Cirurgia geral

Residência em Cirurgia Geral: rotina, mercado e desafios!

Residência em Cirurgia Geral: rotina, mercado e desafios!

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Imagem de perfil de Residência Médica

Ao fim da Faculdade de Medicina, é chegada a hora de escolher sua especialidade. Como muitos buscam a cirurgia, vamos falar aqui da Residência em Cirurgia Geral.

A figura do médico se afasta cada vez mais daquele profissional polivalente tão comum no passado – e em algumas regiões mais isoladas. Cada vez mais, urge a necessidade de se especializar. Assim, é possível competir em um mercado acirrado e atender os seus pacientes com o máximo de preparo.

Mas, antes, é preciso escolher a especialidade, o programa, a instituição… São tantas as opções e os pontos a ponderar.

Leia mais: 10 Questões para considerar antes de escolher a sua residência médica

Pensando em te ajudar, retiramos algumas ideias do nosso livro Como Escolher Sua Residência Médica. Na obra, você encontra um um guia completo sobre a carreira médica e as suas 50 especialidades.

A obra foi escrita por mais de 50 especialistas, provenientes das mais conceituadas residências do país. Assim, você pode tirar as suas dúvidas e fazer a principal escolha na carreira do médico.

O Especialista em Cirurgia Geral

O cirurgião geral atende às várias demandas em um hospital geral, frequentemente solicitado a emitir pareceres em casos de dúvidas diagnósticas. Dessa forma, necessita sólida formação em clínica cirúrgica, bons conhecimentos de semiologia e fisiopatologia.

O profissional realiza atendimentos ambulatoriais, em plantões nas emergências de pronto-socorros e cirurgias eletivas. Ou seja, o atendimento ao paciente “cirúrgico” implica em consultas clínicas (em emergência ou eletivas). Nelas se estabelece um diagnóstico e, em seguida, o tratamento: a cirurgia.

Portanto, o exercício da especialidade depende de uma estrutura hospitalar adequada e uma equipe multidisciplinar, com os cuidados de enfermagem, fisioterapia, nutrição e psicologia. Além disso, o apoio de outras especialidades médicas, como a radiologia e a anestesia.

As Habilidades do Cirurgião Geral

A habilidade manual é uma característica importante, adquirida com a prática, inicialmente na residência e, depois, ao longo da vida. Porém, o conhecimento profundo de técnicas operatórias não é suficiente sem estar atrelado a um diagnóstico correto e indicação precisa de uma cirurgia.

O controle dos eventos endócrino-metabólicos do pré e pós-operatório, o manejo de pacientes que necessitam de reoperações programadas ou não devem ser perfeitamente dominadas pelo cirurgião. Para isso, são necessárias muitas horas dedicadas a estudar.

Temos muitas ferramentas digitais atualmente voltadas para a cirurgia e estas devem ser utilizadas. A velocidade com que o conhecimento avança nos obriga a isso. Como exposto, o cirurgião deve obrigatoriamente desenvolver espírito de equipe e nunca estar só. A presença de outro colega implica em maior troca de conhecimentos e experiências, segurança nos procedimentos e, por fim, bons resultados.

A educação médica continuada é outro caminho a ser seguido. Estar sempre à procura das melhores informações e novas técnicas é fundamental para o progresso profissional.

Por essas características, a relação médico-paciente é intensa, às vezes, em momentos difíceis para as famílias dos pacientes. Dessa forma, deve-se preservar ao máximo este relacionamento. É o momento onde se esclarece o paciente e se estabelece um vínculo que provavelmente perdurará por muito tempo. Em tempos de judicialização da atividade médica, é o melhor mecanismo de defesa do médico.

Mercado de trabalho do Cirurgião Geral

Na maioria das vezes, a carreira do cirurgião-geral inicia-se no hospital de trauma, em plantões de emergência. Em grandes centros, devido a índices de violência alarmantes, os plantões são movimentados, com várias cirurgias no período, podendo se tornar cansativo.

Por outro lado, a habilidade cirúrgica é trabalhada em cada cirurgia realizada e leva a um sentimento de realização ímpar. Contudo, deve-se evitar plantões seguidos, tanto pelo desgaste físico que ocasiona, quanto por aumentar as margens de possibilidades de erros.

Ao invés de múltiplos plantões, você deve se dedicar às atividades de consultas e cirurgias eletivas. Assim, desenvolve o tirocínio clínico e a técnica operatória, assumindo progressivamente casos mais complexos.

Em cidades menores é frequente o chamado “sobreaviso”. Talvez essa seja situação mais desconfortável para qualquer médico, pois se assume um compromisso de possível atendimento em momentos de descanso, lazer, estudo ou convívio familiar. Infelizmente, nesses locais, ainda não se formulou um mecanismo de atendimento que possa substituir a prática do sobreaviso.

A Residência em Cirurgia Geral

A Residência em Cirurgia Geral a residência em Cirurgia Geral é dividida em duas áreas: 

  • Área Cirúrgica Básica: duração de dois anos
  • Programa de Cirurgia Geral: duração de três anos

Dessa forma, ao completar a residência de Cirurgia Geral, o médico conquista o título de cirurgião. Porém, se optar por fazer a residência de área Cirúrgica Básica, o médico ganha um certificado de competência ao fim dos 2 anos. Só podendo ser considerado especialista quando terminar uma subespecialidade.

Subespecialidades Cirúrgicas

Ao fim da especialização em cirurgia geral, o médico poderá optar por diversas subespecialidades:

  • cirurgia geral – programa avançado;
  • cirurgia cardiovascular;
  • cancerologia cirúrgica;
  • cirurgia de cabeça e pescoço;
  • cirurgia do aparelho digestivo;
  • coloproctologia;
  • cirurgia pediátrica;
  • cirurgia plástica;
  • urologia;
  • cirurgia torácica;
  • cirurgia vascular;
  • mastologia;
  • nutrologia;
  • medicina intensiva.

Não podemos esquecer outras especializações. A área de transplantes de órgãos, por exemplo, abre grandes perspectivas aos novos cirurgiões devido ao volume de pacientes que são atendidos em grande centros.

Existe ainda a possibilidade de cursar um ano adicional em trauma ou ainda mais dois anos de cirurgia geral avançada (sendo necessário nova prova de seleção em ambos casos).

Durante os dois anos, o médico residente realiza rodízios nas subespecialidades de:

  • cirurgia vascular;
  • cirurgia plástica;
  • urologia;
  • cirurgia torácica;
  • cirurgia pediátrica;
  • coloproctologia;
  • cirurgia de cabeça e pescoço;
  • cirurgia do aparelho digestivo;
  • plantões em emergências e ambulatórios de cirurgia geral e das especialidades em que estejam estagiando.

É importante o domínio dos procedimentos básicos dessas diversas áreas. Devido a ausência do sub-especialista, muitas vezes os procedimentos são realizados pelo cirurgião geral.

A cirurgia, de maneira geral, tem características diferentes de especialidades clínicas. Como já mencionado, temos atividades de pré, per e pós-operatório.

Carga Horária na Residência Médica

Isso, de certa forma, parece uma sobrecarga de trabalho. Contudo, quando bem equacionado, vemos que não é tanto assim. Já durante a residência, período em que esperamos “operar tudo”, o “máximo possível”, pode se tornar, sim , uma sobrecarga, ainda mais somado aos plantões.

Dessa maneira, a Comissão Nacional de Residência Médica – CNRM disciplinou a carga horária em 60 horas semanais, máximo de 24 h de plantões semanais, folga de 6 horas após o plantão. Assim, o stress da atividade não prejudica a capacidade de trabalho, de discernimento nas tomadas de decisões e do estudo do médico residente.

Cabe lembrar, porém, que cirurgias “têm hora para começar”, mas podemos nos deparar com lesões que escaparam a um diagnóstico inicial ou o procedimento planejado ser mais complexo, demandando um tempo de cirurgia maior que o previsto e dessa forma extrapolar “horários”.

Principais Desafios

Se está pensando em seguir na carreira de cirurgião geral, precisa saber os principais desafios enfrentados na área.

A maior parte dos serviços públicos não dispõe de equipamentos de videolaparoscopia que atenda às suas necessidades. Temos um número insuficiente de torres de vídeo, kits de instrumentais e fontes de energia.

Muitas vezes, isso impede uma formação segura nessa área, obrigando a realização de cursos complementares após a residência médica, opção por ano adicional em videolaparoscopia ou cursar cirurgia geral avançada ou cirurgia do aparelho digestivo.

Porém, esse esforço deve ser alcançado como condição para se manter no mercado de trabalho de forma mais consistente, observando que, em pouco tempo, a maioria dos procedimentos que hoje ainda são realizados por via laparotômica, serão realizados por esse novo e instigante método, inclusive procedimentos oncológicos e o trauma.

Além disso, há também uma necessidade em estudantes e médicos de entender a prática das situações cirúrgicas. Para isso, lançamos o Guia Prático em Cirurgia Geral.

Nessa obra você confere informações cruciais desde a instrumentação cirúrgica até o pós-operatório. É um material de extremo valor para estudantes de Medicina, principalmente internos e residentes das áreas cirúrgicas.

Reconhecimento

O reconhecimento advém de boas práticas, bom relacionamento médico-paciente, bom relacionamento com a equipe multidisciplinar e bons resultados.

Dessa forma, o tempo é o fator determinante para que seus resultados possam falar por si. A humildade e paciência são qualidades a serem desenvolvidas que premiarão o cirurgião no futuro.

Com relação ao reconhecimento pecuniário, existe uma variação entre as diversas regiões do país e entre serviços públicos e privados. Observamos hoje nos egressos dos cursos de medicina uma busca de especialização baseada na qualidade de vida que ela poderá proporcionar. Esta talvez seja a maior ilusão que a pouca experiência pode provocar.

Abraçar uma especialidade médica e exercê-la com eficácia e dignidade depende diretamente da afinidade que cada um tem por aquela área. Fazer o que não gosta é o pior emprego, gera frustrações e má prática.

Por outro lado, fazer o que se gosta, com amor e dedicação, é o caminho para a satisfação pessoal e naturalmente trará recompensas.

Confira o vídeo:

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