Urologia

Resumo sobre nefrolitíase (cálculo renal)

Resumo sobre nefrolitíase (cálculo renal)

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Resumo completo sobre nefrolitíase: da definição ao tratamento, passando pela epidemiologia, diagnóstico e quandro clínico. Confira!

Nefrolitíase, também conhecida como cálculo renal ou pedra nos rins, é uma condição médica caracterizada pela formação de pequenos depósitos sólidos (pedras) nos rins ou no trato urinário. Essas pedras são compostas principalmente de sais minerais e podem variar em tamanho, desde pequenos cristais até pedras maiores.

Os cálculos renais (nefrolitíase) são um problema comum na prática de cuidados primários. Continue a leitura do nosso artigo e saiba mais sobre o assunto.

Epidemiologia da nefrolitíase    

A prevalência de nefrolitíase é de 2-3% com incidência em países industrializados de 0,5% – 1% ao ano. O risco vitalício de desenvolver cálculos renais sintomáticos é de aproximadamente 13% em homens e 7% em mulheres.

A probabilidade de um homem branco desenvolver cálculo até os 70 anos é de 1 em cada 8 pessoas. 

Apresenta alta taxa de recidiva, podendo chegar a 80% ao longo da vida e sendo de até 50% em cinco anos. Pacientes com litíase assintomática tornam-se sintomáticos em 50% em cinco anos. Medidas preventivas vêm sendo discutidas com a intenção de diminuir a taxa de recidiva e perda da função renal. 

Fatores de risco


Existem vários fatores de risco conhecidos associados à nefrolitíase. Alguns dos principais são:

  • Histórico familiar: Ter parentes de primeiro grau, como pais ou irmãos, com histórico de cálculos renais aumenta o risco de desenvolver a condição. Isso pode ser devido a fatores genéticos ou ao compartilhamento de hábitos alimentares e estilo de vida semelhantes.
  • Desidratação: A falta de ingestão adequada de líquidos pode levar à concentração de substâncias na urina, favorecendo a formação de pedras nos rins. A hidratação adequada é essencial para diluir os componentes da urina e prevenir a cristalização.
  • Dieta inadequada: Consumir uma dieta rica em sódio (sal), açúcares, proteínas animais, oxalato (encontrado em alimentos como espinafre, beterraba, chocolate, café e chá preto) e ácido úrico pode aumentar o risco de desenvolver pedras nos rins. Por outro lado, uma dieta pobre em cálcio também pode contribuir para a formação de pedras.
  • Obesidade: O excesso de peso e a obesidade estão associados a um maior risco de desenvolver nefrolitíase. A obesidade pode afetar o equilíbrio de substâncias na urina e favorecer a formação de pedras.
  • Certas condições médicas: Algumas condições médicas podem aumentar o risco de nefrolitíase, como hiperparatireoidismo (um distúrbio das glândulas paratireoides), distúrbios metabólicos como gota, doenças renais crônicas, infecções do trato urinário recorrentes e certas condições intestinais que afetam a absorção de nutrientes.
  • Uso de certos medicamentos: Alguns medicamentos podem aumentar o risco de formação de pedras nos rins, como diuréticos, suplementos de cálcio, medicamentos contendo carbonato de cálcio ou vitamina D em excesso, e alguns antibióticos.

Etiologia

Cerca de 80% dos pacientes com nefrolitíase formam cálculos de cálcio, a maioria dos quais composta principalmente por oxalato de cálcio ou, menos frequentemente, fosfato de cálcio.

Os outros tipos principais incluem:

  • Ácido úrico;
  • Estruvita (fosfato de amônio magnésio);
  • Cálculos de cistina.

O mesmo paciente pode ter um cálculo que contém mais de um tipo de cristal.

Como acontecem a formação dos cálculos?

Existem diferentes teorias sobre a formação de cálculos de cálcio e os diferentes tipos de cálculos podem ter eventos de iniciação distintos.

O excesso das substâncias como oxalato ou fosfato de cálcio pode promover supersaturação e inicia o processo de formação de cristais na urina. A alteração do pH da urina facilita a precipitação de algumas substâncias que precipital a formação de cálculos. 

A diminuição do débito urinário, secundário a menor ingestão de líquidos, promove maior tempo de permanência das partículas de cristais no sistema urinário e não dilui adequadamente os componentes da urina, que podem vir a apresentar supersaturação e cristalização. 

O citrato urinário também desempenha um importante papel na inibição da cristalização, reduzindo a formação e recorrência dos cálculos renais por se ligar ao cálcio, inibindo a nucleação espontânea e agregação de cristais de oxalato e interagindo com a proteína de Tamm-Horsfall para inibir a cristalização do oxalato de cálcio.

Tipos de calculo renal

Existem vários tipos de cálculos renais. É clinicamente importante identificar o tipo de cálculo, que fornece o prognóstico e possibilita a seleção do esquema preventivo ideal.

Os cálculos de oxalato de cálcio são os mais comuns (cerca de 75%). Seguem-se, por ordem decrescente, os cálculos de fosfato de cálcio (cerca de 15%), ácido úrico (cerca de 8%), estruvita (cerca de 1%) e cistina (<1%).

Tipos de cálculo renal - Sanar

Muitos cálculos consistem em uma mistura de tipos de cristais, por exemplo oxalato e fosfato de cálcio, e também contêm proteína na matriz do cálculo. Raramente, os cálculos são compostos de medicamentos, como aciclovir, indinavir e triantereno.

Os cálculos infecciosos, quando não tratados de forma adequada, podem ter consequências devastadoras, levando a doença renal em estágio terminal.

Classificação dos cálculos renais

A classificação correta dos cálculos renais é importante, pois terá impacto nas decisões sobre o tratamento e os resultados.

Os cálculos renais podem ser classificados conforme:

  • Tamanho do cálculo
  • Localização
  • Características radiográficas
  • Etiologia da formação do cálculo
  • Composição (mineralogia)
  • Grupo de risco para formação recorrente de cálculos.
Classificação conforme características radiográficas. Fonte: SBU
Tabela: Classificação conforme características radiográficas. Fonte: SBU
Classificação dos cálculos conforme sua composição.  Fonte: SBU

Tabela: Classificação dos cálculos conforme sua composição. Fonte: SBU
Classificação dos cálculos conforme a etiologia. Fonte: SBU
Tabela: Classificação dos cálculos conforme a etiologia. Fonte: SBU

Quadro clínico da nefrolitíase    

Os principais sintomas clínicos da urolitíase são:

  • Cólica renal;
  • Hematúria;
  • Sintomas urinários frequentes como disúria, polaciúria e urgência miccional podem estar associados à cólica renal.

A dor é o sintoma mais comum. Varia de uma dor leve e quase imperceptível a um desconforto tão intenso que requer analgésicos parenterais. Geralmente decorre da migração do cálculo com obstrução parcial ou completa do ureter, aumentando e diminuindo em intensidade e se desenvolve em ondas ou paroxismos.

A obstrução ureteral superior ou pélvica renal causa dor ou sensibilidade no flanco. A obstrução ureteral inferior causa dor que pode irradiar para o testículo ou lábio ipsilateral. 

Hematúria macroscópica ou microscópica ocorre na maioria dos pacientes que se apresentam com nefrolitíase sintomática. A hematúria algumas vezes pode estar ausente, principalmente na ocorrência de obstrução completa que não permite a passagem de sangue e coágulos. 

Diagnóstico da nefrolitíase  

Quando um diagnóstico de nefrolitíase é clinicamente suspeito, exames de imagem dos rins, ureteres e bexiga devem ser realizados para confirmar a presença de um cálculo e avaliar os sinais de obstrução urinária (por exemplo, hidronefrose).

O diagnóstico inicial de nefrolitíase usualmente é realizado por radiografia simples ou pela ultrassonografia (USG) para a avaliação do trato urinário superior.  

Atualmente, tem-se empregado a tomografia computadorizada (TC) sem contraste, em pacientes na urgência da cólica renal. A TC é o exame de maior probabilidade de identificar o cálculo, porém tem a desvantagem de exposição à irradiação e a menor disponibilidade fora do ambiente hospitalar. 

Cálculo detectado: o que fazer?

Quando um cálculo ureteral for detectado, o tamanho e a localização do cálculo são usados ​​para prever a probabilidade de passagem espontânea e para orientar o tratamento.

O tamanho da pedra é o principal determinante da probabilidade de passagem espontânea da pedra, embora a localização da pedra também seja importante:

  • A maioria das pedras com diâmetro ≤5 mm passam espontaneamente;
  • Para cálculos maiores que 4 mm de diâmetro, há uma diminuição progressiva na taxa de passagem espontânea, o que é improvável com cálculos ≥10 mm de diâmetro. 

Após a eliminação dos cálculos existentes, o paciente pode ser submetido a investigação metabólica para determinar a causa da urolitíase e planejar o tratamento necessário.

A avaliação metabólica completa consiste em dosagem de sangue e urina, incluindo pelo menos duas coletas de urina de 24 horas com dosagem urinária de cálcio, ácido úrico, oxalato, fósforo, cistina, citrato, sódio e creatinina. 

Tratamento da nefrolitíase 

A maioria dos pacientes podem ser manejados conservadoramente com analgesia durante o episódio agudo.

Tratamento inicial da cólica renal é realizado com analgésico potente opiáceo ou antiinflamatórios não esteróides (AINE). Os AINEs têm a possível vantagem de diminuir o tônus ​​do músculo liso ureteral, tratando, assim, diretamente o espasmo ureteral. Hidratação forçada na cólica renal aguda não é indicada.  

Coletivamente, esses estudos sugerem que o tratamento com bloqueadores alfa (tansulosina) por até quatro semanas, além da terapia conservadora, pode facilitar a passagem espontânea do cálculo em pacientes que apresentam cálculo ureteral entre 5 e 10 mm de diâmetro.

As opções atuais para terapia de cálculos que não passam espontaneamente incluem litotripsia por onda de choque, litotripsia ureteroscópica com sondas eletrohidráulicas ou a laser, nefrolitotomia percutânea e remoção laparoscópica de cálculos. A remoção cirúrgica aberta do cálculo raramente é necessária.

Redução do risco da nefrolitíase

Além do tratamento agudo das crises de nefrolitíase, medidas preventivas são importantes para reduzir o risco de recorrência. Isso pode incluir:

  • Mudanças na dieta para reduzir a ingestão de substâncias que promovem a formação de pedras;
  • Aumento da ingestão de líquidos para manter uma boa hidratação;
  • Em alguns casos, o uso de medicamentos para prevenir a formação de novas pedras.

Mapa mental

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Referências

  1.  http://www.sbu.org.br/pdf/guidelines_EAU/urolitiase.pdf