Medicina da Família e Comunidade

Infecção por rotavírus: principais causas, diagnóstico e tratamento

Infecção por rotavírus: principais causas, diagnóstico e tratamento

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Entenda a infecção por rotavírus, suas causas e diagnóstico, além da melhor condução do tratamento do seu paciente! Bons estudos!

A infecção por rotavírus é muito comum no atendimento de atenção primária. Devido a sua relevância clínica, é fundamental que o médico esteja familiarizado com seu diagnóstico e, em especial, o tratamento mais adequado.

O que é o rotavírus?

O rotavírus é um vírus de RNA da família Reoviridae, do gênero Rotavírus. Quando não tratada adequadamente, a rotavirose pode evoluir para complicações graves, até mesmo podendo culminar em morte.

Os rotavírus são classificados em grupos, subgrupos e sorotipos. O genoma dos rotavírus é composto por 11 genes de RNA, sendo identificados até o momento 7 grupos (A-G). Ocorrendo em diversas espécies de animais, os grupos mais comuns no homem são o A, B e C.

Dentre os grupos A, B e C, o grupo A é o mais comum e melhor caracterizado que conhecemos. Por predominar na natureza, foram desenvolvidos kits diagnósticos comerciais, o ELISA, sobre o qual falaremos melhor adiante.

Sendo conhecido como o agente viral mais importante, o rotavírus é muito associado às doenças diarreicas agudas. Como a maior repercussão da rotavirose, a preocupação especial com as crianças leva a comunidade médica a recomendar uma série de cuidados para esse grupo.

Epidemiologia da infecção por rotavírus

Como comentamos, a infecção por rotavírus é muito comum. Por isso, estima-se que todas as crianças de até 5 anos tenham, pelo menos, 1 episódio da infecção.

A preocupação da saúde pública brasileira com a infecção por rotavírus já implantação de rede de laboratórios em 8 estados e no DF, para o seu estudo. Certamente, esses estudos contribuíram imensamente com o desenvolvimento de vacinas para a doença, como comentaremos adiante.

Embora seja mais preocupante dentre as crianças, a infecção por rotavírus também ocorre em adultos. Apesar disso, costumam ser muito mais brandas nesse grupo etário.

Como ocorre a transmissão do rotavírus?

Por ser um vírus associado à enteroviores, o rotavírus tem como forma de transmissão a via fecal-oral.

Essa transmissão pode ter um contato direto, ou seja, pessoa-pessoa, ou indireto, por meio de alimentos, água contaminada ou fômites. Nas fezes de crianças contaminadas, o rotavírus é encontrada em grande abundância, mesmo após a resolução da diarreia.

Evolução da infecção por rotavírus

O período de incubação do vírus é de 1 a 3 dias. Embora as diarreias sejam um sintoma precoce e muito comum em todas as infecções por rotavírus, a eliminação do vírus pelas fezes pode iniciar até mesmmo antes desse sintoma.

Com o passar dos dias, essa excreção aumenta, passando a ser maior no 3º e 4º dias. Como uma doença geralmente autolimitada, os sintomas costumam cessar no 10º dia desde o começo.

Sintomas da infecção por rotavírus

Geralmente, o que sugere para a equipe médica a possibilidade de juma rotavirose são os episódios repentinos de vômito. Esse sintoma é muito comum, especialmente dos 6 meses aos 2 anos de idade.

Somado a eles, o paciente pode apresentar febre alta e diarreia, com aspecto mais aquoso. Apesar de ser mais incomum, o quadro pode ser até mesmo assintomático, em especial nos primeiros 4 meses de vida do bebê.

Em casos mais graves da infecção por rotavírus, por outro lado, podemos encontrar ainda a desidratação.

Infecção de rotavírus e a diarreia: o que saber

A diarreia é uma das doenças mais comuns em crianças em todo o mundo. Como comentamos, o rotavírus ganha o protagonismo dentre a doença, sendo o agente viral mais associado à ela.

Além disso, as diarreias por rotavírus são descritas como a principal causa de surtos de diarreia nosocomial, principalmente em creches e pré-escolas.

Diagnosticando a infecção por rotavírus

Diagnosticar o rotavírus envolve a análise das fezes do paciente, identificando a presença do vírus nas fezes.

Pensando no período de excreção do vírus, os melhores dias para realizar o exame diagnóstico é entre o 1º e o 4º dia após início dos sintomas.

O diagnóstico diferencial para o rotavírus é do Norovírus e Adenovírus.

Diagnóstico laboratorial na infecção por rotavírus: qual exame realizar?

O método de maior disponibilidade para a detecção do rotavírus nas fezes é por ELISA.

Em pesquisas sobre a doença, também são empregadas técnicas como a microscopia eletrônica, PCR e cultura. Sendo uma infecção recente, ainda podemos identificar o aumento de títulos anticorpos IgG e IgM, por ELISA.

O ELISA usa a técnica imunoenzimática. Outras técnicas são a pesquisa da partícula viral por técnica de eletroorese em gel de poliacrilamida (PAGE). Essa técnica permite a detecção  dos diferentes grupos de rotavírus, e reação em cadeia de polimerase (PCR), para a genotipagem (VP4 – tipos P; VP7 – tipos G; VP6 – grupos).

Como tratar a infecção por rotavírus?

Considerando a possibilidade de desidratação intensa na infecção por rotavírus, a reposição de líquidos é um dos tratamentos mais urgentes.

Para reestabelecer o estado volêmico do paciente, não apenas o líquido, mas os minerais são necessários. A reposição deve estar de acordo com o manejo das doenças diarreicas agudas, segundo o MS. Para isso, é preciso enquadrar o paciente dentre as etapas A, B ou C.

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Estratificação dos pacientes com diarreia aguda.
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Planos A e B.
Plano C.

Vacina contra rotavírus: o que saber sobre ela?

Como comentamos, na década de 1980 houve uma grande mobilização da saúde pública brasileira para o estudo do rotavírus. Ela se justificava pela alta incidência na população infantil que, muitas vezes, culminava no óbito devido a desidratação pela diarreia.

Pensando nisso, em 2006 foi lançada a vacina contra o rotavírus humano G1P1[8] no Brasil, para crianças menores que 6 meses.

O Ministério da Saúde define que o esquema de vacinação contra o rotavírus deve seguir da seguinte forma:

  • Duas doses via oral
    • 1ª dose: aos 2 meses;
    • 2ª dose: 4 meses, após 30 dias desde a 1ª dose.
infecção por rotavírus
Bebê de 2 meses tomando a vacina do rotavírus.

Apesar de ser uma vacina extremamente importante para a população infantil, existem contraindicações. Algumas delas são:

  • Imunodeficiência;
  • Uso de imunossupressores;
  • Tratamento com quimioterápicos;
  • História de doença gastrointestinal crônica;
  • Má-formação congênita do trato digestivo não corrigida;
  • História de invaginação intestinal;
  • Hipersensibilidade a algum componente vacinal.

Prevenção da infecção por rotavírus: como orientar o paciente?

Considerando que a transmissão do rotavírus é pela via fecal-oral, algumas medidas de prevenção devem ser adotadas e explicadas ao paciente, como:

  • Lavar as mãos após utilizar o banheiro;
  • Lavar e desinfetar superfícies, assim como os utensílios de cozinha;
  • Evitar o uso de águas de poço, rios e cacimbas. Sendo necessário o seu uso, recomenda-se ferver a água;
  • Caso não seja possível o uso de privadas, enterrar as fezes;
  • Lavar os alimentos com água limpa;
  • Armazenar a água limpa em recipientes de boca estreita, evitando contaminação.

Além de todas essas medidas, é evidente que a administração da vacina contra o rotavírus se faz extremamente importante em sua prevenção.

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Perguntas frequentes

  1. Qual é a relevância clínica do rotavírus no Brasil?
    A infecção por rotavírus é a maior causadora de diarreia aguda no Brasil, especialmente na infância.
  2. Como se dá a transmissão do rotavírus?
    A transmissão do rotavírus ocorre pela via fecal-oral, através de alimentos e água contaminada.
  3. O diagnóstico da infecção por rotavírus é feito de que maneira?
    Por meio de testes laboratoriais que detectem a presença do vírus nas fezes do paciente, como o ELISA.

Referências

  1. Rotavírus. Ministério da Saúde.
  2. Diarrhea and rotavirus. Technical Institutional Reports. Instituto Adolfo Lutz e Centro de Vigilância Epidemiológica ”Professor Alexandre Vranjac”.
  3. Outbreak of diarrhea by rotavirus in Bom Jesus city, Piauí State. Telma Maria Evangelista de Araújo.
  4. Exame laboratorial Rotavírus. Ministério da Saúde.