Urgência e Emergência

Resumo: ABCDE do Trauma e como conduzir a avaliação

Resumo: ABCDE do Trauma e como conduzir a avaliação

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Entenda claramente o ABCDE do trauma, como realizá-lo no ambiente de emergência e como descrevê-lo. Bons estudos!  

O ABCDE do trauma é uma sistematização seguida em hospitais de todo o mundo. Por isso, é essencial para a prática médica conhecer e saber aplicá-la no ambiente de emergência. 

Um resumo sobre ABCDE do trauma: qual é a sua importância?

O trauma configura uma das principais causas de mortalidade, geralmente decorrente de acidentes automobilísticos e tentativas de homicídios.

A maioria dessas mortes ocorrem no atendimento pré-hospitalar. Por isso é fundamental treinamento para prestar socorro de forma adequada e minimizar as possíveis complicações.

O objetivo do ABCDE do trauma é garantir que o paciente receba cuidados adequados o mais rápido possível. Assim, é possível identificar e tratar as lesões potencialmente fatais. Além disso, ele ajuda a evitar atrasos e erros na prestação de cuidados de emergência.

Considerando isso, o ABCDE do trauma é uma ferramenta vital para a prestação de cuidados na emergência a pacientes de trauma. 

ABCDE do trauma: qual é a sua importância?

A sistematização do atendimento é feita seguindo os passos da avaliação primária: o ABCDE. Cada letra corresponde à um sistema, em ordem do que causa morte do paciente mais rapidamente.

As justificativas para que o ABCDE do trauma seja aplicado em todo o mundo são várias. Dentre elas, a abordagem sistemática proporciona clareza, e garante que toda a avaliação seja realizada. 

O protocolo ABCDE é pensado para ser rápido. Assim, as lesões mais graves podem ser tratadas imediatamente, maximizando as chances de recuperação. 

Análise inicial do trauma: como avaliar a cena e identificar possíveis riscos 

Antes de qualquer coisa, é necessário avaliar a cena para afastar possíveis causas de risco. A segurança do socorrista e da equipe deve ser preservada.

Deve-se sinalizar a rodovia da cena, afastar possíveis fios de alta tensão. Após garantir a segurança da cena, toda a equipe deve estar devidamente paramentada, e só então, aproximar-se para manejo do paciente.

A avaliação da cena também é importante para identificar os mecanismos de lesão. Observe o cenário e procure por pistas que possam indicar o mecanismo de lesão. Por exemplo, se houve um acidente de carro, procure por evidências de impacto ou colisão. Isso pode ajudar a identificar possíveis lesões.

A | ABCDE do trauma: Avaliação das vias aéreas: como avaliar as vias aéreas do paciente

Antes de começar a avaliação, devemos estabilizar a cervical do paciente com suspeita de trauma com alta energia cinética, em que há risco de lesão de coluna.

Inicialmente, faça a estabilização manual, em posição neutra. Em seguida, a colocação do colar cervical deve ser feita, estimando o tamanho adequado. 

abcde trauma
 

Após essa etapa devemos nos apresentar ao paciente e fazer alguma pergunta. Caso o paciente responda, já consideramos que as vias aéreas estão pérvias. Em caso de ausência de respostas devemos realizar as manobras Jaw-Thrust (projeção da mandíbula) e Chin Lift (elevação do mento) para avaliar presença de corpo estranho.

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Após analisar a via aérea com as manobras acima, devemos usar a cânula de Guedel (ou cânula orofaríngea) para manter a via aérea pérvia.

Em alguns casos também pode ser feito ventilação com bolsa-vávula-máscara (AMBU) ou máscara de O2 não reinalante.

Por fim, antes de passar o colar cervical, devemos avaliar o pescoço através da inspeção e palpação para afastar pneumotórax hipertensivo:

  • Traqueia centralizada;
  • Lesões;
  • Enfisema subcutâneo;
  • Estase de jugular;
  • Dor a palpação cervical.

B | ABCDE do trauma: como avaliar a respiração e ventilação do paciente

Nessa etapa da avaliação, devemos avaliar a qualidade ou presença da respiração do paciente. Nesse momento, não objetivamos contabilizar incursões, mas simplesmente qualificá-las

Exponha e observe o tórax do paciente, avaliando se ele respira ou não. Perceba se o tórax se expande de forma simétrica ou se apenas um lado. 

Caso tenha dificuldade para essa observação, vale a pena escutar ou sentir a respiração do paciente. Para isso, apoie sua cabeça no tórax do paciente. Assim, será possível sentir o fluxo de ar saindo da boca ou nariz. 

Observe a cor da pele do paciente, especialmente ao redor dos lábios e das unhas. A falta de oxigênio pode levar a uma coloração azulada (cianose) da pele.

Caso o paciente não esteja respirando, é o momento de ofertar oxigênio à ele. A escalonação da escolha de suporte ventilatório varia a depender das condições clínicas e distância do paciente ao hospital, sendo o caso. Assim, em casos mais graves é necessária uma intervenção mais invasiva, como a intubação endotraqueal, para garantir que o paciente esteja recebendo oxigênio suficiente.

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C | ABCDE do trauma: como avaliar o estado circulatório do paciente 

Nessa etapa devemos identificar choque e manter a circulação avaliando 4 parâmetros: pele, pulso, perfusão e hemorragias (sangramentos externos).

Ainda, deve-se identificar principais locais de sangramento: tórax, pelve, abdome e ossos longos. Em caso de sangramento externo devemos imediatamente pará-lo com compressão direta.

Avalie o tempo de enchimento capilar pressionando o leito ungueal do paciente e observe quanto tempo leva para que a cor volte ao normal. Se demorar mais de 2 segundos, pode indicar má circulação. É importante que seja considerado a condição clínica de base do paciente, como idade avançada ou gestação. Assim, você terá uma avaliação mais fidedigna. 

Para avaliar sangramentos abdominais é utilizado o USG FAST observando a janela subxifóide, hepatorrenal, esplenorrenal e pélvica.

Em caso de identificação de choque devemos realizar reposição volêmica com Ringer Lactato ou Soro Fisiológico. Devem ser instalados dois acesso periféricos calibrosos, e administrar de 500/500mL com SF a 0,9%. 

D | ABCDE do trauma: como avaliar a função neurológica do paciente

Antes mesmo de chegar a essa etapa da avaliação inicial, o avaliador terá uma ideia da função neurológica do paciente. A partir de uma avaliação sistematizada, é possível definir a escala de coma de Glasgow, avaliando: 

  1. Nível de consciência: Verifique se o paciente está acordado e alerta. Se o paciente estiver inconsciente, tente determinar a causa, como lesão na cabeça ou perda de consciência devido a outras razões, como convulsões ou hipoglicemia;
  2. Resposta pupilar: Use uma luz brilhante para avaliar as pupilas do paciente. As pupilas devem estar simétricas em tamanho e responder adequadamente à luz. Se houver uma assimetria ou falta de resposta pupilar, pode ser um sinal de lesão cerebral;
  3. Função motora: Peça ao paciente para movimentar os braços e pernas e observe se há movimentos anormais ou fraqueza muscular;
  4. Sensibilidade: Teste a sensibilidade do paciente, como a capacidade de sentir dor, toque ou pressão, em diferentes partes do corpo;
  5. Fala: Peça ao paciente para falar ou repetir palavras simples. Observe a clareza da fala e a compreensão das palavras;
  6. Observe sinais de lesão na cabeça: Verifique se há sinais de lesão na cabeça, como sangramento, inchaço ou deformidades.

É importante, ainda, que seja verificada a resposta pupilar do paciente. Use uma luz brilhante para avaliar as pupilas do paciente. As pupilas devem estar simétricas em tamanho e responder adequadamente à luz. Se houver uma assimetria ou falta de resposta pupilar, pode ser um sinal de lesão cerebral.

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E | ABCDE do trauma: como expor o paciente para avaliação completa e evitar hipotermia

Essa é a etapa da “exposição” do paciente. Nela, buscaremos lesões ocultas, antes não visualizadas. Nessa etapa, focaremos em uma exploração rápida e objetiva do paciente. 

Inicialmente, devemos remover as roupas do paciente. É importante se atentar para a privacidade do paciente, cobrindo-o com um lençol e não deixando regiões íntimas. 

Verifique se há objetos presos ou alojados no corpo do paciente. Esses objetos podem incluir cintos, joias, capacetes ou pedaços de vidro ou metal. Avalie a pele do paciente em busca de lesões adicionais, como lacerações, hematomas, queimaduras ou fraturas expostas.

Ainda nessa etapa é importante manter o paciente aquecido. A depender da condição do trauma, o paciente  pode sentir frio devido a perda sanguínea e a exposição. 

A monitorização do paciente também deve ser feita. 

 

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Perguntas frequentes

  1. Quais são os principais sinais vitais avaliados durante a avaliação do trauma?
    Os principais sinais vitais avaliados são a frequência cardíaca, a pressão arterial, a respiração e a temperatura.
  2. Qual é a importância da avaliação primária no atendimento ao trauma?
    A avaliação primária é importante para identificar e tratar rapidamente as condições que ameaçam a vida do paciente, como a obstrução da via aérea ou a perda de sangue significativa.
  3. Qual é a primeira coisa a avaliar em um paciente traumatizado?
    A primeira coisa a avaliar é a via aérea do paciente, para garantir que esteja permeável e o paciente possa respirar adequadamente.

Referências 

  1. Advanced Trauma Life Support (ATLS). 10ª edição. 2018.