Obstetrícia

Resumo sobre diagnóstico de gravidez | Ligas

Resumo sobre diagnóstico de gravidez | Ligas

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Na prática médica, o diagnóstico precoce da gestação possui inúmeras vantagens, como o início do pré-natal em estágios iniciais e a modificação de hábitos de vida potencialmente prejudiciais ao feto, como tabagismo, etilismo, uso de drogas ilícitas e alimentação. Atualmente, os métodos diagnósticos evoluíram, aumentando a eficácia do processo. Podemos dividir o diagnóstico de gravidez em clínico, laboratorial e ultrassonográfico.

Diagnóstico Clínico

Os sintomas da gravidez podem ser divididos em sinais de presunção, sinais de probabilidade e sinais de certeza:

Sinais de Presunção:

  • 4 semanas – Amenorréia: é o sinal mais precoce!
  • 5 semanas – Náuseas e Congestão Mamária
  • 6 semanas – Polaciúria
  • 8 semanas – A aréola primária se torna mais pigmentada e surgem os Tubérculos de Montgomery (projeções secundárias representadas por glândulas mamárias acessórias e glândulas sebáceas hipertrofiadas)
  • 16 semanas – Produção de colostro e surgimento da Rede de Haller (aumento da circulação venosa)
  • 20 semanas – Sinal de Hunter (surge a aréola secundária, que aumenta a pigmentação em volta do mamilo)
Figura 1: Tuberculos de Montegomery. Disponpivel em: https://brasil.babycenter.com/thread/2326799/tub%C3%A9rculos-de-montgomery  

Sinais de Probabilidade:

  • 6-12 semanas – Alterações do muco cervical: o aumento na concentração de progesterona, típico do início da gestação, reduz a quantidade de sódio presente no muco cervical, que perde o aspecto arboriforme quando cristalizado por desidratação.
  • 8 semanas – Sinal de Hégar (útero adquire consistência cística, elástico-pastosa, principalmente no istmo); Sinal de Piskacek (assimetria uterina: o útero se desenvolve mais no ponto de implantação); Sinal de Nobile-Budin (ocupação do fundo de saco vaginal, perceptível pelo toque bimanual); Sinal de Osiander (percepção dos batimentos do pulso vaginal nos fundos de saco); Sinal de Jacquemier ou de Chadwick (coloração violácea da mucosa da vulva); Sinal de Kluge (coloração violácea da mucosa da vagina)
  • 12 semanas – Aumento do volume uterino: o útero gravídico se torna palpável logo acima da sínfise púbica
  • 16 semanas – Aumento do volume abdominal

Sinais de Certeza:

  • 14 semanas – Sinal de Puzos (rechaço fetal intrauterino após impulsionar o feto com os dedos no fundo de saco anterior)
  • 18 semanas – Percepção e palpação dos movimentos ativos do feto e dos segmentos fetais pelo médico
  • 20 semanas – Ausculta dos batimentos cardiofetais através do estetoscópio de Pinard. A ausculta já é possível a partir de 10 semanas através do sonar Doppler, e é considerada o mais fidedigno dos sinais de gravidez.

Diagnóstico Laboratorial

Atualmente, é considerado o melhor método para o diagnóstico de gravidez incipiente. O diagnóstico laboratorial se baseia na detecção hormonal da gonadotrofina coriônica humana (hCG), no plasma ou na urina materna.

Dosagem de Gonadotrofina Coriônica Humana (hCG)

A molécula do hCG possui duas subunidades distintas: alfa e beta. A subunidade alfa é comum a vários hormônios, como LH, FSH e TSH, enquanto a subunidade beta é específica da gonadotrofina coriônica. Por isso, a dosagem laboratorial é feita a partir da subunidade beta, que além de possuir menor reação cruzada com o hormônio luteinizante, apresenta grande sensibilidade e é quantificável, permitindo uma estimativa da idade gestacional a partir dos resultados.

Existem 3 tipos de testes para a identificação do hCG:

  • Imunológicos
  • Radioimunológicos (RIA)
  • Enzima imunoensaio (ELISA)

Testes Imunológicos (Urinários):

Para que sejam realizados, o aconselhável é que o atraso menstrual ultrapasse 10 a 14 dias, aumentando a sensibilidade dos exames. A dosagem é apenas qualitativa. São eles:

  • Prova de Inibição da Aglutinação do Látex
  • Prova de Inibição da Hemaglutinação

Alguns fatores podem determinar resultados falso-positivos, como o uso de psicotrópicos, proteinúria e mulheres no climatério. Da mesma forma, resultados falso-negativos podem ocorrer em urinas de baixa densidade ou nas primeiras duas semanas de atraso menstrual.

Recentemente, surgiu o teste de Hemaglutinação Passiva Reversa, uma variante com maior sensibilidade e que pode ser realizada com apenas 1 a 3 dias de atraso menstrual.

Testes RadioImunológicos:

A grande limitação seria a reação cruzada com o LH hipofisário, o que é corrigido com a dosagem da subunidade beta, que permite o diagnóstico precoce, com 10 a 18 dias da concepção. Os resultados são obtidos em aproximadamente 4 horas e a sensibilidade do teste é de 5mUI/mL, o que significa dizer que resultados acima desse valor são considerados positivos.

Teste ELISA:

Possui a mesma base teórica dos RIA, com a vantagem de apresentar um maior tempo de vida útil, por não conter radioisótopos de atividade limitada. Níveis de beta-hCG acima de 1000mUI/mL asseguram a presença de gestação em 95% dos casos.

Diagnóstico Ultrassonográfico

A ultrassonografia obstétrica pode ser realizada por via transabdominal ou transvaginal. Atualmente, a preferência é pela transvaginal, que permite uma melhor visualização das estruturas ovulares.

Através da ultrassonografia transvaginal podemos identificar, de acordo com a idade gestacional, estruturas importantes:

  • 4 semanas – Saco Gestacional
  • 5 e 6 semanas – Vesícula vitelina
  • 6 e 7 semanas – Eco fetal com batimentos cardiofetais
  • 11 a 12 semanas – Cabeça fetal
  • 12 semanas – Placenta

Também é possível estimar a idade gestacional por meio da avaliação ultrassonográfica, sendo a época mais precisa da 6ª até a 12ª semana de gravidez, na qual o parâmetro utilizado é o comprimento cabeça-nádega.

A partir da 14ª semana, a acurácia da ultrassonografia para estimar a idade gestacional diminui progressivamente e os parâmetros empregados são o diâmetro biparietal e o comprimento do fêmur. Neste momento, o útero começa a sair da pelve e o transdutor vaginal fica distante do feto, tornando a ultrassonografia transabdominal superior.

Autores, revisores e orientadores:

Autor(a) : Ana Clara Lado Oliveira Holak

Revisor(a): Ana Luíza dos Santos

Orientador(a): Kelly Paiva Guimarães Silveira

Liga: Liga Acadêmica de Ginecologia e Obstetrícia – Universidade de Vassouras

Instagram: @ligadego_uv

Sugestão de leitura complementar

O texto acima é de total responsabilidade do(s) autor(es) e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de Ligas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.

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Referências:

MONTENEGRO, Carlos Antônio Barbosa; REZENDE FILHO, Jorge de. Rezende Obstetrícia. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

FREITAS, Fernando et alRotinas em Obstetrícia. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.

ZUGAIB, Marcelo (ed.). Zugaib Obstetrícia. 3. ed. Barueri: Manole, 2016.

CUNNINGHAM, F. Gary et alObstetrícia de Williams. 24. ed. Porto Alegre: Amgh, 2016.