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Doenças Vasculares Renais: tire todas as suas dúvidas!

Doenças Vasculares Renais: tire todas as suas dúvidas!

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As doenças vasculares renais, como o próprio nome diz, correspondem a um conjunto de doenças caracterizadas pelo acometimento de vasos responsáveis pelo suprimento ou drenagem sanguínea dos rins.

Dentro das doenças vasculares renais existem aquelas que vão acometer vasos menores, como os vasos intrarrenais, e vasos maiores, como é o caso da artéria e veia renal. Antes de abordarmos as doenças em si, vamos revisar brevemente a anatomia e vascularização renal.

Anatomia Renal

Macroscopicamente, o parênquima renal é dividido em duas regiões: o córtex, que corresponde a região mais externa, e a medula, que é a região mais interna. A camada medular é formada por estruturas cônicas, chamadas de pirâmides de Malpighi, cuja base está localizada no limite do córtex com a medula. Cada estrutura desta, associada ao tecido cortical adjacente, forma um lobo renal.

Os vértices dessas pirâmides correspondem as papilas renais, que vão se abrir nos cálices menores, que por sua vez, confluem-se formando os cálices maiores. A confluência dos cálices maiores forma a pelve renal, que corresponde a uma extensão superior do ureter.

Imagem sobre a Estrutura interna do rim

Imagem: Estrutura interna do rim. Fonte: Gray’s Anatomy for Students 4ed (adaptado)

Quanto ao suprimento sanguíneo, podemos considerar o rim como um órgão bastante vascularizado. Cada rim recebe, através do seu hilo, a artéria renal, que é um ramo direto da aorta abdominal. Assim que entra no parênquima, a artéria renal se ramifica em artérias interlobares, que seguem entre as pirâmides de Malpighi.

As artérias interlobares, por sua vez, dão origem as artérias arqueadas, e essas se ramificam em artérias interlobulares, que vão percorrer todo o córtex renal. Das artérias interlobulares surgem pequenos vasos chamados de arteríolas aferentes.

As arteríolas aferentes dão origem a vários ramos que irão se enovelar formando o glomérulo. Após se enovelarem, esses ramos se confluem e formam a arteríola eferente, que deixa o glomérulo. A arteríola eferente, por fim, emite os vasos retos, que vão ser responsáveis por irrigar a medula renal.

A drenagem venosa renal ocorre de maneira semelhante a vascularização, porém seguindo o trajeto contrário. Assim, as veias interlobulares drenam para veias arqueadas, que por sua vez, tributam nas veias interlobares. As veias interlobares se unem para formar a veia renal, que corresponde a uma tributária da veia cava inferior.

Doenças Vasculares Renais

Agora que entendemos como funciona a vascularização dos rins, vamos abordar as suas principais doenças vasculares.

Imagem de uma tabela sobre as principais doenças vasculares renais.

Começando pelas doenças que acomete os médios vasos, temos:

Estenose da Artéria Renal

A estenose da artéria renal corresponde a uma causa importante de hipertensão renovascular, que por sua vez, é a segunda causa mais comum de hipertensão secundária, perdendo apenas para a doença parenquimatosa renal. As repercussões clínicas, geralmente, costumam surgir quando há obstrução de mais de 60% do lúmen da artéria.

SAIBA MAIS: A hipertensão secundária é aquela que é provocada pela presença de alguma doença de base, como a doença renovascular. Nesses casos, a hipoperfusão renal leva a ativação de mecanismos compensatórios na tentativa de manter uma taxa de filtração glomerular (TFG) adequada. Um desses mecanismos corresponde a liberação de renina pelo rim. A renina estimula a conversão do angiotensinogênio em angiotensina I, que por sua vez, é convertida pela enzima conversora de angiotensina (ECA) em angiotensina II. A angiotensina II, além de ser um potente vasoconstritor, estimula a liberação de aldosterona, que ao promover retenção de sódio e água, potencializa o efeito hipertensivo. O resultado então, é uma hipertensão arterial sistêmica, secundária a doença renovascular. 

A maioria dos casos de estenose da artéria renal é unilateral, ou seja, apenas um dos rins é acometido. Nessas situações, o rim funcionante contralateral impede o surgimento de uma insuficiência renal. Porém, algumas pessoas podem apresentar quadros mais graves, com estenoses bilaterais ou ainda estenose do único rim funcionante, como nos casos de indivíduos nefrectomizados ou com agenesia renal. Nesses casos, é comum o surgimento da nefropatia isquêmica, que corresponde a perda progressiva da TFG.

Existem alguns achados clínicos que podem levantar a suspeita de hipertensão secundária à doença renovascular. São eles:

  • Desproporção do tamanho renal, com um dos rins apresentando uma assimetria ≥ 1,5 cm;
  • Hipertensão grave refratária a terapia anti-hipertensiva, com episódios recorrentes de edema agudo de pulmão;
  • Hipertensão em pacientes com menos de 30 anos e histórico familiar negativo;
  • Início de hipertensão grave após os 55 anos de idade;
  • Hipertensão associada a insuficiência renal.

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