Neurologia

Tumores medulares: o que são, epidemiologia e manifestações clínicas

Tumores medulares: o que são, epidemiologia e manifestações clínicas

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Os tumores medulares, juntamente com os tumores cerebrais, representam os dois tipos de tumores do sistema nervoso central (SNC). Os tumores medulares correspondem as massas de células anormais que surgem dentro da medula espinhal ou nos seus arredores, incluindo a coluna vertebral. Podem ser classificados em benignos, quando possuem crescimento mais lento, melhor prognóstico e são passíveis de ressecção completa; ou malignos, que correspondem a massas tumorais cancerígenas que dificilmente conseguem ser ressecadas totalmente.

Esses tumores também podem ser classificados em primários ou secundários. Os tumores medulares primários são aqueles que tem origem diretamente na coluna ou na medula espinhal, enquanto que os tumores secundários correspondem aos tumores metastáticos, ou seja, que tiveram origem em outra região do corpo e acabaram se espalhando para a região da coluna e medula espinhal. Dessa forma, os tumores medulares secundários são sempre malignos.

As repercussões do desenvolvimento do tumor irão depender diretamente da sua localização e de seu ritmo de crescimento. Nesse sentido, o comprometimento do tecido nervoso manifesta-se através do aparecimento progressivo de sinais e sintomas motores e sensitivos nas regiões do segmento que foi afetado. O médico deve estar atento, principalmente, para a presença de red flags, que correspondem aos sinais de alerta que sugerem etiologias de maior gravidade. São esses: dor, sinais motores, alterações sensoriais e alterações esfincterianas. Estes sinais serão abordados detalhadamente mais à frente.

Epidemiologia dos Tumores Medulares

Os tumores malignos primários do SNC correspondem a segunda neoplasia maligna mais comum na infância e são a principal causa de morte por câncer infantil, ultrapassando a mortalidade das neoplasias hematológicas, a exemplo da leucemia linfoblástica aguda. Entretanto, de um modo geral, nas crianças predominam os tumores medulares benignos, enquanto que nos adultos, predominam os tumores medulares malignos.

Os tumores primários da medula espinhal representam menos de 5% de todos os tumores primários do SNC. Assim, quando comparados aos tumores cerebrais, eles representam uma porcentagem relativamente pequena, sendo considerados mais raros.

Os tumores medulares metastáticos são o tipo de lesão maligna da coluna mais comum, representando cerca de 70% de todos os tumores medulares.

Manifestações clínicas dos tumores medulares

As manifestações dos tumores medulares vão se intensificando com o tempo, o que culmina no aparecimento de problemas mais extensos. Nas fases iniciais, principalmente dos tumores benignos, os sinais e sintomas conseguem ser muito bem controlados. Por outro lado, nas fases mais avançadas, sobretudo dos tumores malignos, como o tecido nervoso é destruído, a lesão acaba provocando um quadro clínico de maior gravidade. Vamos entender um pouco desses sinais e sintomas associados aos tumores medulares.

Dor

A dor corresponde ao sintoma mais frequente dos tumores medulares, sejam benignos ou malignos, e geralmente costuma causar despertar noturno. Além disso, pode haver uma exacerbação do sintoma com a realização de alguma atividade. A dor pode se irradiar para outras regiões além do dorso, como quadril, pernas, pés ou braços, e pode piorar com o passar do tempo. Ademais, o quadro álgico pode ser intensificado durante a realização da manobra de Valsalva.

SE LIGA! As metástases intramedulares costumam causar dor mais intensa e limitada ao segmento da coluna acometido. Já os neurinomas, por exemplo, provocam uma dor com componente radicular, ou seja, em todo trajeto da raiz nervosa. Essas informações têm um valor diagnóstico importante e devem ser investigadas na anamnese. 

Sinais motores

No exame físico, o paciente pode apresentar alterações motoras importantes abaixo do nível da lesão, o que permite identificar o provável local de envolvimento do tumor. Na presença de qualquer sinal, é importante investigarmos se o aparecimento foi agudo ou crônico. Os quadros agudos costumam ser caracterizados por paralisias com hiporreflexia e hipotonia, denominadas de paralisias flácidas. Já os quadros crônicos cursam com paralisias com hiperreflexia e hipertonia, denominadas de paralisias espásticas.

HORA DA REVISÃO: A síndrome do neurônio motor superior é caracterizada pela presença de uma paralisia espástica, ou seja, com hipertonia e hiperreflexia, além de diminuição da força, atrofia discreta da musculatura, presença do sinal de Clônus (contrações musculares repetidas após estiramento do tendão de aquiles ou patelar) e sinal de Babinsk positivo (resposta plantar extensora). Por outro lado, a síndrome do neurônio motor inferior é caracterizada por uma paralisia flácida, caracterizada por uma hipotonia e hiporreflexia, bem como fraqueza muscular, atrofia mais acentuada e fasciculações. 

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