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Dexametasona na Covid-19: Por que ela é a aposta para salvar vidas?

Dexametasona na Covid-19: Por que ela é a aposta para salvar vidas?

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Remédio barato e acessível, a dexametasona é a aposta de pesquisadores para salvar vidas de pacientes graves da Covid-19.

Um estudo desenvolvido no Reino Unido encontrou evidências de que a dexametasona é o corticoide que pode evitar mortes daqueles em ventilação mecânica ou que necessitam de oxigênio fora da UTI.

Devido aos resultados do estudo Recovery, o Ministério da Saúde do país decidiu incluir a dexametasona no tratamento do novo coronavírus. A Organização Mundial da Saúde (OMS) não se pronunciou oficialmente sobre o assunto.

No Brasil, a Sociedade Brasileira de Infectologia reconheceu a eficácia da dexametasona. Em informe assinado pelo presidente Clóvis Arns da Cunha, a recomendação é de aplicação via oral ou endovenosa de 6mg, uma vez ao dia, por dez dias, em todo paciente com Covid-19 em estado mais grave.

Estudo Recovery com uso da Dexametasona

O estudo Recovery é um ensaio clínico realizado no Reino Unido a partir de base de dados com mais de 11 mil pacientes de 175 hospitais. Os pesquisadores analisaram 2.104 pacientes que foram selecionados para receber a substância aleatoriamente. O progresso que tiveram foi comparado ao de 4.321 pacientes que receberam os cuidados habituais contra o novo coronavírus.

Os resultados encontrados, embora animadores, são ainda preliminares e deverão ser publicados em revistas científicas para revisão dos pares. Mas, por se tratar de um ensaio clínico, os benefícios do medicamento já podem ser aplicados.

É porque esse modelo de pesquisa é acompanhado por um comitê independente de especialista, responsável por revisar os dados provisórios. Caso seja observado um medicamento eficaz, o estudo então é interrompido e a substância passa a ser administrada em todos os pacientes.

De acordo com informações do El País, os resultados do Recovery dão sustentação a trabalhos já publicados sobre os benefícios da dexametasona. Um deles é o estudo realizado com 400 pacientes do Hospital Puerta de Hierro, de Madri.

Este também não foi revisado por especialistas, mas indica que os corticoides reduzem em 41% a mortalidade de pacientes em estado grave da Covid-19. A Espanha já usa o medicamento nesse grupo há seis meses.

Resultados

O principal resultado obtido no estudo Recovery é a redução da mortalidade entre os doentes muito graves, aqueles que precisam de respiração assistida, bem como entre aqueles que necessitam de oxigênio e estão fora da UTI.

Na comparação entre as variáveis – pacientes que receberam o medicamento e pacientes tratados do modo convencional -, a taxa de mortalidade dos pacientes que precisavam de respiração assistida foi de 41%. Já o indicador entre os pacientes que precisavam de oxigênio foi 25%.

Numericamente, a dexametasona pode evitar uma entre 8 mortes de pacientes mais graves e pode salvar um a cada 25 pacientes que recebem oxigênio.

O estudo investigou também o impacto da dexametasona entre os pacientes com quadro mais leve da Covid-19. Não foram observados benefícios para esse grupo.

Dexametasona

A dexametasona foi descoberta em 1957. Por ser um corticosteroide, possui efeitos anti-inflamatórios e é um supressor da resposta imunológica. É um medicamento conhecido e barato.

A eficácia da dexametasona no enfrentamento à Covid-19 pode ser explicada pela capacidade de ação em inflamações. Esse é o maior problema causado pelo novo coronavírus. Dessa forma, a dexametasona interfere na resposta imunológica retardando a ação das células imunes no combate à replicação do vírus.

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