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O crânio é uma estrutura óssea rígida e inelástica (hermeticamente fechada), possuindo um volume sempre constante, formado por: encéfalo, sangue e líquor. Logo, o aumento em algum desses elementos pode causar um aumento na pressão desse compartimento, a chamada Hipertensão Intracraniana (HIC).
O equilíbrio encontrado entre os elementos intracranianos, promovendo uma pressão dentro dos valores da normalidade (entre 5 – 15 mmHg), é explicado pela Doutrina de Monro-Kellie.
Imagem: Esquematização da Doutrina de Monro-Kellie.
Definição da Esquematização da Doutrina de Monro-Kellie
Definição da Hipertensão Intracraniana (HIC)
A hipertensão intracraniana é definida como aumento da pressão intracraniana (PIC) acima de 20 – 22 mmHg após um intervalo de 10 minutos ou por medidas seriadas maiores que 22 mmHg em qualquer intervalo de tempo. Sabe-se que quanto maior for a PIC, maior é a morbidade e mortalidade.
Etiologia da Hipertensão Intracraniana
A hipertensão intracraniana é um sintoma que está presente em várias condições médicas. As possíveis etiologias são divididas em dois grandes grupos: causas neurológicas e causas não neurológicas. Dentro das causas neurológicas, encontram-se: aneurisma roto, acidente vascular cerebral, cisto de aracnoide, contusões cerebrais, encefalopatia hipertensiva, hemorragia subaracnoide, hematoma subdural, hematoma extradural, hidrocefalia etc.
Quanto as condições não neurológicas, merecem destaque: o abuso e dependência de opioides, cetoacidose diabética, encefalopatia hepática aguda, edema cerebral pós-cirúrgico, hiponatremia, obesidade mórbida e trombose traumática de veias jugulares.
Fisiopatologia da HIC
O metabolismo encefálico depende fundamentalmente de oxigênio e glicose. O volume de sangue direcionado para o encéfalo corresponde a 14% do débito cardíaco, aproximadamente 700mL/min, sendo que desse total, 15% está no leito arterial, 40% no leito venoso e 45% na microcirculação. O encéfalo representa 2% do peso corporal e consome cerca de 20% do oxigênio do organismo.
O líquido cefalorraquidiano (LCR) constitui 10% do volume intracraniano e seu volume, em todo o sistema nervoso, é de aproximadamente 150 mL, dos quais 20 – 30 mL estão no interior dos ventrículos e o restante está nos espaços subaracnóideos intracraniano e raquidiano.
O fluxo sanguíneo cerebral (FSE) é igual a diferença entre a pressão de perfusão encefálica e a resistência vascular encefálica. A pressão de perfusão cerebral é definida como a diferença entre a pressão arterial ao nível das artérias carótidas internas e vertebrais ao atravessarem a dura-máter, e a pressão ao nível das veias jugulares, ou seja, é a diferença entre a pressão arterial média e a pressão intracraniana. Esse fluxo depende de quatro fatores: PIC, condições da parede vascular, viscosidade sanguínea e calibre dos vasos cerebrais.
SE LIGA! Caso a PIC se iguale com a PAM, ocorrerá uma interrupção do fluxo sanguíneo cerebral.
SE LIGA! Estudos mostram que o FSE se mantém constante, apesar de grandes variações na PA média (entre 50 – 170 mmHg). Aceita-se que, quando há redução na pressão de perfusão cerebral abaixo de 50 mmHg, ocorre queda no FSE, o que sugere que exista um mecanismo de autorregulação pelo qual o FSE se mantém estável.
O espaço intracraniano é considerado invariável em volume e o seu conteúdo é praticamente incompressível. O aumento do volume de um dos componentes da cavidade intracraniana ou o aparecimento de um processo expansivo determina o deslocamento dos seus constituintes naturais para que a PIC se mantenha inalterada. Quando o novo volume acrescentado é maior do que a possibilidade de deslocamento de líquido, há aumento da PIC, levando a hipertensão intracraniana.
VOCÊ SABIA? Acredita-se que o volume acrescentado pode ocupar até 8 – 10% do espaço intracraniano, sem que haja aumento da PIC.
Quando um determinado volume é acrescido ao conteúdo normal da cavidade intracraniana há, de início, diminuição do espaço subaracnóideo periencefálico seguida de redução das cavidades ventriculares por diminuição do LCR. Posteriormente, caso essa medida não seja suficiente, há uma diminuição do volume sanguíneo e, finalmente, se não for suficiente, há redução do parênquima encefálico por compressão e atrofia.
Vele lembrar que o tempo de instalação desse novo volume influencia na capacidade de acomodação dele, pois em situações com aumento lento, permite que os mecanismos compensatórios sejam utilizados de forma efetiva, porém nos aumentos agudos, a utilização desses mecanismos não é adequada, acarretando no desequilíbrio precoce da relação volume/pressão intracraniana.