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Exame físico Osteoarticular: prática clínica | Colunistas

Exame físico Osteoarticular: prática clínica | Colunistas

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O exame físico osteoarticular é parte importante no atendimento médico, em todos os níveis de atenção à saúde: na medicina de família à emergência. Neste texto, abordaremos aspectos relevantes a serem analisados durante a consulta.

A busca por atendimento clínico é motivada por um processo saúde-doença, em que o foco do profissional deve ser de identificar o fator, criar condições que favoreçam uma melhor interação com o paciente em um ambiente adequado, observando fatores culturais e utilizando linguagem compreensível, sem excesso de termos técnicos, compreendendo as expectativas e anseios do paciente.

Anamnese

  Estabelecer uma boa relação médico-paciente é fundamental para formular hipóteses diagnósticas e propor terapêutica adequada para o paciente, de acordo com sua realidade socioeconômica, desenvolver práticas de promoção de saúde e assim melhorar sua qualidade de vida.

Primeiro a Identificação do paciente: nome completo, sexo, idade, cor, naturalidade e procedência, estado civil e profissão.

Queixa principal

 Registro dos sintomas com a duração, caracterizar de acordo com a linguagem do paciente, pois deve ser observado a influência dos fatores culturais do meio em que o paciente está inserido.

História da moléstia atual

 Organizar a história clínica do paciente: caracterizando o sintoma, localização, sensação, início, tempo de duração, frequência, intensidade, relação com outras queixas, fatores agravantes e atenuantes.

 Relatar busca de atendimentos, uso de medicações e exames complementares realizados anteriormente realizando uma evolução e questionando sobre a situação atual.

Antecedentes pessoais

 Questionar sobre comorbidades (doenças crônicas: Hipertensão, Diabetes), medicamentos de uso contínuo, alergias medicamentosas, hábitos e condições de vida, cirurgias, traumatismos e internações prévias.

Antecedentes familiares

Investigar a existência de doenças hereditárias: neoplasia, coagulopatias.

Hipóteses diagnósticas

 Após a entrevista clínica, de acordo com os dados já pode haver direcionamento da hipótese diagnóstica: o sexo feminino é mais frequente na APS com queixa de dor osteomuscular, sendo mais acometido por doenças reumatológicas: fibromialgia, artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico.

 A profissão indica presença de doença ocupacional por esforço repetitivo. A duração demonstra se o sintoma é crônico (> 6 semanas) ou agudo. Presença de sinais flogísticos como dor, rubor e calor indica infecção, ou a queixa tem origem inflamatória. A região acometida, sendo bem localizado ou generalizada. Dessa forma, o diagnóstico é mais específico e evita o excesso de exames complementares.

Exame físico

O objetivo do exame físico é analisar a região acometida, interpretar as manifestações como articulares e não articulares. Buscar sintomas gerais como: fadiga, mal-estar, perda de peso, perturbações do sono e sintomas de doenças sistêmicas. Além de buscar por sinais de alerta como: febre, perda de peso, distúrbios visuais, perda de sensibilidade e perda de função motora.

  Inicialmente deve ser realizada inspeção minuciosa, palpação em busca de dor, calor, abaulamentos, edema, tumefação articular. Especificar localização: região bem localizada, ou difusa, ou acomete várias articulações (denominada poliarticular). À palpação demonstra instabilidade devido à presença de crepitações – sensação vibratória durante a movimentação articular.

 O aumento do volume articular pode ser devido edema de partes moles, excesso de líquido sinovial. Durante a movimentação, avaliar limitação de movimento, mobilidade e amplitude, além do alinhamento e simetria, sempre comparando com o lado contralateral. Pode haver nódulos de Bouchard devido crescimento de osteófitos, calcificações em articulações interfalangianas proximais, nódulos de Heberden em articulações interfalangianas distais em pacientes acometidos pela Osteoartrite, uma doença articular degenerativa.

Avaliar força motora em 5 pontos: 0 paralisia total; 1 contração muscular visível; 2 movimento ativo com eliminação da gravidade; 3 movimento ativo contra gravidade; 4 movimento ativo contra resistência; 5 força normal. Além do tônus muscular, se há alguma atrofia muscular, ou contratura.

 ESCALA DE FORÇA MOTORA

0Paralisia total
1Contração muscular visível
2Movimento ativo com eliminação da gravidade
3Movimento ativo contra gravidade
4Movimento ativo contra resistência
5Força normal

Coluna vertebral

                Avaliar postura, curvatura fisiológica, assimetrias, mobilidade, palpar tumorações e processos espinhosos e movimentação. A coluna cervical realiza flexão, extensão, rotação direita e esquerda(60º) e lateralidade esquerda e direita (30º). A coluna torácica realiza flexão e extensão, lateralidade esquerda e direita, rotação direita e esquerda. Coluna lombar realiza flexão, extensão, rotação esquerda e direita, lateralidade esquerda e direita.

                Manobra de Spurling: realizar compressão e lateralização no local em que o paciente refere dor, sobre a coluna cervical.

                Manobra de Laségue: O paciente em decúbito dorsal realiza elevação do Membro inferior, sem dobrar o joelho, a um ângulo de 30º com o plano horizontal. Se o paciente referir dor exacerbada, o teste positiva para a presença de radiculopatias devido à compressão radicular.

 Exames complementares

                Devem ser solicitados para confirmar uma hipótese diagnóstica, busca de doenças degenerativas, doenças crônicas através de marcadores inflamatórios de fase aguda: VHS, proteína C reativa, além do hemograma. Além disso, os exames radiológicos são extremamente úteis na investigação de distúrbios articulares, inflamação crônica, traumatismos.

            Conclusão

                Sendo assim, a anamnese e exame físico são a parte inicial de uma investigação para a hipótese diagnóstica e busca de uma terapia medicamentosa e ações de promoção de saúde que tenham como objetivo melhorar a qualidade de vida do paciente.

Autora: Iole Freire

@iolechristinne

https://www.instagram.com/iolechristinne/

O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.

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Referências

Semiologia do aparelho osteomuscularhttps://petmedsobral.wixsite.com/site/osteomuscular

Aparelho locomotor https://semiologiamedica.ufop.br/aparelho-locomotor

Saúde do trabalhador e da trabalhadora no Brasil https://www.researchgate.net/profile/Tamaro-Mendes/publication/348630398_Capitulo_14_Mudancas_e_Perspectivas_do_Trabalho_no_Seculo_XXI_teletrabalho/links/6008414c45851553a058ab30/Capitulo-14-Mudancas-e-Perspectivas-do-Trabalho-no-Seculo-XXI-teletrabalho.pdf#page=25

Silva, Nízio Antônio; Montandon, Ana Carolina de Oliveira e Silva; Cabral, Michelle Vasconcellos. Doenças osteoarticulares degenerativas periféricas. einstein. 2008; 6 (Supl 1):S21-S8 Disponivel em http://apps.einstein.br/revista/arquivos/PDF/750-Einstein%20Suplemento%20v6n1%20pS21-28.pdf

HARRISON, Medicina interna de. 18 ed.Porto Alegre, AMGH, 2013. V.2 p 2854-2862

Porto, CelmoCeleno. Exame clínico. 8 ed – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.