Confira nesta publicação o que você precisa saber sobre os tipos de transtorno bipolar com base no DSM-5!
O DSM-5 apresenta o transtorno bipolar e transtornos relacionados separadamente dos transtornos depressivos – colocando-o entre os capítulos que abordam os transtornos do espectro da esquizofrenia bem como outros transtornos psicóticos e o capítulo sobre os transtornos depressivos – em consideração ao seu lugar como “ponte” entre essas duas classes diagnósticas, no que se refere à sintomatologia, história familiar e fatores genéticos.
O DSM5 inclui os seguintes diagnósticos de transtorno bipolar:
- tipo I,
- tipo II,
- ciclotímico,
- induzido por substância/medicamento,
- relacionado devido a outra condição médica,
- outro transtorno bipolar e transtorno relacionado especificado, e
- transtorno bipolar e transtorno relacionado não especificado
Transtorno bipolar tipo I
Predomínio da mania ou hipomania em relação à depressão (é chamado de bipolar clássico). A idade de início é em média 18 anos, mas pode se iniciar em fases mais tardias da vida. Dessa forma, em idosos, quadros parecidos falam a favor de demências (na senescência, desinibição sexual ou inadequação social pode representar um transtorno neurocognitivo frontotemporal).
Assim, mais de 90% das pessoas que tiveram um episódio de mania tem episódios recorrentes de humor, raramente são episódios únicos (10%) e comumente se tornam doenças crônicas. Cerca de 60% dos episódios maníacos ocorrem antes de um episódio depressivo que ocorre sequencialmente.
Quando o paciente tem 4 ou mais episódios de humor (depressivo maior, maníaco ou hipomaníaco) por ano -> ciclador rápido (cicla muitas vezes por ano e tem um tratamento mais difícil).
Esse transtorno representa 35% dos suicídios e acarreta prejuízos cognitivos. Para diagnóstico do transtorno bipolar tipo I, tem que ter tido pelos menos 1 episódio maníaco.
Ex: um paciente com 3 episódios depressivos (transtorno depressivo recorrente). Se tiver 1 episódio de mania, o diagnóstico passa a ser transtorno bipolar tipo I.
Características da Mania
- Paciente se envolve em vários projetos ao mesmo tempo, as vezes não relacionadas a sua área, pois tudo parece possível;
- Autoestima inflada, autoconfiança e grandiosidade, com delírios de grandeza;
- Redução da necessidade do sono;
- Fala rápido, alto, difícil de interpretar. Gestos excessivos, pode ter fuga de ideias;
- Hipervigilancia: distração com estímulos exteriores ao foco;
- Impulso, fantasia e comportamento sexual aumentado;
- Aumento da sociabilidade, sem se incomodar com a intrusão ou inadequação;
- Agitação ou inquietação psicomotora (e-mails diversos a amigos, figuras púbicas);
- Gastos excessivos, sexualidade exacerbada, sem censura.
Características da hipomania
- São os sintomas de mania, porém mais atenuados.
- Existe uma mudança clara em relação ao padrão habitual do paciente, percebido por outras pessoas.
- Não é um prejuízo grave a ponto de gerar prejuízo acentuado de funcionamento social ou gerar hospitalizações.
- Se tiver psicose é mania, e não hipomania!
Transtorno bipolar tipo II
Há um predomínio de episódios depressivos em relação aos de hipomania. O paciente nunca apresentou um episódio de mania franca, apenas hipomania, o que, caso houvesse pelo menos um episódio de mania, classificaria o transtorno como bipolar tipo I. Nesse contexto, o paciente preenche os critérios diagnósticos para hipomania e episódio depressivo, seja atual ou anterior.
A impulsividade é um traço comum nesses casos, muitas vezes refletida em tentativas de suicídio e no uso de substâncias psicoativas. O início do transtorno bipolar tipo II ocorre geralmente de forma mais tardia em comparação ao tipo I, por volta dos 25 anos.
Embora, na maioria dos casos, o transtorno se inicie com episódios depressivos, ele também pode começar com outros quadros, como transtornos alimentares, transtornos de ansiedade ou abuso de substâncias. Não há ocorrência de sintomas psicóticos, que estão mais comumente associados aos episódios de mania. Estima-se que cerca de um terço dos pacientes tente suicídio ao longo da vida, e também é frequente o prejuízo cognitivo associado a esse transtorno.

Transtorno ciclotímico
É quando um paciente altera entre períodos de sintomas hipomania e sintomas depressivos, mas, não tem sintomas suficientes para caracterizar um quadro diagnóstico. Não são alterações graves.
Esses sintomas devem permanecer em pelo menos 2 anos (ou 1 ano em crianças), presentes em pelo menos metade do tempo (sintomas depressivos ou hipomaníacos). Para o diagnóstico, não pode permanecer mais de 2 meses sem sintomas. Ocorre prejuízo significativo no funcionamento social e profissional.
Transtorno bipolar induzido por substância ou medicamento
Geralmente há evidências na história, exame físico ou achados laboratoriais de uso de substâncias/medicamentos. Os sintomas ocorrem após intoxicação ou abstinência de substância/ exposição ao medicamento.
Assim, a substância / medicamento em questão pode produzir os referidos sintomas (precisa haver uma lógica entre causa e consequência).
Exemplo: Um paciente que apresentou episódio de mania após o uso de aspirina dificilmente encontra suporte em termos de plausibilidade biológica. Por outro lado, substâncias como corticosteroides e cocaína são reconhecidamente associadas a episódios de mania. Além disso, outras substâncias com potencial relação incluem ciclosporina e anfetaminas.
Transtorno bipolar devido a outra condição médica
Evidências na história, exame físico ou achados laboratoriais que a perturbação é consequência fisiopatológica de uma outra condição.
As condições mais comuns são:
- doença de Cushing,
- esclerose múltipla,
- AVC,
- lesões cerebrais traumáticas (acidentes, TCE).
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Sugestão de leitura
- Guia para realização do exame psíquico na psiquiatria
- Resumo de Psiquiatria completo sobre Transtorno Afetivo Bipolar
- Diagnóstico de Depressão segundo o DSM-5: como identificar?
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