Nefrologia

Insuficiência renal aguda e crônica: sintomas, diagnóstico e tratamento

Insuficiência renal aguda e crônica: sintomas, diagnóstico e tratamento

Compartilhar
Imagem de perfil de Carreira Médica

Insuficiência renal aguda e crônica: tudo o que você precisa saber para sua prática clínica!

A insuficiência renal, também conhecida como doença renal crônica (DRC), é uma condição médica na qual os rins não conseguem desempenhar sua função adequadamente, resultando na incapacidade de filtrar os resíduos e o excesso de líquidos do sangue.

Isso leva ao acúmulo de toxinas no organismo e a distúrbios no equilíbrio de eletrólitos e fluidos.

Epidemiologia da insuficiência renal

A insuficiência renal crônica é uma doença com alta prevalência no Brasil. Estima-se que cerca de 10% da população brasileira possa ter algum grau de doença renal crônica.

No entanto, é importante ressaltar que uma proporção significativa desses casos pode estar subdiagnosticada ou não diagnosticada.

Insuficiência renal aguda (IRA)

A insuficiência renal aguda é caracterizada por uma rápida e abrupta diminuição na função renal, ocorrendo em um curto espaço de tempo, geralmente em questão de horas a alguns dias. Essa condição é frequentemente associada a um declínio significativo na taxa de filtração glomerular (TFG), que é a medida da capacidade dos rins de filtrar o sangue.

As causas da insuficiência renal aguda são variadas e podem incluir:

  • Lesão renal aguda: danos aos rins causados por falta de fluxo sanguíneo adequado, toxinas, medicamentos nefrotóxicos ou infecções graves
  • Insuficiência circulatória: Baixa pressão arterial, choque ou desidratação que afetam o fluxo sanguíneo para os rins
  • Obstrução do trato urinário: Bloqueio que impede o fluxo normal de urina dos rins para a bexiga
  • Efeitos adversos de medicamentos: Alguns medicamentos podem prejudicar diretamente a função renal

Quais as manifestações clínicas da insuficiência renal aguda?

A insuficiência renal aguda (IRA) pode se manifestar com uma variedade de sintomas e sinais clínicos, que geralmente ocorrem de forma repentina e podem variar em gravidade.

As manifestações clínicas da IRA podem ser leves, moderadas ou graves, dependendo da causa subjacente, da extensão do dano renal e da capacidade do organismo em compensar a perda da função renal. As manifestações clínicas mais comuns da insuficiência renal aguda são:

  • Alterações na diurese: o primeiro sinal clínico da IRA pode ser uma diminuição significativa na produção de urina, conhecida como oligúria. Em casos mais graves, pode ocorrer anúria
  • Retenção de líquidos e edema: devido à redução na capacidade dos rins em excretar fluidos, os pacientes com IRA podem desenvolver edema (inchaço) nas pernas, tornozelos e em outras partes do corpo
  • Distúrbios eletrolíticos: desequilíbrios nos níveis de eletrólitos no sangue, como hipercalemia (aumento do potássio), hiponatremia (diminuição do sódio) e acidose metabólica.
  • Fadiga e fraqueza: ocorre devido acumulação de produtos metabólicos e a retenção de toxinas podem causar fadiga e fraqueza generalizadas nos pacientes.
  • Alterações neurológicas: em casos graves, a insuficiência renal aguda pode causar confusão mental, desorientação e até mesmo coma
  • Aumento da pressão arterial: Em certos casos, a pressão arterial pode elevar-se devido à retenção de líquidos e desequilíbrio de substâncias reguladoras da pressão

Insuficiência renal crônica

A Insuficiência Renal Crônica (IRC) é uma condição médica em que os rins perdem gradualmente sua capacidade de funcionar adequadamente durante um longo período de tempo. É uma doença progressiva e irreversível que pode levar a sérias complicações se não for devidamente tratada.

A IRC é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo.

Causas de insuficiência renal crônica

Existem várias causas subjacentes que podem levar ao desenvolvimento da insuficiência renal crônica. Algumas das principais causas incluem:

  • Diabetes mellitus: é uma das principais causas de IRC. A alta glicemia crônica danifica os pequenos vasos sanguíneos dos rins, prejudicando sua função ao longo do tempo
  • Hipertensão arterial: a pressão arterial elevada pode danificar os glomérulos, que são as unidades de filtragem dos rins, levando à insuficiência renal crônica
  • Doenças renais inflamatórias: algumas doenças renais inflamatórias, como a glomerulonefrite, podem causar danos progressivos aos rins
  • Doença renal policística: uma condição genética em que cistos se formam nos rins, prejudicando gradualmente sua função
  • Obstrução do trato urinário: a obstrução prolongada pode causar danos irreversíveis aos rins e levar à insuficiência renal crônica
  • Uso prolongado de medicamentos nefrotóxicos: alguns medicamentos podem ser tóxicos aos rins se usados ​​por longos períodos
  • Outras condições: como doenças autoimunes, doenças vasculares e doenças metabólicas, também podem contribuir para a IRC.

Quais as manifestações clínicas da insuficiência renal crônica?

A insuficiência renal crônica pode ser assintomática em seus estágios iniciais e muitas vezes os sintomas só aparecem quando a função renal está significativamente comprometida. Alguns sintomas comuns da IRC incluem:

  • Fadiga e fraqueza: a acumulação de resíduos metabólicos pode causar fadiga e fraqueza
  • Alterações na diurese: pode ocorrer aumento da frequência urinária ou oligúria
  • Edema: a retenção de líquidos pode causar inchaço nas pernas, tornozelos ou rosto
  • Anemia: a produção reduzida de eritrócitos pode levar à anemia
  • Distúrbios eletrolíticos: desequilíbrios nos níveis de eletrólitos, como potássio e sódio
  • Náuseas e vômitos: acúmulo de resíduos tóxicos pode causar náuseas e vômitos
  • Prurido: acúmulo de toxinas na pele pode levar a coceira

Como fazer o diagnóstico da insuficiência renal?

O diagnóstico da Insuficiência Renal Aguda (IRA) envolve uma avaliação médica cuidadosa, que inclui uma combinação de:

  • História clínica detalhada
  • Exame físico
  • Exames laboratoriais
  • Em alguns casos, exames de imagem

História clínica detalhada

Deverão ser feitas perguntas sobre:

  • Sintomas do paciente
  • Histórico médico pregresso
  • Medicamentos em uso
  • Condições de saúde pré-existentes
  • Cirurgias recentes
  • Exposição a toxinas ou medicamentos nefrotóxicos
  • Outros fatores que podem estar relacionados à insuficiência renal aguda.

Exame físico

O exame físico pode fornecer informações importantes sobre:

  • Estado geral do paciente
  • Pressão arterial
  • Sinais de retenção de líquidos
  • Edema
  • Batimentos cardíacos irregulares
  • Outros sinais relevantes.

Exames laboratoriais

Devem ser solicitados exames como:

  • Creatinina e ureia: os níveis séricos de creatinina e ureia são frequentemente medidos. A creatinina é um produto de resíduos que normalmente é eliminado pelos rins, e seu acúmulo no sangue é um indicador de possível disfunção renal
  • Eletrólitos: os níveis de sódio, potássio, cálcio, fósforo e outros eletrólitos são avaliados para verificar o equilíbrio eletrolítico
  • Gasometria arterial: pode ser solicitada para avaliar o equilíbrio ácido-base no sangue.

Além disso, a estimativa da taxa de filtração glomerular é essencial para diagnosticar a insuficiência renal aguda e classificá-la em estágios de acordo com sua gravidade.

Exames de Imagem

Em alguns casos, podem ser solicitados exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética, para avaliar a anatomia dos:

  • Rins
  • Ureteres
  • Bexiga

Exames de Urina

Podem ser solicitados:

  • Exame de Urina (urina tipo 1): pode revelar a presença de proteínas, sangue, células e outros elementos que podem ser indicativos de danos nos rins.
  • Proteinúria e Albuminúria: exames específicos podem medir a quantidade de proteínas, incluindo a albumina, na urina, ajudando a identificar lesões renais específicas.

Biopsia Renal (em casos selecionados)

Em situações mais complexas ou quando a causa da IRA não é evidente, uma biopsia renal pode ser indicada para obter uma amostra do tecido renal para análise microscópica.

Como é feito o tratamento da insuficiência renal?

O tratamento da insuficiência renal depende do tipo e estágio da doença, além das necessidades e condições específicas de cada paciente.

O objetivo principal do tratamento é retardar a progressão da doença, controlar os sintomas, melhorar a qualidade de vida e prevenir complicações.

Tratamento conservador

Se a insuficiência renal for causada por condições como diabetes ou hipertensão, o controle rigoroso dessas doenças é essencial para retardar a progressão da insuficiência renal.

Além disso, uma dieta equilibrada e controlada em proteínas, sódio, potássio e fósforo é frequentemente recomendada para evitar o acúmulo de toxinas e prevenir complicações metabólicas.

Medicamentos

É possível prescrever medicamentos para controlar a pressão arterial, reduzir a proteinúria, tratar distúrbios metabólicos e corrigir desequilíbrios eletrolíticos.

Em estágios avançados, podem ser prescritos medicamentos para estimular a produção de eritropoetina.

Terapia de Substituição Renal

A diálise é um procedimento que visa filtrar o sangue de resíduos e excesso de fluidos quando os rins não conseguem mais fazê-lo adequadamente. Existem duas formas principais de diálise:

  • Hemodiálise: realizada em uma clínica de diálise
  • Diálise peritoneal: realizada em casa

O transplante renal é uma opção para alguns pacientes com insuficiência renal crônica terminal. Um rim saudável de um doador vivo ou falecido é transplantado para o paciente com IRC para substituir a função renal comprometida.

Conheça o Yellowbook perfeito para te ajudar na emergência!

A emergência é um ambiente onde profissionais de saúde precisam tomar decisões rápidas e precisas, o que requer amplo preparo, conhecimento e confiança para realizar procedimentos e diagnósticos. Nesse contexto, o “Yellowbook Fluxos e Condutas: emergências” é uma ferramenta essencial para estudantes em estágio na faculdade ou para profissionais que atuam nessa especialidade.

O livro oferece um guia passo a passo para a assistência sequencial e contínua ao paciente, abrangendo uma ampla variedade de emergências médicas. Seus fluxogramas são valiosos recursos que fornecem orientações claras sobre como lidar com situações emergenciais, permitindo que o profissional atue de forma rápida e precisa.

Além disso, o Yellowbook contém um bulário com informações detalhadas sobre prescrição de medicamentos, diluição de drogas, posologias, principais nomes comerciais e contraindicações, oferecendo um suporte adicional para o atendimento adequado ao paciente.

[Adquirir Yellowbook Fluxos e Condutas: Emergências]

Referências bibliográficas

  • BARROSO, W. K. S. et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. ABC Cardiol, v. 116, n. 3, p. 516-658.
  • BRASIL. Cadernos de Atenção Básica: Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica (n° 35). Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 162 p. ISBN 978-85-334-2114-1.
  • BRASIL. Diretrizes clínicas para o cuidado ao paciente com doença renal crônica – DRC no sistema. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 
  • BRASIL. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Imunossupressão em Transplante Renal. Brasília: Ministério da Saúde/Conitec, 2020.

Sugestão de leitura complementar