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Confira um artigo completo que falamos sobre a Semiologia da Tireoide para esclarecer todas as suas dúvidas. Ao final, confira alguns materiais educativos para complementar ainda mais os seus estudos.
Semiologia da Tireoide
A tireoide é uma glândula endócrina localizada na região anterior do pescoço com formato de borboleta ou escudo, constituída de dois lobos e um istmo que os unem centralmente. É facilmente encontrada por estar abaixo da estrutura popularmente conhecida como “pomo de Adão” ou “gogó”, que é uma região proeminente, principalmente em homens.
Mas como age essa glândula? A tireoide interage com diversos órgãos e sistemas do corpo humano, como cérebro, coração, fígado, ossos, sistema genital, gastrointestinal, dentre outros, além de ser responsável pela produção e/ou secreção de hormônios essenciais para o metabolismo, crescimento, desenvolvimento e homeostasia do indivíduo, como a tiroxina (T4), a triiodotironina (T3) e a calcitonina. Falaremos detalhadamente nos próximos tópicos sobre a produção, ação e importância de cada um destes hormônios.
Mas, de antemão, lembre-se que os dois primeiros hormônios supracitados são estimulantes, primordialmente, do metabolismo, e alterações em sua composição funcional natural se manifestam com síndromes clínicas bem conhecidas, o hipotireoidismo e hipertireoidismo, tendo relação direta com a ação de outros hormônios, por exemplo, o TSH, este de liberação central, a partir dos processos de feedback positivo ou negativo que determinam a secreção hormonal.
A calcitonina é essencial para a homeostase do cálcio, interferindo diretamente na absorção óssea. Dessa forma, seus níveis em quantidade insuficiente estão envolvidos na gênese de patologias como a osteopenia e/ou osteoporose.
O conhecimento sobre a anatomia e funcionamento da glândula permite uma abordagem mais abrangente e atenta em casos de anormalidades. Assim, entender a anatomia, histologia, produção e secreção hormonal da tireoide é fundamental. Posteriormente, seguiremos nos tópicos de exame físico, características de normalidade e alterações características de patologias tireoidianas.
Origem da tireoide
A palavra tireoide tem origem do Grego ‘thyreos’ e ‘oides’ que significam, respectivamente, ‘escudo’ e ‘forma de’. Ou seja, denomina o formado de escudo característico da glândula, esta que também é visualizada como formato de borboleta por muitos.
Ela foi descoberta por Thomas Warton, em 1656. Inicialmente, acreditava-se que a tireoide possuía apenas função de modelar a região anterior do pescoço, ou seja, era um órgão basicamente estético, e somente no século XIX as funções endócrinas começaram a ser descobertas e correlacionadas com os efeitos clínicos.
Em 1835, o médico inglês Robert James Graves descreveu uma das doenças mais comuns da tireoide conhecida como Doença de Graves, causa importante de hipertireoidismo. No século seguinte, Emil Theodor Kocher, médico alemão, produziu um livro, Doenças da Glândula Tireoide, onde descreveu desde a etiologia, sintomatologia, ao tratamento do bócio e, em 1909, conquistou o honrado prêmio Nobel de medicina por descrever funções glandulares junto a seu grupo de estudo.
Mas e a arte, será que essa glândula despertou algum interesse cultural? Leonardo Da Vinci, um gênio da pintura e desenhos, foi o primeiro artista a desenhar a glândula a partir de seu interesse peculiar pela anatomia humana e destaque mundial como anatomista. Este é o autor de inúmeras pinturas anatômicas, como do sistema cardiovascular, sanguíneo, ósseo e, como nosso foco de estudo, a tireoide.
Anatomia da Tireoide
A glândula tireoide se localiza na região anterior do pescoço, posterior e profundamente ao músculo esternotireóideo e músculo esterno-hioideo. Tem peso em torno de 15 a 30g variando de acordo com a composição corporal e sexo, e está situada ao nível das vértebras C5 a T1.
A glândula possui dois lobos (direito e esquerdo) situados em posição anterolateral em relação a laringe e a traqueia e tem em média o tamanho de uma polpa digital, cada um. Estes lobos são unidos na linha média pelo istmo.
O revestimento externo da glândula é por uma cápsula fibrosa fina que emite septos para seu interior e, a partir de um tecido conjuntivo denso, se liga aos anéis traqueais superiores e a cartilagem cricoide.
Assim, a mesma encontra-se fixa na região anterior do pescoço e pode realizar movimentos leves com a deglutição, para cima e para baixo, facilitando, por exemplo, a avaliação ao exame físico, quando o examinador solicita a deglutição no momento da palpação glandular ou oferta um copo de água para que o paciente degluta mais facilmente.
Cerca de 40% dos indivíduos adultos tem um lobo denominado lobo piramidal, que é situado na região superior da glândula. Sua ausência não representa anormalidade ou malignidade, é apenas uma variação anatômica pela embriologia, sem repercussões clínicas.
Abaixo subdividimos as regiões da glândula de acordo com as superfícies medial, ânterolateral, póstero-lateral e o istmo, e suas relações anatômicas.
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Superfície medial: cartilagem tireóidea e traqueia, músculo constritor da faringe e músculo cricotireoideo, nervos laríngeos recorrentes e esôfago.
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Superfície ânterolateral: músculo esterno-tireoideo, músculo esterno-hioideo, músculo esternocleidomastoideo, fáscia superficial com o músculo platisma e pele.
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Superfície póstero-lateral: tronco simpático e bainha carotídea*.
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Istmo: segundo ao quarto anéis traqueais.
*A bainha carotídea é composta pela artéria carótida comum, nervo vago e veia jugular interna.
Irrigação arterial
A glândula tireoide tem uma vasta irrigação arterial e seu suprimento é proveniente das artérias tireóideas superiores e inferiores. Este suprimento intenso é essencial para o funcionamento da glândula e ações vasoconstrictoras. Além disso, em situações de anormalidades clínicas, principalmente neoplasias, a irrigação é um indicativo de malignidade se relacionadas a tumores tireoidianos avaliados na ultrassonografia.
As artérias tireóideas superiores tem origem das artérias carótidas externas e perpassam pelos polos superiores da glândula, chegando e perfurando a lâmina pré-traqueal da fáscia cervical e, posteriormente, dividem-se em ramos anterior e posterior. Essa irrigação é, principalmente, responsável por suprir as regiões anteriores e superiores da glândula (irrigação anterossuperior).
Enquanto isso, as artérias tireóideas inferiores, que são os maiores ramos dos ramos dos troncos tireocervicais e se originam das artérias subclávias, estão situadas posteriormente a bainha carotídea e irrigam a face posterior e inferior da glândula. Vale salientar que existem extensas anastomoses arteriais.
A artéria tireóidea ima está presente apenas em cerca de 10% dos indivíduos e tem origem, em geral, do tronco braquicefálico. Mas, essa origem não é fixa. Atente-se, pois ela pode se originar do arco da aorta, da artéria carótida comum direita, da artéria subclávia ou da torácica interna. E qual seu principal local de irrigação? O istmo da glândula tireoide.
Drenagem venosa
A drenagem venosa ocorre por três pares de veias que formam o plexo venoso tireóideo: as veias tireóideas superiores, veias tireóideas médias e veias tireóideas inferiores.
As primeiras drenam os polos superiores da glândula, seguindo juntamente às artérias tireóideas superiores; as veias tireóideas médias drenam a região intermediária aos lobos da tireoide, seguem paralelamente as artérias tireóideas inferiores, mas neste caso, não tem o mesmo trajeto; e as veias tireóideas inferiores, estas independentes, drenam a região inferior da tireoide. Posteriormente, estas seguem para as veias braquiocefálicas e as veias tireóideas superiores e médias para a veia jugular interna.
Drenagem linfática
Sobre a drenagem linfática, os vasos da glândula seguem no tecido conjuntivo interlobular e se comunicam com a rede capsular de vasos linfáticos. A sequência de drenagem ocorre para os linfonodos pré-laríngeos, pré-traqueais e paratraqueais. Os pré-laríngeos drenam para linfonodos cervicais superiores e os pré-traqueais e paratraqueais tem a drenagem para os linfonodos cervicais profundos inferiores.
Inervação tireoidiana
A inervação da tireoide é derivada dos gânglios simpáticos cervicais superiores, médios e inferiores. Estes que atingem a glândula tireoide pelo plexo cardíaco e periarteriais tireóideos superior e inferior e seguem o trajeto das artérias tireóideas. Qual papel dessas fibras nervosas? Elas são vasomotoras, ou seja, causam constrição dos vasos sanguíneos.
SE LIGA! A secreção da glândula tireoide é controlada pelo feedback dos hormônios hipotalâmicos, logo, é incorreto dizer que a irrigação arterial é secretomotora.
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