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Diabetes Gestacional: o que é e como diagnosticar | Colunistas

Diabetes Gestacional: o que é e como diagnosticar | Colunistas

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A Diabetes Gestacional é um tema muito relevante, pois tem uma prevalência importante no Brasil e pode gerar complicações para a mãe e para o bebê. Por isso, vamos abordar, neste artigo, a definição, epidemiologia, fatores de risco e como fazer o diagnóstico dessa doença, a fim de estarmos mais preparados para receber, tranquilizar e conduzir as pacientes.

O que é Diabetes Gestacional?

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) define Diabetes Gestacional como: “a intolerância aos carboidratos diagnosticada pela primeira vez durante a gestação e que pode ou não persistir após o parto”. A Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia – FEBRASGO- acrescenta, ainda, que os níveis glicêmicos dessa mulher não devem atingir uma glicemia em jejum maior ou igual a 126 mg/dl e um TOTG após 2h maior ou igual a 200mg/dl, critérios esses que descrevem a diabetes melitus na gestação, também chamada de “overt diabetes”.

Caso a mulher tenha diagnóstico prévio de algum tipo de diabetes, como DM1, DM2, síndromes diabéticas monogênicas, por exemplo, ela tem DM antes da gestação ou DM pré-gestacional. Esses são termos importantes de hiperglicemia na gestação que contribuem para definir o tratamento e a conduta dessa gestante.

Epidemiologia da DMG

A Diabetes gestacional é a alteração metabólica mais comum na gestação e mundialmente, a cada seis partos, um é feito em mulher com algum tipo de hiperglicemia, sendo que desses, 84% são diabetes gestacional.

A Organização Pan-Americana da Saúde, junto com o Ministério da Saúde, a FEBRASGO e a SBD, concordam que a estimativa da prevalência da Diabetes Gestacional, no Brasil, são conflitantes, mas adotam uma porcentagem de aproximadamente 18% para a prevalência dessa doença no Sistema Único de Saúde. Sendo que nas duas últimas décadas houve aumento progressivo do número de mulheres com esse diagnóstico, em idade fértil como consequência do crescimento populacional, do aumento da idade materna, sedentarismo e aumento da prevalência de obesidade.

Conhecendo os fatores de risco

Os fatores de risco para Diabetes Gestacional são:

  • Idade: quanto maior a idade, maior o risco;
  • Antecedentes Familiares de DM em parentes de primeiro grau;
  • Antecedentes obstétricos: polidrâmnio, macrossomia, duas ou mais perdas gestacionais prévias, malformações fetais, óbito fetal ou neonatal sem causa determinada e diabetes gestacional anterior;
  • Antecedentes pessoais: HBA1C maior ou igual a 5,7%, acantose nigricans, hipertensão arterial sistêmica, síndrome dos ovários policísticos, medicamentos hiperglicemiantes, doença cardiovascular aterosclerótica e hipertrigliceridemia.

Apesar de algumas literaturas aprovarem o rastreamento seletivo baseado nos fatores de risco, a FEBRASGO afirma que esses fatores não devem ser utilizados para rastreamento, pois o diagnóstico deve ser universal, ou seja, não devem ser entendidos como necessários estar presentes para iniciar o rastreio para DMG.

Diagnosticando a Diabetes Mellitus Gestacional

Apesar de mais de 50 anos de estudo ainda não há consenso quanto ao rastreamento e diagnóstico. No Brasil, há um consenso nacional, que leva em conta dois pontos relevantes, a viabilidade financeira e disponibilidade técnica de cada região.

Por isso, segue 2 tabelas que mostram como fazer esse diagnóstico de maneira correta:

Figura1: Diagnóstico de DMG em situação de viabilidade financeira e disponibilidade técnica total.
Figura 2: Diagnóstico de DMG em situação de viabilidade financeira e/ou disponibilidade técnica parcial.

Conclusão

A Diabetes Mellitus Gestacional é uma doença que precisa ser diferenciada dos outros tipos que foram abordados acima, para que a conduta e o tratamento sejam eficazes. Sendo que, independente dos fatores de risco, toda gestante deve ter garantida a possibilidade de diagnóstico de DMG, já que a utilização desses fatores para rastreamento tem baixa sensibilidade. Sendo que, o exame TOTG de 75g é o que tem maior sensibilidade e especificidade. Além disso, apesar de não haver um consenso acerca do rastreamento e diagnóstico dessa doença, no Brasil, se adota um, que é baseado na viabilidade financeira e na disponibilidade técnica.


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


Referências

Rastreamento e diagnóstico de Diabetes Mellitus Gestacional no Brasil : https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/pdf/diabetes-gestacional-relatorio.pdf

Diabetes Mellitus Gestacional: diagnóstico, tratamento e acompanhamento pós-gestação: https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/pdf/diabetes-gestacional/001-Diretrizes-SBD-Diabetes-Gestacional-pg192.pdf

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