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Traumatismo Raquimedular (TRM): Epidemiologia e tipos de lesão

Traumatismo Raquimedular (TRM): Epidemiologia e tipos de lesão

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Confira um artigo completo que falamos sobre o Traumatismo Raquimedular para esclarecer todas as suas dúvidas. Ao final, confira alguns materiais educativos para complementar ainda mais os seus estudos.

Boa leitura!

Introdução

Pacientes politraumatizados devem sempre ser considerados portadores de trauma raquimedular, mesmo se não apresentarem déficit neurológico. Para tanto, a imobilização adequada deve ser realizada para todos os pacientes, bem como o rolamento em bloco.

A excessiva manipulação e a imobilização inadequada podem gerar lesões neurológicas adicionais e piorar o prognóstico do paciente.

Imagem: Rolamento em Bloco. (A) Enquanto uma pessoa realiza a imobilização cervical outras duas ficam ao lado do paciente, para controlar o corpo e extremidades. (B) Manutenção do alinhamento da coluna enquanto é feito o rolamento. (C) Uma quarta pessoa avalia o dorso enquanto remove a prancha rígida. (D) Reposicionado de forma supina, mantenho o alinhamento e imobilização da coluna. Fonte: Adaptado de ATLS 9ª Ed, 2012.

Epidemiologia do Traumatismo Raquimedular

A incidência do traumatismo raquimedular (TRM) é de 12,7 a 50 pessoas por milhão de pessoas/ano, ocorrendo através de um insulto vertebro-medular que gera alterações temporárias ou permanentes na função motora, na sensibilidade ou na função autonômica do organismo.

Em relação aos níveis medulares mais acometidos, o principal é o cervical, ocorrendo em cerca de 50% dos casos, devido a sua maior exposição e mobilidade, geralmente relacionado a mergulhos em superfícies rasas. O Traumatismo Raquimedular na região cervical pode culminar em morte pela apneia provocada pela lesão dos nervos frênicos.

SAIBA MAIS: O nervo frênico é o primeiro nervo periférico a emergir da coluna cervical.

Em seguida, verifica-se o nível torácico, contabilizando cerca de 29% dos casos, seguido pelo nível lombar (15%) e sacral (4%).

SE LIGA! Devemos lembrar que concomitantemente ao envelhecimento ocorre o processo de enfraquecimento dos ossos, inclusive das vértebras, predispondo à fraturas em níveis mais inferiores, principalmente pelo mecanismo de quedas.

Principais causas do Traumatismo Raquimedular e Perfis

Com relação aos fatores causais, podemos observar os acidentes automobilísticos despontando como a principal causa de Traumatismo Raquimedular, acumulando cerca de 30% dos casos. Nesse âmbito, devemos sinalizar a importância da ejeção, muitas vezes pela não utilização do cinto de segurança, como um mecanismo de trauma frequente.

Em seguida, pode-se observar o acidente por mergulho em água rasa cursando com 21% dos casos de TRM. Verifica-se a queda da própria altura como mecanismo de 20% dos casos, comum principalmente na faixa etária senil. Além disso, os ferimentos por arma de fogo também possuem uma grande responsabilidade no Traumatismo Raquimedular, gerando cerca de 12% dos casos. Por fim, os acidentes esportivos ocorrem em cerca de 2% dos casos.

Cabe ressaltar que o TRM usualmente acomete a população jovem, de 15 a 40 anos, em plena idade produtiva. Sendo assim, gera dependência e diminuição expressiva da qualidade de vida, com um estigma associado muito importante, além do impacto para previdência, sendo portanto uma importante questão de saúde pública.

Sabe-se que o homem é epidemiologicamente mais acometido que a mulher nos mecanismos de trauma, em geral. O TRM não varia dessa observação, acometendo mais homens, em uma proporção de 4 homens a cada 1 mulher.

TRM Primário e Secundário

Cabe aqui a diferenciação entre TRM primário ou secundário. A TRM primária trata-se do insulto inicial, onde a fratura ocorreu. A TRM secundária envolve as lesões secundárias medulares, como o edema medular, a ocorrência de disautonomia, espasticidade, entre outros.

Traumatismo Raquimedular: os tipos de fratura

Existem 3 tipos de fratura: A (Lesões compressivas), B ou C.

Tipo A – Lesões Compressivas

As lesões compressivas nada mais são que o achatamento de vértebras. As lesões do tipo A podem ser classificadas de I a IV.

  • A 1: Fratura em “tear drop”.
  • A 2: Fratura em “Split”, acomete os dois platôs, como uma rachadura. Trata-se de um caso cirúrgico limítrofe, em que se pode adotar medidas conservadoras em alguns casos.
  • A 3: O acometimento do platô superior.
  • A 4: O acometimento de ambos platôs.

Devemos ter em mente a classificação das fraturas para possível indicação cirúrgica. Fraturas A 3 e A 4, com achatamento maior que 50%, são indicativos cirúrgicos.

Imagem: Lesões compressivas (Tipo A). 1: Lesões “em lágrima” (Tear drop). 2: Fratura “em Split”. 3: Acometimento de um platô. 4: Acometimento de ambos platôs. Fonte: Aula SanarFlix

Tipo B – Lesões por Ruptura

  • B 1: Lesão por ruptura anteroposterior.
  • B 2: Lesão por ruptura do platô superior, associada a ruptura ligamentar.
  • B 3: Lesão por ruptura do disco vertebral, associada a ruptura ligamentar total.

Usualmente, as fraturas do Tipo B são abordadas cirurgicamente, justamente pela comum afecção das estruturas ligamentares.

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