Índice
- 1 O que é a pneumonia comunitária na infância?
- 2 Fatores de risco para a pneumonia comunitária na infância
- 3 Etiologia: agentes causadores de pneumonia comunitária na infância
- 4 Quadro clínico do paciente com pneumonia comunitária na infância
- 5 Diagnóstico da pneumonia comunitária na infância
- 6 Como conduzir o tratamento da pneumonia comunitária na infância?
- 7 Principais complicações da pneumonia comunitária na infância
- 8 Perguntas frequentes
- 9 Referências
Entenda através do resumo da pneumonia comunitária na infância as etiologias dessa patologia, como avaliar o paciente e condução do tratamento. Bons estudos!
A pneumonia comunitária na infância é uma condição que o médico generalista deve estar familiarizado e ser capaz de atuar. Assim, entender todas os principais pontos acerca do tema pode fazer toda diferença na sua condução.
O que é a pneumonia comunitária na infância?
A pneumonia comunitária na infância trata-se de uma infecção do trato respiratório inferior.
Costuma acometer crianças que não estão em ambientes hospitalares. Por isso, os ambientes mais suscetíveis à essa infecção são as creches e instituições de acolhimento.

Apesar do expressivo progresso ocorrido nos últimos 50 anos em relação ao desenvolvimento de antibióticos e vacinas, a pneumonia continua sendo um importante problema de saúde pública.
A maioria das crianças tem de 4 a 6 infecções respiratórias agudas (IRA) por ano, principalmente nas áreas urbanas. Cerca de 2 a 3% das IRA evoluem para infecção do parênquima pulmonar, das quais 10 a 20% evoluem para óbito, contabilizando 1,2 milhão de óbitos por ano.
Fatores de risco para a pneumonia comunitária na infância
Geralmente a pneumonia ocorre como complicação de uma infecção viral das vias aéreas.
Os vírus alteram os mecanismos de defesa do trato respiratório por modificar as secreções, inibir a fagocitose, alterar a flora bacteriana e diminuir o movimento ciliar. Os principais fatores de risco são:
- Prematuridade;
- Baixo peso ao nascer;
- Desmame precoce;
- Desnutrição;
- Baixo nível socioeconômico;
- Tabagismo passivo.
Além disso, a idade é um fator de risco importante para a doença. Crianças menores de 2 anos costumam estar mais vulneráveis. Outras condições preditoras de agravamento e complicações são a condições crônicas pulmonares, como asma ou fibrose cística.
É válido ressaltar que a falta de acesso à cuidados de saúde adequados é uma questão importante na vulnerabilidade do paciente à pneumonia.
Etiologia: agentes causadores de pneumonia comunitária na infância
É difícil estabelecer o diagnóstico etiológico das PAC na infância devido ao seu curso clínico ser muito semelhante para os diversos agentes. Somado {a isso, os testes diagnósticos costumam ter baixa sensibilidade.
Os principais agentes etiológicos envolvidos variam de acordo com cada faixa etária:
LACTENTES > 3 MESES | Vírus sincicial respiratório Influenzae Parainfluenzae Adenovírus S. pneumoniae H. influenzae S. aureus |
PRÉ-ESCOLARES | Chlamydia sp Mycoplasma pneumoniae Predomínio por vírus S. pneumoniae e o H influenzae |
ESCOLARES/ADOLESCENTES | Pneumococo e m. pneumoniae |
Quadro clínico do paciente com pneumonia comunitária na infância
O quadro clínico da PAC pode variar com a idade da criança, o estado nutricional, a presença de doença de base e o agente etiológico. Os principais sintomas são:
- Febre;
- Tosse;
- Taquipneia;
- Dispneia.
É importante que estejamos cientes do que esperar quanto à incursões de pacientes lactentes. Podemos ter como parâmetros os seguintes valores, considerando a OMS:
Taquipneia:
< 2 meses: FR ≥ 60 irpm;
2 a 11 meses: FR ≥ 50 irpm;
1 a 4 anos: FR ≥ 40 irpm.
< de 2 meses | FR > 60 irpm Tiragem subcostal Febre alta Recusa de seio materno mais de 3 mamadas Sibilância Estridor em repouso Irritabilidade Letargia |
>de 2 meses | Tiragem subcostal Estridor em repouso Recusa de líquidos Convulsão Alteração do sensório Vômitos |
Ainda, podemos citar a pneumonia afebril em lactentes. Nessa condição, os possíveis agentes etiológicos incluem C. trachomatis, U. urealyticum e o vírus respiratório sincicial. É mais comum em lactentes com idades entre um e três meses. Geralmente, o estado geral da criança se mantém preservado, embora possa apresentar tosse seca. No exame radiológico, é observado um infiltrado intersticial.
Já a pneumonia atípica, causada pelo Micoplasma pneumoniae ou pela Clamídia pneumoniae, é mais comum em pré-escolares e adolescentes.
Essa forma de pneumonia apresenta características distintas, iniciando-se frequentemente com dor de garganta, ocasionalmente com otalgia, seguida de febre baixa. O estado geral do paciente costuma ser pouco comprometido, no entanto, a tosse é intensa e irritativa.
Diagnóstico da pneumonia comunitária na infância
O diagnóstico de PAC é clínico, não sendo necessário realização de raio-X de tórax, reservado para os casos graves e indicação de internação.
Entendermos a etiologia da pneumonia comunitária na infância é importante, na medida em que direcionamos o tratamento. Por isso, fique atento aos seguintes sinais:
BACTERIANA | VIRAL |
Consolidação alveolar | Padrão intersticial |
Redução do MV e crepitações | Rouquidão e sibilos |
Derrame pleural | Início insidioso |
Escarro amarelo-esverdeado | Tosse seca |
Febre alta | Febre moderada |
Calafrios | Dores musculares |
Agravamento rápido dos sintomas | Sintomas gripais |
Os exames complementares são inespecíficos e de emprego questionável.
O achado de leucocitose acima de 15.000 mm³ e PCR > 40 mg/dL sugere etiologia bacteriana. A hemocultura só é indicada nos casos de PAC grave, em crianças internadas ou quando a evolução do paciente é desfavorável. Podem ser solicitadas sorologias nos casos suspeitos de M. pneumoniae e chlamydia sp.
Como conduzir o tratamento da pneumonia comunitária na infância?
Inicialmente deve-se determinar se o tratamento do paciente poderá ser realizado ambulatorialmente, ou em nível hospitalar.
Para isso, se atente aos critérios em que se indica a internação hospitalar:
- Menores de 2 meses;
- Presença de tiragem subcostal;
- Convulsões;
- Sonolência excessiva;
- Estridor em repouso;
- Desnutrição grave e desidratação;
- Comorbidades associadas ou complicações radiológicas, como derrames e abcessos;
- Falha na terapêutica ambulatorial.
O tratamento ambulatorial será diferente para os pacientes de 2 meses a 5 anos, e aqueles maiores de 5 anos. Assim, temos que:
- Crianças de 2 meses a 5 anos:
- Amoxicilina, 50mg/kg/dia de 8/8 horas.
- Crianças > 5 anos:
- Amoxicilina 50mg/kg/dia de 8/8 horas. No entanto, na suspeita de pneumonia atípica causada por m. pneumoniae, faz-se Azitromicina 10mg/kg/dia por 5 dias.
No tratamento hospitalar, a escolha terapêutica será baseada na gravidade do paciente. Temos que:
- Paciente sem tiragem subcostal:
- Amoxicilina oral 50mg/kg/dia, 3x ao dia por 10 dias.
- Pneumonia grave:
- Ampicilina parenteral 50mg/kg/dose, 6/6 horas OU;
- Penicilina cristalina 150.000 U/kg/dia, 6/6 horas.
Além do uso dos antibióticos, deve-se manter a alimentação da criança,
particularmente o aleitamento materno, aumentar a oferta hídrica e manter as narinas desobstruídas.
Além disso, a criança hospitalizada pode necessitar de uso de broncodilatadores, hidratação venosa, correção de distúrbios hidreletrolíticos e oxigenoterapia (se SatO2 < 92%).
Principais complicações da pneumonia comunitária na infância
A pneumonia comunitária na infância pode levar a várias complicações, especialmente em casos mais graves ou quando o tratamento adequado não é iniciado precocemente. Alguns exemplos de complicações incluem:
- Derrame pleural
A acumulação anormal de líquido na cavidade pleural, que envolve os pulmões, pode ocorrer como resultado da infecção pulmonar. Como resultado desse processo, podemos encontrar dor no peito, dispneia. Para resolver o quadro, pode ser necessária a drenagem do líquido. Caso seja em pequena quantidade, é possível que ele seja drenado espontaneamente. - Abscesso pulmonar:
Trata-se de uma neo-cavidade, com conteúdo purulento, que se forma nos pulmões em resposta à infecção. Pode ocorrer quando a pneumonia não é tratada adequadamente, resultando em acúmulo de material infectado. Os sintomas incluem febre persistente, dor no peito e tosse produtiva, sintomas clássicos de infecção. No entanto, ele só pode ser visualizado ao exame de imagem e o tratamento é feito pela sua drenagem. - Empiema:
É a formação de pus dentro da cavidade pleural, geralmente como uma complicação de uma pneumonia não tratada. Nesse caso, o pus se acumula em uma cavidade já existente e fisiológica do corpo. Pode causar febre persistente, dor no peito, dificuldade respiratória e pode ser necessário drenar o pus, assim como no abcesso. - Sepse:
A pneumonia comunitária pode levar à disseminação da infecção para a corrente sanguínea, causando uma resposta inflamatória sistêmica conhecida como sepse. A sepse é uma condição grave que pode levar a complicações graves, como falência de múltiplos órgãos. - Insuficiência respiratória:
Em casos graves de pneumonia comunitária, a função pulmonar pode ser comprometida, resultando em dificuldade respiratória e insuficiência respiratória. Isso pode requerer suporte ventilatório e cuidados intensivos.
É importante lembrar que essas complicações são menos comuns em casos leves de pneumonia comunitária.
Posts relacionados: continue aprendendo
- Antibiograma: o que é, quando é indicado e mais
- Resumo: tuberculose | Ligas
- Resumo Mycobacterium tuberculosis com mapa mental | Ligas
- Dica de Radiologia: densidades radiográficas
- Resumo de Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC)
Perguntas frequentes
-
O que é pneumonia comunitária na infância?
A pneumonia comunitária na infância é uma infecção do pulmão que afeta crianças que não estão hospitalizadas ou em ambientes institucionais, como creches. -
Quais são os principais sintomas da pneumonia comunitária na infância?
Tosse, febre, dificuldade respiratória, respiração rápida, dor no peito e cansaço são os sintomas comuns da pneumonia comunitária na infância. -
Como a pneumonia comunitária na infância é tratada?
O tratamento geralmente envolve o uso de antibióticos para combater a infecção bacteriana. Em alguns casos, dependendo da gravidade, pode ser necessário hospitalização para administração de medicações intravenosas e suporte respiratório.
Referências
- Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria, 4ª edição, Barueri, SP: Manole, 2017.
- Bedran, R. M. Pneumonias adquiridas na comunidade na infância e adolescência. Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 7): S40-S47
- Community-acquired pneumonia in children: Outpatient treatment. William J Barson, MD. UpToDate