Clínica Médica

Resumo sobre doenças virais: IVAS, pneumonias, meningites e mais!

Resumo sobre doenças virais: IVAS, pneumonias, meningites e mais!

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As doenças infecciosas possuem extrema importância no cenário brasileiro e mundial, sendo uma das principais causas de morbimortalidade. A maioria dessas infecções é de origem viral e a capacidade de se transformar em formas graves de doença traz a importância de se estudar essa classe de microorganismos. 

Os vírus, que podem possuir genoma viral DNA ou RNA, não possuem um aparato enzimático suficiente para a replicação, necessitando, assim, da maquinaria celular para completar o seu ciclo replicativo, o que o torna um parasita intracelular obrigatório.

A doença viral que se manifesta em um indivíduo depende do tropismo celular que o vírus possui. Por exemplo, um vírus que possui afinidade por células do sistema imune compromete a sua função, diminuindo as defesas do indivíduo, como ocorre nas infecções virais por HIV e HTLV. 

Além disso, uma resposta imune exacerbada do hospedeiro pode contribuir para causar maiores danos, agravando a enfermidade, como ocorre na síndrome da angústia respiratória aguda (SARA) no indivíduo com infecção pelo vírus da Influenza. 

Uma das preocupações está na capacidade dos vírus, em especial, do grupo RNA, em sofrerem mutações e com isso atingir um número significativo de hospedeiros animais. Por estes mecanismos surgem, mediante seleção natural, amostras de maior virulência a partir de grande número de padrões genômicos circulantes, assim como a possibilidade de gerar epidemias. Aqui falaremos sobre algumas doenças virais com importância epidemiológica.

IVAS   

A infecção do trato respiratório superior (IVAS), também chamados de resfriado comum, são comumente caracterizadas por febre e tosse, mas, em contraste com a pneumonia, não apresentam sinais de consolidação na ausculta torácica. 

Além disso, embora a presença de rinorréia e faringite favoreçam o diagnóstico de IVAS em relação à pneumonia, as IVAS às vezes precedem ou ocorrem em conjunto com a pneumonia. 

Mais de 200 subtipos de vírus foram associados ao resfriado comum. Os rinovírus, que incluem mais de 100 sorotipos, causam coletivamente de 30 a 50% dos resfriados. O coronavírus, influenza, parainfluenza e o vírus sincicial respiratório são outros importantes causadores de resfriado comum. 

Doenças virais - IVAS

A maioria das IVAS são transmitidas pelo contato das mãos. Os sintomas podem variar substancialmente de paciente para paciente; rinite e congestão nasal são as mais comuns. Outros sintomas comuns incluem dor de garganta, tosse e mal-estar. A febre é incomum em adultos com resfriado, mas pode estar presente em crianças; a conjuntivite ocorre de forma variável em ambas as faixas etárias. 

Pneumonia viral   

Define-se pneumonia viral como aquele acometimento em que ocorre anormalidade nas trocas gasosas a nível alveolar, acompanhada por inflamação do parênquima pulmonar. O fenômeno inflamatório do pulmão, comumente, traduz-se em anormalidades de imagem detectáveis por radiografia ou TC.

Nas pneumonias virais, os quadros clínicos são muito variáveis, dependendo do agente infectante, bem como da idade e do estado imune do hospedeiro. 

O vírus influenza A e o vírus sincicial respiratório (VSR) são os principais causadores de pneumonia viral, mas outros vírus são tradicionalmente conhecidos como causadores de pneumonia, como os vírus influenza, parainfluenza 1, 2 e 3 e adenovírus.

Mutações do coronavírus, particularmente o Sars-Cov 2 na pandemia iniciada em 2019, ganharam importância como causa viral de infecção respiratória baixa e, em casos mais graves, insuficiência respiratória grave. 

As pneumonias de causa viral afetam pessoas no extremo da idade, como crianças e idosos. O vírus da influenza A é o principal agente nos pacientes idosos.  

Na pneumonia viral também há o aparecimento da constelação de sintomas presentes na pneumonia bacteriana como tosse, dispneia, expectoração e dor pleurítica. Nos idosos há maior facilidade de desenvolverem sintomas não respiratórios, como queda do nível de consciência. 

O vírus influenza, assim como algumas cepas do coronavírus, são associadas à síndrome da angústia respiratória aguda, um tipo grave de insuficiência respiratória. Nesses casos, há acúmulo de líquidos nos alvéolos, o que compromete a relação perfusão/ventilação pulmonar, causando quadro de hipoxemia importante nos pacientes. 

As manifestações radiológicas nas pneumonias virais são inespecíficas. Por vezes, graus variados de hipoxemia ocorrem com mínima ou nenhuma alteração radiológica. Os principais achados são: 

  1. infecção limitada com imagem normal;
  2. bronquite/ bronquiolite, caracterizada por espessamento de paredes brônquicas e opacidades em árvore em brotamento;
  3. pneumonia, caracterizada por opacidades em “vidro fosco” ou consolidação multifocal. 
doenças virais: pneumonia viral
A radiografia de tórax póstero-anterior (A) mostra opacidades nodulares mal definidas e pequenas áreas de consolidação nas zonas direita média e inferior do pulmão. A radiografia de tórax uma semana depois (B) demonstra extensa consolidação bilateral e opacidades nodulares mal definidas. Também são observados um tubo endotraqueal e uma linha venosa central. O paciente era um homem de 44 anos com pneumonia por influenza. UpToDate, Inc.

 

Meningite viral

A meningite viral caracteriza-se por um quadro clínico de alteração neurológica, que, em geral, evolui de forma benigna. Aproximadamente 85% dos casos são devido ao grupo dos Enterovírus, dentre os quais se destacam os Poliovírus, os Echovírus e os Coxsackievírus dos grupos A e B. Outros grupos menos frequentes são os arbovírus, o herpes simples vírus e os vírus da varicela, da caxumba e do sarampo.

No Brasil, em média, são notificados 11.500 casos/ ano de meningite de provável etiologia viral. Entretanto, para a maioria dos casos não há identificação do agente etiológico. 

Os sinais e sintomas mais frequentes e precoce são febre e cefaléia com sinais de alarme.  Sinais meníngeos característicos como rigidez de nuca, sinais de Köernig, Brudzinski e Lasègue são mais tardios e com frequência estão ausentes. 

Sinais de síndrome de hipertensão intracraniana vômitos sem relação com a alimentação, fundo de olho com edema de papila e síndrome encefalítica caracterizada por sonolência ou agitação, torpor, delírio e coma, compõem o quadro clínico mais grave da meningite.

Para diagnóstico, a coleta do líquor demonstrará celularidade de 50 a 500 células/mm, com predomínio de linfomononuclear. 

O tratamento das meningites virais é de suporte com antitérmicos e antieméticos. Apenas para os casos de herpes vírus pode ser utilizado o aciclovir, um antiviral. A punção liquórica alivia a cefaleia por diminuir a pressão intracraniana.

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Referências:

  1. Figueiredo, Luiz Tadeu MoraesPneumonias virais: aspectos epidemiológicos, clínicos, fisiopatológicos e tratamento. Jornal Brasileiro de Pneumologia [online]. 2009, v. 35, n. 9 [Acessado 27 Maio 2021] , pp. 899-906.
  2. Lazzarotto, Alexandre Ramos, Deresz, Luís Fernando e Sprinz, EduardoHIV/AIDS e Treinamento Concorrente: a Revisão Sistemática. Revista Brasileira de Medicina do Esporte [online]. 2010, v. 16, n. 2.
  3. Meningites virais. Revista de Saúde Pública [online]. 2006, v. 40, n. 4, pp. 748-750.
  4. SOARES, Paulo Roberto. et, al. Virologia. Conceitos e MÈtodos para a Formação de Profissionais em Laboratórios de Saúde. Cap,2. Instituto Fiocruz.