Clínica Médica

Dor lombar: quais são os principais diagnósticos diferenciais?

Dor lombar: quais são os principais diagnósticos diferenciais?

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A dor lombar ou lombalgia é definida como processo álgico localizados abaixo do rebordo costal e acima da linha glútea superior, que pode irradiar para membros inferiores.

A maioria das causas de dor lombar são inespecíficas, mas é possível classificar quanto à sua etiologia como não irradiada, irradiadas com radiculopatia.

Epidemiologia da dor lombar 

É um importante problema de saúde pública, que afeta 80% dos adultos em algum momento da vida, sendo uma das 10 causas mais comuns de consultas médicas. O sedentarismo, obesidade, condições ocupacionais diversas e idade são os principais fatores de risco para desenvolvimento de lombalgia.

No Brasil, a prevalência anual da dor lombar aguda atinge mais de 50% dos adultos e os casos crônicos chegam a atingir entre 4,2 e 14,7%. Além disso, é o principal motivo de afastamento no trabalho. 

Como podemos classificar a lombalgia em relação ao tempo?

São classificados em:

  • Aguda: duração menor que 4 semanas;
  • Subaguda: se maior que 4 e menor que 12 semanas; ou
  • Crônica: duração maior que 12 semanas. 

Diagnósticos diferenciais da dor lombar não irradiada 

Cerca de 85 % dos pacientes atendidos na atenção primária com dor lombar não terão causa específica para este sintoma, o que significa que o paciente tem dor nas costas na ausência de uma condição subjacente específica que possa ser identificada de forma confiável. Esses pacientes geralmente melhoram ao longo de algumas a várias semanas com cuidados conservadores ou autocuidados.

Cerca de 10 % dos pacientes que se apresentam em ambientes de cuidados primários com dor lombar terão possíveis etiologias específicas, mas com repercussões menos graves. 

Osteoartrite

Desses casos, a osteoartrite é uma causa comum de dor lombar mecânica que não irradia, geralmente exacerbada pela atividade e aliviada pelo repouso.

Os pacientes também podem se queixar de dor no quadril, seja por osteoartrite do quadril ou dor referida na coluna. 

Fratura por compressão vertebral

Dos 10 % citados acima, cerca de 4% terão fratura por compressão vertebral (fratura osteoporótica), que são facilitados em pessoas com idade avançada e em uso crônico de glicocorticóides.

Essas lesões podem ser assintomáticas, mas outros pacientes apresentam início agudo de dor lombar, que pode ser incapacitante. Pode não haver história de trauma anterior. 

Espondilite anquilosante

Cerca de 0,5% dos pacientes que queixam-se de dor lombar possuem espondilite anquilosante, uma espondiloartrite soronegativa, sendo mais comum  em pacientes acima de 40 anos. 

A espondilite anquilosante, frequentemente abreviada como EA, é uma doença inflamatória crônica que afeta principalmente as articulações da coluna vertebral. Ela é classificada como uma doença reumática e pertence a um grupo de condições chamado espondiloartropatias.

A EA é caracterizada por inflamação crônica nas articulações sacroilíacas, que são as articulações que conectam a coluna vertebral à pelve. Com o tempo, essa inflamação pode levar à fusão das vértebras da coluna vertebral, causando rigidez e perda de mobilidade.

Escoliose e hipercifose

A dor lombar também pode estar associada a deformidades congênitas ou derivadas de instabilidade postural, como escoliose e hipercifose. A escoliose e a hipercifose são dois tipos de deformidades da coluna vertebral que afetam sua curvatura normal. Elas podem ocorrer de forma isolada ou, em alguns casos, em conjunto.

Escoliose

A escoliose é uma condição em que a coluna vertebral se curva lateralmente, ou seja, de um lado para o outro, ao invés de ser reta quando vista de frente ou de trás.

A escoliose pode ser causada por diversos fatores, incluindo:

  • Condições genéticas
  • Má postura
  • Desequilíbrios musculares
  • Lesões ou doenças neuromusculares.
Escoliose
Escoliose.

Hipercifose

A hipercifose é uma curvatura excessiva na região torácica da coluna vertebral, resultando em uma postura corcunda ou “corcunda” nas costas.

Ela pode ser causada por vários fatores, como envelhecimento (hipercifose relacionada à idade), osteoporose, más posturas crônicas, doenças que afetam a coluna vertebral, entre outros. O tratamento da hipercifose também depende da causa e da gravidade da curvatura. Isso pode envolver fisioterapia, exercícios de fortalecimento da musculatura das costas, dispositivos ortopédicos, como coletes, e, em alguns casos, cirurgia.

Hipercifose
Hipercifose

Diagnósticos diferenciais da dor lombar irradiada

Outro diagnóstico possível é a radiculopatia, que se refere a sintomas ou deficiências relacionadas a uma raiz nervosa espinhal. Nesse caso, a principal característica é a irradiação da dor.

Os pacientes apresentam dor, perda sensorial, fraqueza e/ou alterações reflexas consistentes com a raiz nervosa envolvida. Mais de 90% são radiculopatias L5 e S1. Testes específicos podem ser aplicados no território nervoso acometido. 

Irradiação nas raízes nervosas na dor lombar
Irradiação nas raízes nervosas na dor lombar

Citalgia

A ciática ou ciatalgia se refere a uma dor aguda ou em queimação irradiando para baixo da nádega ao longo do curso do nervo ciático, a face posterior ou lateral da perna, geralmente no pé ou tornozelo. 

Cerca de 90% dos casos de ciatalgia lombar estão relacionados a um processo inflamatório sobre a raiz nervosa causada pela reação inflamatória consequente a aumento de pressão intradiscal e protrusão do disco intervertebral no interior do canal vertebra. A maior parte da ciática é atribuída à radiculopatia no nível L5 ou S1 de um distúrbio do disco. 

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Vista anterior do nervo ciático a descer a perna direita.
Vista anterior do nervo ciático a descer a perna direita.

Estenose espinhal

A estenose espinhal é uma causa de dor lombar que irradia, sendo frequentemente multifatorial. A espondilose (artrite degenerativa que afeta a coluna), espondilolistese e espessamento do ligamento amarelo são as causas mais comuns de estenose espinhal, geralmente afetando pacientes com mais de 60 anos. 

Dor induzida por deambulação localizada na panturrilha e extremidade inferior distal resolvida com sentar ou inclinar para frente (“pseudoclaudicação” ou “claudicação neurogênica”) é uma marca registrada da estenose espinhal lombar. 

Menos de 1% das causas de dor lombar possuem etiologia sistêmica e mais grave. Como exemplo temos a Compressão da medula espinhal ou cauda eqüina, câncer metastático para ossos, osteomielite vertebral e abscesso epidural espinhal. 

As dores lombares podem com diagnóstico causas viscerais orgânicas, como pielonefrite, nefrolitíase, pancreatite aguda, úlcera péptica e aneurisma aórtico.

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Sugestão de leitura complementar

Referências bibliográficas