Cardiologia

MONABCH: conduta terapêutica básica inicial para IAM na emergência

MONABCH: conduta terapêutica básica inicial para IAM na emergência

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Você conhece o mnemônico MONABCH? Ele diz respeito ao tratamento inicial básico ao paciente com Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). Saiba mais!

O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é uma condição em que ocorre a interrupção do fluxo sanguíneo para uma parte do músculo cardíaco, conhecido como miocárdio, geralmente devido à obstrução de uma artéria coronária que irriga o coração. Isso leva à morte das células do músculo cardíaco, o que pode resultar em danos permanentes ao coração.

IAM com supra ST

O IAM com supra ST é uma forma mais grave de infarto agudo do miocárdio, que é caracterizada por um elevação do segmento ST no eletrocardiograma (ECG). Essa elevação indica que há uma obstrução total de uma artéria coronária, resultando em uma lesão extensa do músculo cardíaco.

Os sintomas do IAM com supra ST podem incluir dor no peito intensa e prolongada, que pode ser acompanhada:

  • Náuseas;
  • Vômitos;
  • Sudorese;
  • Falta de ar;
  • Sensação de desmaio.

É uma emergência médica que requer atendimento imediato, uma vez que pode levar a complicações graves, incluindo arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca e até mesmo morte.

Conduta básica inicial

Um paciente que se apresenta com dor torácica na emergência deve ser avaliado precocemente, de forma ideal, em até 10 minutos. Após a realização do eletrocardiograma, todos os pacientes com IAM com supra de segmento ST devem ser submetidos à conduta terapêutica básica inicial, salve contraindicações a alguma das condutas.

A conduta se baseia na sigla MONABCH:

  • Morfina: um analgésico opioide utilizado para aliviar a dor intensa;
  • Oxigênio: um gás essencial para a respiração e oxigenação do sangue, utilizado em pacientes com falta de ar ou hipoxemia;
  • Nitrato: um medicamento utilizado para dilatar as artérias coronárias e melhorar o fluxo sanguíneo para o coração, reduzindo a dor e outros sintomas de um IAM;
  • AAS: um anti-inflamatório não esteroide (AINE) que pode ser utilizado para prevenir a formação de novos coágulos sanguíneos
  • Beta-bloqueador: um medicamento que pode ser utilizado para reduzir a frequência cardíaca e diminuir a demanda de oxigênio do coração, melhorando a circulação sanguínea e reduzindo a dor em pacientes com infarto agudo do miocárdio.
  • Clopidrogrel: um antiagregante plaquetário que pode ser utilizado para prevenir a formação de novos coágulos sanguíneos
  • Heparina: um anticoagulante que pode ser utilizado para prevenir a formação de novos coágulos sanguíneos

Confira cada um deles abaixo:

MONA

A primeira parte do tratamento consiste em administrar:

A morfina

A morfina é altamente indicada no paciente com IAM devido ao seu efeito vasodilatador, reduzindo a resistência vascular periférica, pré e pós-carga do ventrículo esquerdo.

Além disso, apresenta potente efeito analgésico sobre o SNC, reduzindo a dor e ansiedade do paciente.

A dose inicial de morfina deve ser 2 a 4 mg, IV.

O oxigênio

A oxigenioterapia deve ser utilizada para aumentar a saturação de oxigênio e assim limitar a lesão miocárdica isquêmica, visto que haverá uma maior oferta para as células miocárdicas, consequentemente reduzindo a intensidade de elevação do segmento ST.

Seu fornecimento deverá ocorrer através de cateter nasal, com fluxo de 2 a 4 l/min.. Havendo uma hipoxemia moderada, deve-se utilizar máscara de O2, com fluxo de5 a 10 l/min.

Os nitratos

Os nitratos devem ser administrados devido a sua importante ação vasodilatadora, que reduz a dor isquêmica associada à isquemia coronariana e à área de infarto.

 Inicialmente, a dose utilizada deve ser 5 a 10 (X) g/min, via endovenosa, em bomba de infusão contínua.

AAS

Finalmente, o AAS (Ácido acetilsalisílico) deve ser utilizado para impedir a agregação plaquetária, a reoclusão coronariana e a recorrência de eventos após a terapia fibrinolítica por inibir irreversivelmente a ciclooxigenase e, consequentemente, a produção de tromboxano A2.

Deve-se administrar AAS a todos os pacientes na admissão, podendo ser administrado antes da realização do ECG e manter seu uso contínuo indefinidamente.

A dose inicial deve ser 200mg via oral e a dose de manutenção deve ser 100mg/dia via oral após almoço.

BCH – betabloqueadores, clopidogrel e heparina

Estudo recentes identificaram a redução da mortalidade de pacientes com IAM que recebem associado ao MONA, β-bloqueadores, clopidogrel e heparina. Assim, adicionando o sufixo BCH à sigla, MONABCH.

Betabloqueadores

O principal objetivo do uso de β-bloqueadores é causar a redução da frequência cardíaca, buscando manter uma FC de, aproximadamente, 60 bpm. 

Sua utilização rotineira deve ser feita por via oral, no paciente estável, mantendo-a após a alta hospitalar.

Clopidogrel

Semelhante ao AAS, o clopidogrel é, também, um antiagregante plaquetário, porém, seu efeito é devido à sua ação antagonista do receptor da adenosina.

Heparina

Por fim, pela heparina ser um anticoagulante, seu uso é feito visando como meta atingir um tempo de coagulação ativado (TCa) de, pelo menos, 300 segundos.

Vale ressaltar que, durante o uso da heparina não fracionada, é importante a monitoração da contagem do número de plaquetas, assim como os valores de hemoglobina e o hematócrito.

Ainda, ressalta-se que as doses desses últimos medicamentos variam de acordo com o paciente e a classe medicamentosa utilizada.

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Autor:

  • Liga Acadêmica de Medicina Intensiva – LAMINT

Sugestão de leitura complementar:

Assista ao vídeo

Referência:

  1. Paciente critico: Diagnostico e tratamento: Hospital Sírio-Libanês / Guilherem Schettino et al. – 2. ed. – Barueri, SP: Manole,2012