programa por 2 anos recebe férias remunerada, décimo terceiro, auxílio moradia e o valor da bolsa”.

“Não é que vamos deixar de dar plantões, mas fazer concurso é uma garantia que te ajuda a custear as despesas que temos. O bom do plantão é que podemos associá-los com tudo que a gente trabalha”.

As escolhas

“Eu optei no início por plantões, depois mudei para entrar no Programa Médicos pelo Brasil, assim como muitos amigos meus, e optei por fazer residência. No momento estou perto de iniciar o programa em Medicina de Família e Comunidade. Para o meu objetivo de carreira profissional, entendia que a especialização nesse momento seria muito importante”.

O que são os plantões médicos especializados?

Os tipos de plantões abordados ao longo do texto podem ser realizados por médicos generalista, sem nenhuma especialidade. Porém, existem também plantões especializados. Para fazê-los, o médico deve possuir título em alguma das especialidades médicas reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina.

Esses plantões oferecem uma melhor qualidade de vida para o médico e remunerações mais altas. Segundo dados do site Salario.com.br, a diferença varia de R$6mil a R$12mil reais ao final do mês.

Leia também o artigo: Descubra quanto ganha um médico trabalhando no Brasil

Como se especializar ganhando dinheiro?

Existe basicamente suas formas de se tornar um médico especialista no Brasil: residência médica e pós-graduação.

Para aqueles médicos que gostam de viver de plantão, a pós-graduação é uma boa possibilidade. Além de ajudar a aumentar o valor do seu serviço e aprimorar seus conhecimentos, ela ainda te dar a possibilidade de estudar e trabalhar ao mesmo tempo, diferentemente da residência médica.

Você sabia que a Sanar conta com vários cursos de pós-graduação? São eles:

  • Medicina de Urgência e Emergência
  • Terapia Intensiva
  • Psiquiatria
  • Dermatologia
  • Medicina de Família e Comunidade
  • Geriatria
  • Endrocrinologia
  • Nutrologia
  • Cuidados Paliativos
  • Medicina do Esporte
  • Medicina do Trabalho
  • Obesidade e Emagrecimento

Conheça nossos cursos de pós-graduação, aumente sua renda e melhore sua qualidade de vida.

Lembrete importante: fazer a pós-graduação não te garante um título de especialista. Após o curso, será preciso realizar uma prova de título.

Sugestão de leitura complementar

Referências

  1. Demografia Médica do Brasil 2023
  2. Salário.com.br
  3. Programa Médicos pelo Brasil