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Clavulin no tratamento de infecção do trato urinário: o que preciso saber?

uso do Clavulin no tratamento da infeccao urinaria

Índice

Clavulin é o nome comercial para o antibiótico composto pela junção entre o amoxicilina e o clavulanato, uma aminopenicilina e um inibidor da beta-lactamase, respectivamente.

Por isso, a diferença básica entre o Clavulin e a Amoxicilina é que o Clavulin associa o clavulanato de potássio (ácido clavulânico) à sua composição para potencializar os efeitos da amoxicilina ao impedir sua degradação pela enzima beta-lactamase.

Esse antibiótico é capaz de tratar uma série de infecções bacterianas do trato respiratório, do trato urinário, algumas infecções de pele, sinusite e outras condições.

Seu uso deve ser realizado com cautela devido a resistência que alguns microrganismos bacterianos possuem, bem como para evitar superdosagem ou uso indiscriminado.

Reunimos aqui um resumo completo sobre o que você precisa saber sobre esse medicamento, como prescrevê-lo e quais os cuidados que devem ser transmitidos aos pacientes referentes ao seu uso.

Vem conferir!

Mecanismo de ação do Clavulin® e o espectro de atividade

O Clavulin faz parte do grupo dos antibióticos do grupo das penicilinas de espectro ampliado, sendo útil no tratamento de infecções bacterianas causadas por bactérias gram-positivas, gram-negativas, produtoras ou não de beta-lactamase.

Algumas das bactérias dentro do espectro de ação do Clavulin são:

Bactérias Gram-positivas (anaeróbias ou aeróbias):

  • Staphylococcus aureus;
  • Streptococcus pneumoniae;
  • Streptococcus pyogenes;
  • Bacillus anthracis;
  • Listeria monocytogenes;
  • Clostridium sp.
  • Entre outras

Bactérias Gram-negativas (anaeróbias ou aeróbias):

  • Haemophilus influenzae;
  • Moraxella catarrhalis;
  • Escherichia coli;
  • Klebsiella sp;
  • Proteus mirabilis;
  • Proteus vulgaris;
  • Neisseria gonorrhoeae;
  • Neisseria meningitidis;
  • Bordetella pertussis;
  • Salmonella sp;
  • Vibrio cholerae;
  • Brucella sp;
  • Shigella sp;
  • Bacteoides sp;
  • Entre outras.

Dentre as aminopenicilinas de amplo espectro, a amoxicilina apresenta uma melhor absorção oral. Especificamente o Clavulin pode ter sua absorção favorecida quando administrado no início da refeição.

Esse medicamento é geralmente excretado sem modificações na urina durante as primeiras seis horas após a administração na dose única de comprimido de 500mg.

O componente Amoxicilina do medicamento pode ser detectado no leite materno, sendo importante que sua prescrição seja criteriosa em mulheres que amamentam.

É necessário também sempre confirmar que a paciente em idade fértil não esteja grávida, visto as repercussões de condições como infecções do trato urinário em gestantes.

Indicações clínicas do uso do Clavulin®

De forma geral, não deve se indicar a penicilina em contexto de infecção viral e idealmente só deve ser prescrita quando houver suspeita ou documentação de infecção causada do microrganismo sensível à sua ação.

Contudo, em contextos em que a infecção está muito grave e/ou na ocorrência de instabilidade hemodinâmica devido à infecção, por exemplo, pode-se iniciar o tratamento empírico enquanto aguarda-se o resultado da urocultura.

Se a cultura vier positiva para agentes fora do espectro do medicamento, seu uso deve ser descontinuado.  

Quando usar o Clavulin® em casos de infecção do trato urinário?

Diante de quadros de infecção do trato urinário, é preciso lembrar que essas infecções correspondem a uma variedade de condições clínicas que incluem:

  • Bacteriúria assintomática;
  • Cistite;
  • Prostatite;
  • Pielonefrite.

Para cada uma dessas situações, o quadro clínico deve ser observado de perto e dados epidemiológicos como sexo e idade podem ajudar a nortear o raciocínio clínico para determinada etiologia.

De forma geral, infecções do trato urinário ocorrem mais em mulher dos que em homens devido a alguns fatores como a própria anatomia visto que a uretra da mulher é mais curta, facilitando o caminho facilitado para microrganismos.

Considerando a cistite não complicada e a pielonefrite não complicada, a Escherichia coli (E. Coli) corresponde a mais de 75% dos casos.

Sendo esse um microrganismo dentro do espectro de ação do Clavulin, o medicamento está indicado para maioria dos casos.

Porém existem dois pontos a observar:

  1. Resistência de E. coli aos antibióticos;
  2. O resultado da cultura não deve ser dispensado!

Existem dados que revelam um crescente aumento da resistência da E. Coli aos antibióticos utilizados no tratamento das infecções do trato urinário – o qual inclui o Clavulin. Dessa forma, é preciso verificar se o paciente está evoluindo positivamente ao tratamento com a remissão dos sintomas após início do tratamento.

Embora condições como a cistite não complicada em mulheres possam ser tratadas tendo apenas a história clínica como base, a urocultura deve ser SEMPRE solicitada. Mesmo após o início do tratamento, é preciso confirmar o agente etiológico.

Orientação sobre posologia e administração

A posologia do Clavulin depende do seu público-alvo, podendo ser administrada em adultos ou crianças, cada um desses com posologia específica, as quais vemos abaixo:

  • Dose para Adultos: 500/125 mg por 3 ×/dia ou 875/125 mg por 2 ×/dia;
  • Dose para Crianças: 20-40 mg/kg/dia em 3 doses.

Esse é um antibiótico que não está indicado para a população neonatal.

Ele pode ser administrado sem considerar os horários das refeições, apesar de ter absorção favorecida quando administrada no início da refeição.

É necessário informar ao paciente como utilizar o medicamento conforme sua apresentação, pois ele pode ser encontrado em formato de comprimidos ou formato de suspensão oral (pó para ser diluído).

Se a apresentação for suspensão oral, o paciente deve ser instruído sobre como ocorre a diluição para evitar uma superdose ou uma dose abaixo do esperado por erro de diluição.

Embora a maioria dos frascos venham com indicações sobre a diluição, é importante instruir o paciente, pois nem todos sabem como fazer o processo e não é incomum, no contexto do Brasil, encontrar aqueles que não saibam ler.

A bula do medicamento possui informações sobre onde manter o medicamento, data de validade e outros dados, mas é obrigação do médico explicar como utilizar o medicamento e a posologia adequada para cada paciente.

Instruções sobre utilizar o medicamento no horário certo e apenas durante o período recomendado são indispensáveis em qualquer contexto, além de pedir que o paciente volte a entrar em contato em caso de reações adversas.

Potenciais reações adversas e riscos com relação a interação medicamentosa

As penicilinas em geral apresentam um bom grau de tolerabilidade por parte dos pacientes. Esse é um ponto que pode incentivar o uso incorreto ou indiscriminado, como apontam alguns autores.

Quando ocorre alguma reação adversa, geralmente essa está vinculada a reações de hipersensibilidade.

No tocante a interações medicamentosas, é válido destacar que o Clavulin pode interferir na eficácia de alguns contraceptivos orais, sendo necessário utilizar outros métodos de contracepção durante seu uso.

Além disso, é importante verificar se o paciente não está utilizando algum outro antibiótico no mesmo período, como as tetraciclinas, pois isso pode diminuir a eficácia de ambos.

Como garantir a adesão do paciente ao tratamento e acompanhar a eficiência da abordagem?

O tratamento de infecções tem como um importante componente a adesão do paciente ao tratamento prescrito e uma observação próxima para monitorar a eficácia da terapia selecionada.

Para isso, são algumas dicas bem práticas para auxiliar na adesão do paciente ao tratamento:

  1. Escreva as instruções sobre como utilizar o medicamento, incluindo os horários, a dose e o tempo de uso e faça uma leitura acompanhada da receita. Após isso, peça para o paciente explicar como deve proceder.

Dessa forma, caso ele não tenha compreendido, ficará evidente e você será capaz de corrigir o problema.

  1. Incentive o paciente e informe sobre a importância de seguir todas as recomendações, inclusive quando suspender o medicamento. 
  2. Reforce a importância de não se automedicar e de voltar a entrar em contato caso apresente piora dos sintomas.
  3. Instrua o paciente a não suspender o medicamento mesmo quando observar a melhora dos sintomas. O medicamento deve ser utilizado pelo tempo prescrito.

Conclusão sobre o uso da medicação

Como vimos, o Clavulin é um antibiótico da classe das penicilinas em associação com o ácido clavulânico, muito utilizado em infecções bacterianas de múltiplos sistemas, como o trato respiratório e o trato urinário.

Seu uso deve ser criterioso e observar fatores como a idade e sexo do paciente, agente etiológico e, obviamente, a história clínica – que precisa estar compatível com infecção bacteriana.

Esse medicamento é bem tolerado pelos pacientes, expondo poucas reações adversas na maioria dos casos e possui uma boa absorção oral.

É preciso se atentar à dose pediátrica e à dose em adultos para evitar superdosagem ou doses muito abaixo do necessário para obter a eficácia do tratamento.

Após seu uso, é necessário monitorar o paciente e atestar que a infecção foi sanada, principalmente no contexto de infecções do trato urinário devido a possibilidade de reincidivas e complicações.

Referências

  • RANG, H.P; Dale, M.M. Editora Elsevier, 8a edição, 2016. Farmacologia Clínica.
  • SCHATZBERG, Alan F. Manual de psicofarmacologia clínica. 6 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
  • KATZUNG, B. G. et al. Farmacologia básica e clínica. 13. ed. – Porto Alegre: AMGH, 2017.
  • GUYTON, A.C. e Hall J.E.– Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 13ª ed., 2017. 
  • AIRES, Margarida de Mello. Fisiologia. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019, 1376 p.
  • JAMESON, L. J et al. Medicina Interna de Harrison. 20 ed. Porto Alegre: AMGH, 2020.
  • GOLDMAN, L; AUSIELLO, D. Cecil Medicina. 23 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

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