Dermatologia

Doenças superficiais e cutâneas causadas por fungos

Doenças superficiais e cutâneas causadas por fungos

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Doenças superficiais e cutâneas causadas por fungos: tudo o que você precisa fazer para sua prática clínica!

As doenças infecciosas causadas por fungos são conhecidas como micoses. Os fungos são organismos eucarióticos que podem infectar a pele, unhas, cabelos, mucosas e órgãos internos.

A ocorrência e distribuição dessas doenças podem depender de fatores como o tipo de fungo envolvido, a região geográfica, as condições ambientais e a suscetibilidade do hospedeiro.

Quais as principais doenças infecciosas causadas por fungos?

As doenças infecciosas causadas por fungos, conhecidas como micoses, podem afetar diversas partes do corpo humano. Os fungos, organismos eucarióticos, encontram ambientes propícios para se desenvolver na pele, unhas, cabelos, mucosas e órgãos internos.

Entre as principais doenças fúngicas, destacam-se:

  • Candidíase
  • Tineas
  • Histoplasmose
  • Criptococose
  • Aspergilose
  • Blastomicose

O que são micoses?

As micoses de pele são infecções causadas por fungos, seres estes pertencentes ao reino fungi. Se caracterizam por serem eucariontes, ou seja, possuem núcleo organizado, com uma membrana nuclear que o separa do citosol, e por sua membrana celular que possui quitina. Os fungos possuem duas formas de apresentação:

  • Leveduriformes: Fungos unicelulares, que se reproduzem por brotamento e causam as micoses profundas.
  • Filamentosos: Hifas multicelulares, que se reproduzem por meio de esporos e causam as micoses superficiais. Este tipo de fungo está espalhado pelo ambiente, como: cogumelo, shitake, shimeji, bolor.

Os diferentes tipos de fungo acometem a pele em diferentes profundidades, causando doenças específicas.

Classificação das micoses

As micoses podem ser classificadas entre:

  • Superficiais e cutâneas
  • Subcutâneas e profundas

Observe a classificação de cada micose:

Fonte: SanarFlix

Micoses superficiais e cutâneas

As principais doenças superficiais e cutâneas são:

  • Ptiriase versicolor
  • Piedras
  • Tineas
  • Candidíase

Pitiríase versicolor

Também conhecida como “pano branco”, a pitiríase versicolor é causada pelo Malassezia furfur, um fungo que produz ácido azelaico. Este, por sua vez, é responsável por inibir a formação de melanina na pele, o que gera as lesões características da pitiríase versicolor: máculas de diversas colorações, principalmente brancas, mas podendo ter tons diferentes de rosa. 

Máculas brancas (à esquerda) e rosadas (à direita) características de pitiríase versicolor.

Clinicamente, observa-se que estas máculas brancas ou rosadas são confluentes, prevalecem em regiões sebáceas (dorso, região esternal) e possuem descamação furfurácea ao teste de Zileri (descamação mais evidente ao realizar o estiramento da pele lesional).

Como fazer o diagnóstico da pitiríase versicolor?

O diagnóstico é clínico, mas para confirmação pode ser utilizado também:

  • A lâmpada de Wood, com a qual a lesão adquire coloração amarelo-prateada
  • O exame micológico direto com hidróxido de potássio (KOH) a 5%, em que é realizada a raspagem da lesão, o material é colocado na lâmina, pinga-se a solução de KOH e, no mesmo momento, já se observa a lâmina.

No exame micológico direto de lesões causadas pela Malassezia, observa-se a presença de blastoconídios em cachos e hifas septadas curtas e curvas.

Presença de hifas curtas e curvas e blastoconídios em cacho (400x).

Entretanto, geralmente, não é comum o uso destes métodos diagnósticos.

Tratamento

O tratamento consiste em antifúngicos tópicos, como o ciclopirox olamina (spray ou creme a 1%), 2 aplicações por dia, por 14 a 28 dias. Como alternativas, há ainda o fenticonazol (spray a 2%) e a terbinafina (spray a 1%), ambos de mesma posologia.

Mas, quando a lesão é mais difusa ou o paciente é imunocomprometido, é mais recomendado o uso de antifúngicos sistêmicos, como o itraconazol (100 mg/comprimido), 2 comprimidos via oral, por 5 a 7 dias.

Piedras negra e branca

Piedra negra e piedra branca são duas condições fúngicas que afetam o cabelo humano, resultando na formação de nódulos ou “pedras” nas hastes capilares. Ambas as condições são causadas por fungos específicos e apresentam características distintas.

A piedra negra é causada pelo fungo Piedraia hortae. Ela leva à formação de pequenos nódulos escuros, geralmente de cor preta ou marrom, nas hastes do cabelo. Esses nódulos são compostos principalmente de hifas fúngicas e detritos celulares. A piedra negra geralmente afeta os pelos do couro cabeludo, barba, bigode e pelos pubianos. É mais comum em regiões tropicais e subtropicais.

Por outro lado, a piedra branca é causada pelo fungo Trichosporon spp., geralmente Trichosporon ovoides ou Trichosporon inkin. A piedra branca resulta na formação de nódulos brancos ou amarelados nas hastes do cabelo. Esses nódulos são compostos principalmente por células fúngicas. A piedra branca afeta principalmente os pelos do couro cabeludo e, ocasionalmente, os pelos axilares e pubianos. É mais comum em regiões de clima temperado e úmido.

Como fazer o tratamento das piedras?

O tratamento consiste no corte de cabelo, associado ao uso de antifúngico tópico, como o cetoconazol (shampoo a 2%). Este deve ser aplicado sobre as hastes, promovendo espuma abundante e o enxague só deve ser realizado 10 minutos depois.

Este procedimento deve ser repetido 3 vezes por semana, por 2 a 4 semanas.

Tineas

As tineas, também conhecidas como dermatofitoses, são infecções fúngicas da pele, cabelo ou unhas causadas por fungos do gênero Trichophyton, Microsporum ou Epidermophyton.

Esses fungos se alimentam de queratina, uma proteína presente na pele, cabelos e unhas, o que lhes permite se proliferar nessas regiões. As tineas podem afetar várias partes do corpo e apresentam sintomas característicos.

Manifestações clínicas das tineas

Os sintomas das tineas variam de acordo com a área afetada. Alguns dos tipos mais comuns de tineas incluem:

  1. Tinea pedis (pé de atleta): É uma infecção fúngica que afeta os pés, especialmente os espaços entre os dedos. Os sintomas incluem coceira intensa, vermelhidão, descamação da pele, fissuras e bolhas. Pode ocorrer mau odor e dor.
  2. Tinea corporis (micose de corpo): Afeta a pele do corpo, causando manchas circulares vermelhas e com bordas elevadas. Essas lesões podem coçar, descamar e crescer com o tempo.
  3. Tinea cruris (micose da virilha): Essa tinea ocorre na área da virilha e afeta principalmente homens. Apresenta-se como uma erupção cutânea vermelha e coceira na virilha, nas dobras da pele e na região genital.
  4. Tinea capitis (micose do couro cabeludo): Afeta o couro cabeludo e os cabelos. Pode causar descamação, coceira, queda de cabelo em áreas circulares e a formação de crostas.
  5. Tinea unguium (onicomicose): É uma infecção fúngica das unhas. As unhas afetadas se tornam descoloridas, engrossadas, quebradiças e podem se separar do leito ungueal.

Tratamento das tineas

O tratamento das tineas geralmente envolve a aplicação de medicamentos antifúngicos tópicos, como cremes, loções, sprays ou pomadas, na área afetada.

Em casos mais graves ou quando a infecção é resistente, pode ser necessário o uso de medicamentos antifúngicos orais.

Candidíase

A candidíase, causada pelo fungo Candida, pode ocorrer na boca (sapinho), nos órgãos genitais, na pele e nas unhas. Os principais sintomas são:

  • Coceira
  • Vermelhidão
  • Dor
  • Secreção

Formas de candidíase

Existem diferentes tipos de candidíase, dependendo da área afetada:

  • Candidíase oral: É caracterizada pela presença de manchas brancas ou amareladas na boca, língua, gengivas e garganta. Pode causar desconforto, dor e dificuldade na alimentação e na deglutição.
  • Candidíase genital: A candidíase vaginal é a forma mais comum dessa infecção. Pode causar coceira intensa, vermelhidão, inchaço, dor durante a relação sexual e corrimento vaginal anormal, que pode ser branco e espesso.
  • Candidíase cutânea: Afeta a pele em áreas como dobras cutâneas, regiões úmidas e áreas com lesões pré-existentes. Pode ocorrer vermelhidão, coceira, descamação, formação de crostas e lesões com bordas bem definidas.
  • Candidíase balanoprepucial: Acomete a glande e o prepúcio em homens não circuncidados. Pode causar vermelhidão, inchaço, coceira, dor e secreção.
  • Candidíase esofágica: É uma infecção do esôfago, que pode ocorrer em pessoas com sistema imunológico enfraquecido. Causa dor ao engolir, dor torácica e dificuldade alimentar.

Tratamento da candidíase

O tratamento da candidíase geralmente envolve o uso de medicamentos antifúngicos, como cremes, loções, comprimidos orais ou supositórios vaginais, dependendo da área afetada.

Em alguns casos, pode ser necessário tratar as infecções subjacentes ou corrigir os fatores de risco que contribuem para o crescimento excessivo de Candida.

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Referências bibliográficas

  • MINISTÉRIA DA SAÚDE. Micoses Endêmicas. Disponível em: . Acesso em 17 de Julho de 2023.

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