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Segundo a nova diretriz da Organização Mundial da Saúde (OMS), cada trabalho de parto e nascimento são únicos e a duração de sua primeira etapa ativa varia de uma mulher para outra.
O parto é um processo fisiológico e natural que pode ser vivenciado sem complicações pela maioria das mulheres e bebês. Geralmente, um primeiro trabalho de parto não se estende além de 12 horas e trabalhos subsequentes não se estendem além de 10 horas.
Nas últimas semanas de gestação, o corpo materno sofre algumas alterações para possibilitar o nascimento do bebê.
Parto e o trabalho de parto: como é caracterizado e quais as fases
O parto é caracterizado pelas contrações mioepiteliais que provocam a dilatação cervical e a expulsão do feto.
Nesse sentido, o trabalho de parto é o estágio de estimulação que possibilita esse nascimento, sendo dividido em:
- Dilatação;
- Expulsão;
- Dequitação ou segundamento.
Dilatação
Esse estágio inicia-se com as primeiras contrações dolorosas, que têm a finalidade de promover a modificação da cérvix uterina até atingir uma dilatação de 10cm. Essas modificações abrangem dois fenômenos:
Esvaecimento cervical: incorporação do colo à cavidade uterina, terminando com a formação de um degrau ao centro da abóbada cérvica;
Dilatação propriamente dita: ampliação do canal de parto, completando a continuidade entre útero e vagina.
Vale lembrar que esses fenômenos podem ocorrer de forma distinta; a mulher pode ser primípara ou multípara, e, nesse último, normalmente os fenômenos ocorrem de forma simultânea.
A dilatação cervical é dividida em:
Fase latente: normalmente dura 8 horas e apresenta contrações mais eficazes, levando em consideração a coordenação e intensidade, contudo não determinam modificações significativas na dilatação cervical, sendo a dilatação nessa fase em tomo de 0,35cm/h;
Fase ativa: inicia com dilatação cervical de 4cm e dura em média 6horas nas primíparas, sendo a dilatação entre 1,2cm/h e 1,5cm/h dependendo da paridade.
Friedman divide essa fase em três subdivisões que propiciam a dilatação e são capazes de modificar mais acentuadamente a cérvix:
- Aceleração: em que a velocidade de dilatação começa a modificar-se;
- Aceleração máxima: quando a dilatação passa de 2 a 3 cm para 8 a 9 cm;
- Desaceleração: que precede a dilatação completa.
Expulsão
Após a dilatação completa, o útero se mantém imobilizado pela ação dos ligamentos largo (lateralmente), redondo (superiormente) euterossacro (posteriormente).
Assim, como consequências das contrações involuntárias miometriais e voluntárias dos músculos abdominais – também denominada puxo –o feto sai pelo canal de parto.
Nesse período, a descida do polo cefálico é classificada em fase cefálica e pélvica, levando em consideração os planos de De Lee.
- Fase cefálica: quando a apresentação se encontra acima do plano +3 de De Lee;
- Fase pélvica: apresenta a cabeça rodada e em um plano inferior a +3 de De Lee.
Dequitação
Em virtude da diminuição do volume uterino depois da expulsão fetal, associada às contrações uterinas vigorosas e indolores, o útero expele a placenta e as membranas através do canal de parto, exteriorizando-as pela rima vulvar.
O descolamento placentário pode ser classificado em:
- Descolamento central ou de Baudelocque-Schultze: esse tipo é o mais frequente, em que a face placentária visualizada pela rima vulvar é a face fetal;
- Descolamento periférico ou de Baudelocque-Duncan: quando o descolamento começa lateralmente, sendo a face materna a primeira face placentária visualizada na rima vulvar. Esse tipo é menos comum e tem escoamento de sangue antes da total expulsão da placenta.
Eventos importantes na primeira hora de parto
A primeira hora do parto ou primeira hora do puerpério é também denominada de quarto período de Greenberg, que se inicia após a dequitação. Esse momento é de extrema importância, uma vez que há ocorrência de fenômenos para estabilização materna. Dentre eles:
- Miotamponamento: primeira linha de defesa contra a hemorragia, em que a contração do útero causa oclusão dos vasos miometriais;
- Trombotamponagem: é a segunda linha de defesa contra a hemorragia, quando o estágio de contração fixa do útero ainda não foi alcançado. Caracteriza-se pela formação de trombos nos grandes vasos uteroplacentários;
- Indiferença uterina: é caracterizada por contração e relaxamento das fibras miometriais;
- Contração fixa: o útero adquire maior tônus e assim se mantém auxiliando no retomo do útero ao estado pré-gravídico.
Cuidados recomendados no trabalho de parto
Em 2018, a Organização Mundial da Saúde publicou “Intrapartum care for a positive childbirth experience”, contendo algumas recomendações para os cuidados durante o trabalho de parto e parto. Dentre elas, há cuidados estabelecidos desde o processo de nascimento até cuidados no puerpério. Algumas dessas recomendações estão no quadro abaixo:



Recomendação de leitura complementar
Nesse contexto de recomendações e cuidados, é importante salientar que ainda há um cuidado desrespeitoso e não digno que persiste em muitas unidades de saúde, violando os direitos humanos e afastando as mulheres de um sistema de saúde que as empodere e permita suas escolhas.
Dessa forma, tendo em vista o cenário de busca por um parto humanizado o colunista Marcel Áureo escreveu o artigo “Parto: Um desafio para humanização” para o blog da SanarMed.
Autoria: Paula Mendes
Instagram: @mendees.p
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O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.
