Clavulin é o nome comercial para o antibiótico composto pela junção entre o amoxicilina e o clavulanato, uma aminopenicilina e um inibidor da beta-lactamase, respectivamente.
Por isso, a diferença básica entre o Clavulin e a Amoxicilina é que o Clavulin associa o clavulanato de potássio (ácido clavulânico) à sua composição para potencializar os efeitos da amoxicilina ao impedir sua degradação pela enzima beta-lactamase.
Esse antibiótico é capaz de tratar uma série de infecções bacterianas do trato respiratório, do trato urinário, algumas infecções de pele, sinusite e outras condições.
Seu uso deve ser realizado com cautela devido a resistência que alguns microrganismos bacterianos possuem, bem como para evitar superdosagem ou uso indiscriminado.
Reunimos aqui um resumo completo sobre o que você precisa saber sobre esse medicamento, como prescrevê-lo e quais os cuidados que devem ser transmitidos aos pacientes referentes ao seu uso.
Vem conferir!
Mecanismo de ação do Clavulin® e o espectro de atividade
O Clavulin faz parte do grupo dos antibióticos do grupo das penicilinas de espectro ampliado, sendo útil no tratamento de infecções bacterianas causadas por bactérias gram-positivas, gram-negativas, produtoras ou não de beta-lactamase.
Algumas das bactérias dentro do espectro de ação do Clavulin são:
Bactérias Gram-positivas (anaeróbias ou aeróbias):
- Staphylococcus aureus;
- Streptococcus pneumoniae;
- Streptococcus pyogenes;
- Bacillus anthracis;
- Listeria monocytogenes;
- Clostridium sp.
- Entre outras
Bactérias Gram-negativas (anaeróbias ou aeróbias):
- Haemophilus influenzae;
- Moraxella catarrhalis;
- Escherichia coli;
- Klebsiella sp;
- Proteus mirabilis;
- Proteus vulgaris;
- Neisseria gonorrhoeae;
- Neisseria meningitidis;
- Bordetella pertussis;
- Salmonella sp;
- Vibrio cholerae;
- Brucella sp;
- Shigella sp;
- Bacteoides sp;
- Entre outras.
Dentre as aminopenicilinas de amplo espectro, a amoxicilina apresenta uma melhor absorção oral. Especificamente o Clavulin pode ter sua absorção favorecida quando administrado no início da refeição.
Esse medicamento é geralmente excretado sem modificações na urina durante as primeiras seis horas após a administração na dose única de comprimido de 500mg.
O componente Amoxicilina do medicamento pode ser detectado no leite materno, sendo importante que sua prescrição seja criteriosa em mulheres que amamentam.
É necessário também sempre confirmar que a paciente em idade fértil não esteja grávida, visto as repercussões de condições como infecções do trato urinário em gestantes.
Indicações clínicas do uso do Clavulin®
De forma geral, não deve se indicar a penicilina em contexto de infecção viral e idealmente só deve ser prescrita quando houver suspeita ou documentação de infecção causada do microrganismo sensível à sua ação.
Contudo, em contextos em que a infecção está muito grave e/ou na ocorrência de instabilidade hemodinâmica devido à infecção, por exemplo, pode-se iniciar o tratamento empírico enquanto aguarda-se o resultado da urocultura.
Se a cultura vier positiva para agentes fora do espectro do medicamento, seu uso deve ser descontinuado.
Quando usar o Clavulin® em casos de infecção do trato urinário?
Diante de quadros de infecção do trato urinário, é preciso lembrar que essas infecções correspondem a uma variedade de condições clínicas que incluem:
- Bacteriúria assintomática;
- Cistite;
- Prostatite;
- Pielonefrite.
Para cada uma dessas situações, o quadro clínico deve ser observado de perto e dados epidemiológicos como sexo e idade podem ajudar a nortear o raciocínio clínico para determinada etiologia.
De forma geral, infecções do trato urinário ocorrem mais em mulher dos que em homens devido a alguns fatores como a própria anatomia visto que a uretra da mulher é mais curta, facilitando o caminho facilitado para microrganismos.
Considerando a cistite não complicada e a pielonefrite não complicada, a Escherichia coli (E. Coli) corresponde a mais de 75% dos casos.
Sendo esse um microrganismo dentro do espectro de ação do Clavulin, o medicamento está indicado para maioria dos casos.
Porém existem dois pontos a observar:
- Resistência de E. coli aos antibióticos;
- O resultado da cultura não deve ser dispensado!
Existem dados que revelam um crescente aumento da resistência da E. Coli aos antibióticos utilizados no tratamento das infecções do trato urinário – o qual inclui o Clavulin. Dessa forma, é preciso verificar se o paciente está evoluindo positivamente ao tratamento com a remissão dos sintomas após início do tratamento.
Embora condições como a cistite não complicada em mulheres possam ser tratadas tendo apenas a história clínica como base, a urocultura deve ser SEMPRE solicitada. Mesmo após o início do tratamento, é preciso confirmar o agente etiológico.
Orientação sobre posologia e administração
A posologia do Clavulin depende do seu público-alvo, podendo ser administrada em adultos ou crianças, cada um desses com posologia específica, as quais vemos abaixo:
- Dose para Adultos: 500/125 mg por 3 ×/dia ou 875/125 mg por 2 ×/dia;
- Dose para Crianças: 20-40 mg/kg/dia em 3 doses.
Esse é um antibiótico que não está indicado para a população neonatal.
Ele pode ser administrado sem considerar os horários das refeições, apesar de ter absorção favorecida quando administrada no início da refeição.
É necessário informar ao paciente como utilizar o medicamento conforme sua apresentação, pois ele pode ser encontrado em formato de comprimidos ou formato de suspensão oral (pó para ser diluído).
Se a apresentação for suspensão oral, o paciente deve ser instruído sobre como ocorre a diluição para evitar uma superdose ou uma dose abaixo do esperado por erro de diluição.
Embora a maioria dos frascos venham com indicações sobre a diluição, é importante instruir o paciente, pois nem todos sabem como fazer o processo e não é incomum, no contexto do Brasil, encontrar aqueles que não saibam ler.
A bula do medicamento possui informações sobre onde manter o medicamento, data de validade e outros dados, mas é obrigação do médico explicar como utilizar o medicamento e a posologia adequada para cada paciente.
Instruções sobre utilizar o medicamento no horário certo e apenas durante o período recomendado são indispensáveis em qualquer contexto, além de pedir que o paciente volte a entrar em contato em caso de reações adversas.
Potenciais reações adversas e riscos com relação a interação medicamentosa
As penicilinas em geral apresentam um bom grau de tolerabilidade por parte dos pacientes. Esse é um ponto que pode incentivar o uso incorreto ou indiscriminado, como apontam alguns autores.
Quando ocorre alguma reação adversa, geralmente essa está vinculada a reações de hipersensibilidade.
No tocante a interações medicamentosas, é válido destacar que o Clavulin pode interferir na eficácia de alguns contraceptivos orais, sendo necessário utilizar outros métodos de contracepção durante seu uso.
Além disso, é importante verificar se o paciente não está utilizando algum outro antibiótico no mesmo período, como as tetraciclinas, pois isso pode diminuir a eficácia de ambos.
Como garantir a adesão do paciente ao tratamento e acompanhar a eficiência da abordagem?
O tratamento de infecções tem como um importante componente a adesão do paciente ao tratamento prescrito e uma observação próxima para monitorar a eficácia da terapia selecionada.
Para isso, são algumas dicas bem práticas para auxiliar na adesão do paciente ao tratamento:
- Escreva as instruções sobre como utilizar o medicamento, incluindo os horários, a dose e o tempo de uso e faça uma leitura acompanhada da receita. Após isso, peça para o paciente explicar como deve proceder.
Dessa forma, caso ele não tenha compreendido, ficará evidente e você será capaz de corrigir o problema.
- Incentive o paciente e informe sobre a importância de seguir todas as recomendações, inclusive quando suspender o medicamento.
- Reforce a importância de não se automedicar e de voltar a entrar em contato caso apresente piora dos sintomas.
- Instrua o paciente a não suspender o medicamento mesmo quando observar a melhora dos sintomas. O medicamento deve ser utilizado pelo tempo prescrito.
Conclusão sobre o uso da medicação
Como vimos, o Clavulin é um antibiótico da classe das penicilinas em associação com o ácido clavulânico, muito utilizado em infecções bacterianas de múltiplos sistemas, como o trato respiratório e o trato urinário.
Seu uso deve ser criterioso e observar fatores como a idade e sexo do paciente, agente etiológico e, obviamente, a história clínica – que precisa estar compatível com infecção bacteriana.
Esse medicamento é bem tolerado pelos pacientes, expondo poucas reações adversas na maioria dos casos e possui uma boa absorção oral.
É preciso se atentar à dose pediátrica e à dose em adultos para evitar superdosagem ou doses muito abaixo do necessário para obter a eficácia do tratamento.
Após seu uso, é necessário monitorar o paciente e atestar que a infecção foi sanada, principalmente no contexto de infecções do trato urinário devido a possibilidade de reincidivas e complicações.
Referências
- RANG, H.P; Dale, M.M. Editora Elsevier, 8a edição, 2016. Farmacologia Clínica.
- SCHATZBERG, Alan F. Manual de psicofarmacologia clínica. 6 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
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- GUYTON, A.C. e Hall J.E.– Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 13ª ed., 2017.
- AIRES, Margarida de Mello. Fisiologia. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019, 1376 p.
- JAMESON, L. J et al. Medicina Interna de Harrison. 20 ed. Porto Alegre: AMGH, 2020.
- GOLDMAN, L; AUSIELLO, D. Cecil Medicina. 23 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
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