Índice
- 1 Semiologia Abdominal: quais sãos as regiões abdominais?
- 2 Inspeção na semiologia abdominal
- 3 Ausculta abdominal
- 4 Palpação abdominal
- 5 Percussão na semiologia abdominal
- 6 Redação do exame do abdome normal
- 7 Manual de Semiologia Médica
- 8 Semiologia por Casos Clínicos
- 9 Sugestão de leitura complementar
- 10 Referências
Confira agora o resumo completo de como realizar a semiologia abdominal. Além disso, fique por dentro dos seus principais achados!
A semiologia abdominal, assim como a cardíaca, é fundamental na prática clínica. Portanto, dominar esse campo é essencial para sua prática no dia-a-dia.
Pensando nisso, a Sanar lançou o Manual de Semiologia Médica. Nele você encontra tudo que precisa saber sobre semiologia das diversas áreas da medicina.
Neste resumo, abordaremos os principais conceitos e técnicas que envolvem a semiologia abdominal que também estão presentes no Manual de Semiologia Médica. Além disso, apresentaremos os seus principais achados clínicos. Confira!
Semiologia Abdominal: quais sãos as regiões abdominais?
A cavidade abdominal é divida por quatro planos: dois horizontais e dois verticais, delimitando as seguintes regiões:
- Hipocôndrio direito (HCD): fígado, vesícula biliar, rim direito;
- Epigástrio: lobo esquerdo do fígado, piloro, duodeno, cólon transverso e cabeça e corpo do pâncreas;
- Hipocôndrio esquerdo: baço, estômago, rim esquerdo, cauda do pâncreas;
- Flanco direito (ou região lateral): cólon ascendente, rim direito e jejuno;
- Mesogástrio (ou região umbilical): duodeno, jejuno, íleo, aorta abdominal, mesentério, linfonodos;
- Flanco esquerdo (ou região lateral): cólon descendente, jejuno, íleo;
- Fossa ilíaca direita (ou região inguinal): ceco, apêndice, ovário e tuba uterina direita;
- Hipogástrio: bexiga, útero, ureter;
- Fossa ilíaca esquerda (ou região inguinal): cólon sigmoide, ovário e tuba esquerda.
A cavidade abdominal também pode ser divida em quatro quadrantes. A partir do plano mediano (vertical), seguindo o trajeto da linha alba e o plano transumbilical (horizontal) entre L3 e L4.

A partir do exame físico minucioso e história clínica do paciente, é possível estabelecer suspeitas diagnósticas, a depender da região acometida. Abaixo veremos passo a passo como realizar o exame físico do abdome.
OBS: diferente do sistema cardiovascular e respiratório, a ausculta deve ser o primeiro elemento a ser avaliado após a inspeção. A explicação é que a palpação ou percussão do abdome pode alterar os movimentos peristálticos.
Inspeção na semiologia abdominal
A inspeção deve ser realizada com o paciente em decúbito dorsal com pernas estendidas. São observadas a forma ou tipo, simetria, volume e alterações cutâneas do abdome:
- Forma ou tipo: globoso (panículo adiposo ou líquido ascítico), escavado (emagrecimento ou síndrome consuptiva), pendular (gravidez);

- Simetria: Avaliar se há presença de assimetria, como pode ocorrer na hepatoesplenomegalia, hérnias de parede abdominal, neoplasias e obstruções;
- Abaulamentos: presença de massas abdominais, como neoplasias ou hérnia da parede abdominal;
- Retrações (depressões): bridas pós-cirúrgicas, caquexia;
- Circulação colateral: pode ser visível em caso de obstrução do sistema venoso porta (cabeça de medusa) ou veia cava;
- Cicatriz umbilical: normal, plana, tendência à retificação, protrusa
- Ondas peristálticas: em geral não são observadas em indivíduos normais, mas pode estar presente quadros obstrutivos;
- Pulsação;
- Movimentos respiratórios;
- Lesões cutâneas: sinal de Cullen e sinal de Turner, presentes na pancreatite aguda.

Aproveite para ler o nosso conteúdo completo sobre o passo a passo para drenagem de abscesso!
Ausculta abdominal
Deve ser realizada nos quatro quadrantes de forma superficial para avaliar os ruídos hidroaéreos, presença de sopros nas artéria aorta, artérias renais, ilíacas e femorais e atrito entre o figado e o baço.
Para os ruídos hidroaéreos, deve-se descrever a descrever intensidade (++++/IV) e se estão presentes/normais, diminuídos ou ausentes, aumentado.
Para avaliar alterações do fluxo aórtico (sopros ou aneurismas), aprofunda-se o estetoscópio ao longo do trajeto da aorta. Confira na figura abaixo quais os pontos de ausculta:

As principais alterações a serem pesquisadas na ausculta são:
- Peristaltismo de luta: obstrução;
- Íleo paralítico: silêncio abdominal;
- Sopros vasculares: sugerem aneurismas e compressões arteriais.
Palpação abdominal
A palpação abdominal é dividida em dois momentos: a supercial e a profunda. Iniciamos com a primeira, para posteriormente ir para segunda.
Palpação supercial
Ela serve para avaliar:
- Sensibilidade;
- Integridade anatômica;
- Grau de distensão da parede abdominal;
- Defesa da parede abdominal (contratura da musculatura abdominal, voluntária ou involuntária);
- Continuidade da parede (hérnias, diástase dos músculos reto abdominais).
Os pacientes com dor abdominal devem ser solicitados a localizá-la. Só então inicia-se a palpação da área mais distante da região dolorosa, deixando esta por último. Deve ser feita com uma mão a 45 graus ou duas mãos superpostas.
Pontos dolorosos:
- Epigástrico: sensível na úlcera péptica em atividade;
- Cístico: situa-se no ângulo formado pelo rebordo costal direito com a borda externa do músculo reto abdominal. Na interseção da linha hemi clavicular com o rebordo costal direito. Deve ser palpado em busca do Sinal de Murphy que pode estar presente na colecistite aguda.

- McBurney: união do terço externo com dois terços internos da linha que une a espinha ilíaca ântero-superior à cicatriz umbilical. Dor nessa região sugere apendicite aguda. O Sinal de Blumberg , dor a descompressão, pode ser pesquisado na palpação profunda.

Palpação profunda
Este tipo de palpação tem como objetivo palpar órgãos abdominais em busca de visceromegalias e tumorações. Os órgãos que procuramos são o fígado e o baço:
Palpação do fígado
No fígado devemos observar o tamanho (hepatimetria), consistência, superfície e borda e sensibilidade.
O método de palpação mais utilizado na prática é o de Lemos Torres. Nele, o examinador com a mão esquerda na região lombar direita do paciente tenta evidenciar o fígado para frente. Com a mão direita espalmada sobre a parede anterior, tenta palpar a borda hepática anterior durante a inspiração profunda.

Deve ser avaliado a borda hepática, se tem borda fina ou romba; regularidade da superfície, sensibilidade, consistência, presença de nodulações.
A hepatimetria deve ser realizada percutindo dois pontos:
- A partir do 5º espaço intercostal direito em direção ao rebordo
costal direito, até que haja mudança do som (de maciço para timpânico); - A partir do apêndice xifoide
A hepatimetria normal varia entre 6 e 12 cm na linha hemiclavicular e entre 4 e 8 cm na linha esternal média.

Palpação do baço
Normalmente o baço não é palpável. Porém, quando atinge duas ou três vezes seu tamanho normal (esplenomegalia), é possível palpá-lo.
Para palpá-lo, o examinador posiciona-se à direita do paciente e com a mão direita em garra tenta sentir o polo esplênico inferior durante a inspiração profunda próximo ao rebordo costal esquerdo.

Causas de esplenomegalia: hipertensão portal, infecção, anemia hemolítica, linfomas, esquistossomose.
Vai começar a fazer atendimentos? Aproveite para ver nossas dicas para mandar bem na primeira anamnese!
Percussão na semiologia abdominal
A partir da percussão é possível identificar presença de ar livre, líquidos e massas intra-abdominais. Além disso, é importante delimitar o espaço de Traube (onde fica o baço).
A técnica é digito-digital, em que o examinador posiciona uma das mãos sobre o abdome e percute com o dedo indicador.
- Som normal: maciço (baço e fígado), timpânico (vísceras ocas);
- Percussão normal: macicez hepática no hipocôndrio direito; timpanismo no espaço de Traube, timpanismo nas demais regiões;
- Massas abdominais sólidas ou líquidas (ascite) são maciços;
- Timpanismo generalizado pode indicar obstrução.
Paciente com ascite: manobras
Algumas manobras são fundamentais para avaliar o paciente com suspeita de ascite, que é o acúmulo de líquido na cavidade peritoneal. Essa avaliação baseia-se justamente na percussão como veremos nas duas principais manobras abaixo:
- Macicez móvel: ocorre em casos de ascite de médio volume. Quando o paciente está em decúbito dorsal o líquido acumula-se na região lateral do abdome, revelando timpanismo na região anterior. Quando o paciente posiciona-se em decúbito lateral, o líquido desloca-se para o mesmo lado, onde fica maciço e a região acima fica timpânica.
- Semi-círculo de Skoda: com o paciente em decúbito dorsal percute-se a regiçao periumbilical do meio para as extremidades. Em casos de ascite, observa-se alteração do timpanismo.

Algumas manobras de percussão

- Sinal de Giordano: punho-percussão das lojas renais. Se o paciente sentir dor, é positivo e pode indicar pielonefrite aguda.
- Sinal de Jobert: percussão do hipocôndrio direito com detecção de timpanismo. É indicativo de pneumoperitôneo (ar na cavidade abdominal).
- Sinal de Corvoisier-Terrier: vesícula biliar palpável. Pode ser indicativo de neoplasia.
Redação do exame do abdome normal
ABDOME: plano, sem lesões de pele, cicatrizes, circulação colateral, retrações ou abaulamentos. Peristalse não identificável à inspeção. Ruídos hidroaéreos presentes nos quatros quadrantes (+/IV). Ausência de timpanismo difuso e macicez em flancos. Traube livre. Fígado e baço não palpáveis. Abdome indolor à palpação profunda e superficial.
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Sugestão de leitura complementar
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Referências
- MARTINS, M. A. et al. Semiologia Clínica. 1.ed. Santana de Parnaíba[SP]: Manole, 2021.
- PORTO, C. C. Semiologia médica. 7ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
