Índice
- 1 Mecanismos
- 2 Hipercapnia na hipoventilação
- 3 Quais são as causas de hipercapnia?
- 4 Sintomas da hipercapnia
- 5 Complicações da hipercapnia
- 6 Quando suspeitar de hipercapnia?
- 7 Como manejar uma paciente com hipercapnia?
- 8 Conheça nossa pós em medicina de emergência!
- 9 Sugestão de leitura complementar
- 10 Referências bibliográficas
Hipercapnia: tudo o que você precisa saber para manejar o paciente!
A hipercapnia, é definida como uma elevação da pressão arterial de dióxido de carbono (PaCO2).
As doenças pulmonares intrínsecas que aumentam o espaço morto são responsáveis pela maioria dos casos de insuficiência respiratória hipercápnica, enquanto uma proporção menor é devida a condições extrapulmonares.
Mecanismos
A pressão parcial de dióxido de carbono no sangue arterial (PaCO 2 ) é diretamente proporcional à taxa de produção de dióxido de carbono (VCO 2 ) pelo metabolismo oxidativo e indiretamente proporcional à taxa de eliminação de CO 2 pelo pulmão (ventilação alveolar ; V A ).
O seguinte cálculo é usado para determinar a PaCO 2:
PaCO 2 = (k) x VCO 2 / [V E (1 – V D / V T )]
Ve: ventilação minuto
Vd: espaço morto
Vt: Volume corrente
k é uma constante de proporcionalidade
A partir da fórmula podemos inferir que a hipercapnia se deve a fatores que:
- Reduzem a ventilação minuto como na hipoventilação induzida por sedativos
- Aumentam o espaço morto fisiológico como aexacerbação da doença pulmonar obstrutiva crônica
- E/ou aumentam a produção de CO 2 como por exemplo na febre
Hipercapnia na hipoventilação
A ventilação por minuto (V E ) é determinada pela frequência respiratória (FR) e pelo volume corrente (V T ). Tanto o FR quanto o V T, por sua vez, são determinados por fatores centrais e periféricos.
O centro respiratório central localizado na medula recebe sinais estimuladores de quimiorreceptores centrais e periféricos. Esses quimiorreceptores respondem a mudanças na concentração de:
- Íons de hidrogênio
- PaCO 2
- Pressão parcial de oxigênio arterial [PaO 2]
- Mudanças nos mecanorreceptores, receptores térmicos nas vias aéreas superiores e nos pulmões.
O impulso respiratório também responde de maneira única às entradas comportamentais e cognitivas do córtex (por exemplo, ansiedade e dor).
A redução no impulso respiratório central (não respirar) afetará a V E e resultará em hipoventilação global ou ventilação total normal com aumento do espaço morto (V D) em relação ao volume corrente (V T). Dessa forma, ocorre uma ventilação alveolar reduzida e hipercapnia.
À medida que o CO2 aumenta no alvéolo, o gradiente de difusão do CO 2 entre os capilares pulmonares e os alvéolos diminui, o que significa que menos CO2 é removido do sangue capilar, que retorna ao coração esquerdo e é bombeado para o corpo; o resultado pode ser hipercapnia.
Hipoventilação x hipoxemia
Quando há hipoventilação também irá ocorrer hipoxemia, o que acarreta uma resposta no aumento da frequência respiratória. Se aumentar o fluxo de O2 (fiO2), o paciente deixará de hiperventilar. Como consequência, irá acumular ainda mais CO2 caso seja uma insuficiência respiratória por hipoventilação.
Portanto, quando um paciente apresenta hipoxemia, é importante que o clínico considere a possibilidade de hipoventilação como causa da hipoxemia antes de iniciar o oxigênio suplementar.
Quais são as causas de hipercapnia?
As doenças pulmonares intrínsecas que aumentam o espaço morto são responsáveis pela maioria dos casos de insuficiência respiratória hipercápnica.
Uma proporção menor é devida a condições extrapulmonares como:
- Sedativos
- Distúrbios neuromusculares ou da caixa torácica.
A menos que o paciente tenha reserva pulmonar limitada, as condições que aumentam a produção de CO2 não resultarão em hipercapnia clinicamente importante.
Sintomas da hipercapnia
A hipercapnia é caracterizada pelo acúmulo excessivo de dióxido de carbono (CO2) no sangue, e os sintomas podem variar de acordo com a gravidade da condição e a velocidade com que o CO2 se acumula. Os sintomas da hipercapnia podem incluir:
- Dispneia
- Confusão ou alterações no estado mental: níveis elevados de CO2 no sangue podem afetar o funcionamento do cérebro
- Sonolência excessiva
- Cefaleia
- Flutuações no ritmo cardíaco
- Fraqueza muscular
- Cianose: em casos graves, a hipercapnia pode causar cianose devido à falta de oxigênio nos tecidos.
Complicações da hipercapnia
A hipercapnia aguda pode produzir:
- Depressão do nível de consciência
- Aumento do fluxo sanguíneo cerebral
- Aumento da pressão intracraniana
- Redução da contratilidade miocárdica e diafragmática.
Outros efeitos incluem aumento da liberação de oxigênio para os tecidos e acidose respiratória. A acidose hipercápnica grave eventualmente resulta em coma, parada cardíaca ou respiratória e morte.
Quando suspeitar de hipercapnia?
Deve-se sempre suspeitar de hipercapnia naqueles que estão em risco de hipoventilação ou aumento do espaço morto fisiológico e reserva pulmonar limitada. Por exemplo um paciente que aprenta exacerbação de doença pulmonar obstrutiva crônica com falta de ar, mudança no estado mental, nova hipoxemia e/ou hipersonolência.
A insuficiência respiratória hipercápnica aguda é diagnosticada na gasometria arterial pela demonstração de uma PaCO 2 elevada > 45 mmHg, acompanhada de acidose respiratória apropriada.
A terapia de manutenção é direcionada principalmente para tratar o distúrbio subjacente e reverter a hipercapnia aguda de volta aos níveis basais.
A linha de base para a maioria dos pacientes é a normocapnia. No entanto, em pacientes com hipercapnia crônica antes da admissão, é prudente almejar uma PaCO 2 que se aproxime de seu estado pré-mórbido.
Como manejar uma paciente com hipercapnia?
O tratamento da hipercapnia depende da causa subjacente e da gravidade da condição. O primeiro passo é determinar a causa subjacente da hipercapnia. Isso pode exigir exames, como:
- Gasometria arterial
- Radiografias de tórax
- Testes de função pulmonar e outros exames, para avaliar a função pulmonar e identificar problemas respiratórios ou outras condições médicas.
Em casos graves de hipercapnia, o paciente pode precisar de suporte imediato para melhorar a oxigenação e eliminar o excesso de CO2. Isso pode envolver a administração de oxigênio suplementar, intubação e ventilação mecânica, ou outras medidas para manter as vias respiratórias desobstruídas.
Uma vez identificada a causa, o tratamento direcionado à condição subjacente é essencial. Isso pode incluir o tratamento de doenças pulmonares, ajustes de medicamentos ou terapias específicas, dependendo do diagnóstico.
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A hipercapnia é uma condição médica grave em que os níveis de dióxido de carbono no sangue atingem níveis perigosamente elevados. Na emergência, você pode se deparar com pacientes que sofrem desse problema, e saber como manejar esses casos é fundamental.
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Sugestão de leitura complementar
- Resumo: hemogasometria arterial | Ligas
- Toda acidose metabólica deve ser tratada com bicarbonato? | Colunistas
- Hipernatremia: o aumento da concentração de sódio no sangue | Colunistas
- Resumo de Asbestose
Referências bibliográficas
- FELLER-KOPMAN, David J. SCHWARTZSTEIN, Richard M. Mechanisms, causes, and effects of hypercapnia. © 2021 UpToDate , Inc.
- FELLER-KOPMAN, David J. SCHWARTZSTEIN, Richard M. The evaluation, diagnosis, and treatment of the adult patient with acute hypercapnic respiratory failure. © 2021 UpToDate , Inc.
- NARDELLI, Liliane; ROCCO, Patricia Rieken Macedo; GARCIA, Cristiane Sousa Nascimento Baez. Controvérsias acerca da acidose hipercápnica na síndrome do desconforto respiratório agudo. Rev. bras. ter. intensiva, São Paulo , v. 21, n. 4, p. 404-415, Dec. 2009 .
ROMANO, Thiago Gomes et al . Adaptação metabólica diante de hipercapnia persistente aguda em pacientes submetidos à ventilação mecânica por síndrome do desconforto respiratório agudo. Rev. bras. ter. intensiva, São Paulo , v. 28, n. 1, p. 19-26, Mar. 2016.